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Além de problemas financeiros, a demissão também pode afetar a saúde física e mental – foto Arquivo
Quando as pessoas perdem seus empregos, elas têm problemas reais. Normalmente, por exemplo, sua renda e poupança diminuem.
Elas podem ter dificuldade para pagar o aluguel ou as prestações de um financiamento e podem não conseguir manter o mesmo padrão de vida que tinham antes.
No entanto, pesquisas mostram que sua perspectiva sobre sua situação financeira pode causar mais danos à sua saúde do que suas circunstâncias financeiras reais — mesmo que suas economias diminuam.
Alguém pode ver a perda do emprego como um revés temporário e permanecer relativamente calmo, enquanto outra pessoa pode vivenciar as mesmas circunstâncias como um desastre, desencadeando estresse intenso que se transforma em problemas de saúde sérios, como depressão e abuso de substâncias.
Essa diferença de perspectiva geralmente determina se alguém sofrerá problemas de saúde significativos ao perder o emprego ou passar por um revés financeiro semelhante.
Em um estudo publicado em 2023 com a acadêmica de serviço social Theda Rose, descobriu-se que a maneira como uma pessoa se sentia sobre um declínio na renda importava 20 vezes mais do que a mudança financeira em si.
Essa descoberta vem da análise de dados do National Financial Capability Study de 2018, que entrevistou mais de 27 mil adultos americanos.
Foram usados métodos estatísticos avançados para examinar como diferentes fatores financeiros afetavam a saúde e a tomada de decisões financeiras das pessoas, observando especificamente a tensão financeira, a confiança na gestão do dinheiro e a satisfação financeira geral.
O estudo confirmou trabalhos anteriores sobre as respostas psicológicas e físicas muito diferentes que duas pessoas podem ter quando sua renda cai, com base em como elas percebem essa mudança.
Caminho para a doença
Pesquisas anteriores geralmente viam o que é conhecido como “precariedade financeira” — não ter dinheiro suficiente para sobreviver — em termos puramente técnicos, como conseguir US$ 400 em uma emergência, ou em termos relacionados aos seus sentimentos sobre essa situação, como preocupação persistente com suas finanças.
No entanto, descobriu-se que ambos os aspectos da precariedade financeira podem influenciar a saúde e o comportamento.
Entre as muitas variáveis, um declínio na renda surpreendentemente contribuiu muito mais em termos de preocupação do que apenas não conseguir pagar as contas.
Essa angústia causada por dificuldades econômicas não é apenas um problema psicológico — pode produzir mudanças físicas que podem ter implicações de saúde a longo prazo, como pressão alta.
A saúde mental sofre
Também há um pedágio na sua saúde mental. Perder um emprego pode levar à ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Curiosamente, pessoas que enfrentam desafios financeiros contínuos, mas não ficam estressadas com sua situação, não têm mais probabilidade de desenvolver sintomas de depressão do que pessoas sem nenhum estresse financeiro.
Uma revisão sistemática de 65 estudos encontrou conexões claras entre dívidas e problemas de saúde mental, depressão e até tentativas de suicídio.
Problemas de saúde física
Perder o emprego pode prejudicar seu corpo de duas maneiras principais.
Primeiro, o estresse das preocupações financeiras pode afetar o corpo das pessoas diretamente — por exemplo, aumentando a pressão arterial. Estar endividado está associado a outras doenças, incluindo dores nas costas e obesidade.
Segundo, quando o dinheiro está curto, as pessoas geralmente tentam economizar dinheiro pulando consultas médicas ou abrindo mão de medicamentos prescritos.
Ao escolher entre pagar aluguel, alimentação e assistência médica, as pessoas geralmente colocam suas necessidades médicas em último lugar.
Métodos de enfrentamento pouco saudáveis
Algumas pessoas recorrem ao álcool, tabaco ou outras substâncias para lidar com a perda de seus empregos. Esses hábitos são ruins para sua saúde e podem esvaziar sua carteira, aumentando a tensão financeira.
Outros recorrem ao jogo ou às compras excessivas para lidar com a situação, o que também pode piorar ainda mais os problemas financeiros.
O casamento e outros relacionamentos também podem se desgastar em meio ao estresse financeiro.
Pedir dinheiro emprestado excessivamente a amigos e familiares ou gritar com seus entes queridos quando você se sente estressado pode enfraquecer os laços com as pessoas mais próximas a você
Seguindo em frente de forma saudável
Certamente algumas pessoas se tornam mais resilientes após perderem o emprego adotando estratégias positivas de enfrentamento.
Sempre que você perder um emprego, tente fazer contatos. Seus amigos e entes queridos podem ajudar a proteger sua saúde mental nessa fase.
Além de se candidatar a novas posições, passe um tempo fazendo networking. Entre em contato com antigos colegas, junte-se a grupos profissionais e participe de eventos relacionados à sua carreira.
Tente ser trabalhar como voluntário. Isso ajudará você a aprimorar ou expandir suas habilidades enquanto expande suas redes e talvez o leve a um novo emprego.
E considere começar ou expandir uma atividade paralela. Isso gerará alguma renda, dará a você uma maior sensação de controle sobre sua vida e o manterá produtivo durante a monotonia de enviar candidaturas.
Também é essencial seguir os princípios básicos de autocuidado: exercícios regulares reduzem os hormônios do estresse.
Dormir o suficiente melhora a função cognitiva, e manter uma vida social agitada fornece suporte emocional.
Manter hábitos saudáveis é sempre importante. Mas eles podem proteger sua saúde mental e física durante tempos desafiadores. Perder um salário já é difícil o suficiente. Perder a saúde por isso é ainda pior.
*Fonte: O Globo