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Este foi o oitavo mês consecutivo em que o desalento cresceu a uma velocidade superior a 20% no país.
De um ano para cá, mais de um milhão de brasileiros desistiram de procurar emprego.
Alguns porque buscavam há meses, sem sucesso. Outros, porque simplesmente não veem novas vagas sendo abertas na cidade onde moram.
Apesar de estarem disponíveis para trabalhar, essas pessoas não entram no cálculo da taxa de desemprego.
Para ser considerado desempregado, pelos parâmetros internacionais de estatística, é preciso estar ativamente buscando uma vaga.
Isso não significa que a situação financeira dos chamados desalentados seja mais confortável do que a dos que estão oficialmente desempregados, os 14,4 milhões contabilizados pelo IBGE.
Levantamento
De acordo com os dados divulgados na sexta-feira (30/04), os desalentados somaram 5,9 milhões em fevereiro, recorde na série histórica da Pnad Contínua, que começa em 2012.
O levantamento é feito em trimestres móveis – o dado de fevereiro, portanto, é uma média composta com dezembro e janeiro.
Uma notícia publicada pela BBC News Brasil diz que o número é 26,8% maior do que o registrado um ano atrás, no trimestre móvel encerrado em fevereiro de 2020, o que significa um aumento de 1,259 milhão de pessoas.
Este foi o oitavo mês consecutivo em que o desalento cresceu a uma velocidade superior a 20% no país.
“Esse aumento tem um motivo bem claro, que é a questão da pandemia. Tem muita gente com medo [de ficar doente], muita gente que sabe que as atividades estão fechando, que por isso acaba não saindo para procurar emprego”, diz o economista Bruno Ottoni, pesquisador do IDados e do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).
A Pnad Contínua também acompanha o que chama de subocupação: aqueles que trabalharam no mês de referência, mas menos horas do que gostariam ou precisariam – é o trabalhador que faz um bico quando aparece, por exemplo.
Em fevereiro, 6,9 milhões de pessoas estavam nessa situação.
Para o economista, a ampla vacinação é condição fundamental para a recuperação da economia brasileira e, por consequência, do mercado de trabalho.
É o ritmo de imunização que vai ditar a velocidade de recuperação.
A expectativa, diz ele, é que o desemprego aumente um pouco nos próximos meses, com o retorno dos desalentados à força de trabalho.
A partir do segundo semestre, à medida que a economia conseguir gerar mais vagas para absorver os trabalhadores disponíveis, o indicador deve começar a melhorar.