Crise antimicrobiana: nova leva de antibiótico poderia evitar 230 mil óbitos/ano

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 1 de fevereiro de 2020 às 00:36
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:19
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OMS alerta: invistam mais e agora em pesquisa para evitar consequências catastróficas para a saúde pública

A introdução de novos antibióticos reduziria o número de óbitos relacionados com superbactérias de 50-55% para 10-15%.

Caso esses novos antibióticos fossem usados, um terço das vidas seria salvo com a prevenção de mais de 230.000 óbitos em todo o mundo por ano, 11.000 das quais somente na Europa.

Estudos clínicos recentes apresentados no Simpósio Internacional organizado pela Fondazione Internazionale Menarini, realizado em Gênova, onde especialistas líderes se reuniram para uma atualização sobre a resistência antimicrobiana, apoiam essas descobertas.

A cada ano as infecções relacionadas com superbactérias resistentes aos antibióticos matam 700.000 pessoas em todo o mundo, 33.000 das quais na Europa. 

Números que deverão aumentar dramaticamente. Mas “através do uso apropriado e precoce dos novos antibióticos, alguns dos quais já estão no mercado e outros a serem lançados potencialmente nos próximos meses, poderíamos reduzir em um terço o número de óbitos.

Isso ficou demonstrado em vários e importantes estudos clínicos envolvendo aproximadamente mil pacientes afetados pela Klebsiella pneumonia“, comentou Matteo Bassetti, presidente do conselho da SITA, a Sociedade Italiana de Terapia Antiinfecciosa.

Entretanto, essas novas moléculas estão deixando de alcançar os pacientes conforme destacado pelo recente alerta emitido pela OMS.

Atualmente, mais do que nunca, a resistência antimicrobiana é uma ameaça global que exige que soluções imediatas sejam encontradas. 

O declínio nos investimentos privados e a falta de inovação na área de desenvolvimento de novos antibióticos prejudicarão os esforços feitos para tratar de infecções resistentes aos medicamentos.

É necessário que as instituições, em diferentes níveis, e a indústria farmacêutica formem parcerias para fortalecer seus esforços e contribuir com investimentos sustentáveis para a descoberta e desenvolvimento de tratamentos inovadores.

Uma série dessas novas moléculas já foram aprovadas pela Agência de Alimentos e Medicamentos (FDA – Food & Drug Administration) e pela Agência Europeia de Medicamentos (European Medicines Agency). 

Fica claro que há algumas questões referentes à sua adoção na prática clínica apesar de serem reconhecidas como armas salvadoras de vidas, como são os novos tratamentos contra o câncer.

Deveriam ser introduzidas nos algoritmos terapêuticos para serem usadas adequadamente, de forma empírica, e o mais cedo possível para tratar de pacientes gravemente doentes.

Para esses doentes, uma demora no início do tratamento afetará as taxas de mortalidade e os resultados clínicos“, declarou Marin Kollef, professor de medicina da Escola de Medicina da Universidade de Washington.

Os avanços bem-sucedidos na medicina moderna como nos procedimentos cirúrgicos, medicina interna, imunopatologia, transplantes e tratamentos conta o câncer, permitem procedimentos mais eficientes e refinados,

Esses tratamento estão salvando um grande número de vidas, mas sem nenhum novo antibiótico, as infecções adquiridas em hospital, resistentes à várias drogas, ameaçam reverter os milagres dos últimos 50 anos“, concluiu Pierluigi Viale, vice-presidente do conselho da SITA, a Sociedade Italiana de Terapia Antiinfecciosa.

Essa é uma das razões porque os especialistas estão sugerindo que os requerimentos regulatórios, e os procedimentos de acesso ao mercado para novos antibióticos precisam estar alinhados.

É o que se verifica com os mais recentes e mais inovadores medicamentos contra o câncer, introduzindo caminhos para aprovação simplificada e acelerada.


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