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Muitos pais se preocupam em organizar o quarto para a chegada de um bebê, mas é preciso também oferecer um espaço próprio à medida que os filhos crescem
Ter um espaço próprio é fundamental para o desenvolvimento da criança – foto Freepik
Você provavelmente já viu essa cena em diversos filmes: os pais, à espera da chegada do bebê, decorando o quarto, escolhendo as cores, montando os móveis.
É um dos momentos especiais que marcam a chegada dos filhos. Mas, à medida que eles crescem, é chegada a hora de deixar de lado seus próprios desejos idealizados e passar a ouvir o que eles têm em mente sobre seus próprios espaços.
“A decoração do quarto e a organização do espaço é importante para o desenvolvimento da criança. Ajuda na formação de sua identidade”, explica a psicóloga Ester Pereira.
A lógica é simples: você vai deixar seu filho decorar o seu quarto? A resposta, provavelmente, é não.
Então, por que fazer o contrário com ele? Isso não quer dizer que os pais não possam (e devem!) ajudar no processo.
Mas ouvir os filhos e equilibrar as próprias expectativas é essencial. Para ajudar você, aqui vão algumas dicas que podem ser úteis na construção de um espaço saudável.
Regra número 1: o quarto é da criança!
Quando o bebê nasce, cabe aos pais decorar e arrumar o quarto, levando em consideração necessidades práticas em função da rotina de cuidados necessários a seu bem-estar.
Mas é importante ter em mente que quando as crianças começam a crescer, esse espaço se torna delas. Dessa forma, é fundamental que os pais tomem cuidado para não criar um espaço que não combine com o desejo delas.
Saber ouvir
Com o tempo, conforme seu filho cresce, é importante validar suas vontades, diz Ester. Os pais devem ouvi-lo, entender o que ele gostaria de fazer na decoração, os temas que mais o agradam, a organização dos móveis.
Respeitar os desejos da criança nesse momento é importante e vai ajudá-la a lidar com os próprios gostos e interesses e, dessa forma, desenvolver sua identidade.
Há algum limite?
Limites nessa hora dependem de cada família, de como a rotina e a relação estão estabelecidas. É preciso sentir, explica Ester, o que é saudável para a criança.
Ou seja, nem tudo é permitido. Aquela cama mais cara, com escorregador, escada. Às vezes, móveis assim não são seguros ainda – ou não estão no orçamento da família. Mas é importante que tudo seja conversado.
Como os pais podem ajudar?
Ester lembra da proposta montessoriana (criada em 1907 pela médica Maria Montessori e que aceita o princípio da autoeducação), que preza pela autonomia.
Facilitar o acesso aos brinquedos, à cama, de forma que a criança possa se virar sozinha no ambiente, é importante e ajuda na criação de um senso de independência.
Um exemplo prático: uma estante enorme, na qual os filhos precisarão de ajuda para alcançar seus brinquedos, deve ser evitada.
Bagunça, sim!
A criança precisa ter liberdade dentro de seu próprio espaço. Isso significa a possibilidade de fazer bagunça. Não a repreenda por isso.
Essa é uma forma de ela ocupar seu quarto, sentir-se à vontade dentro dele. Mas, claro: os pais devem sempre insistir na necessidade de que ela, depois da bagunça, arrume todo o quarto, lição que é também importante para estabelecer a relação e o respeito com seu espaço.
Meu filho cresceu, e agora?
Com o tempo, mudanças vão se tornando necessárias no ambiente. A cama precisa ser maior, móveis como trocadores perdem o sentido.
Nessas horas, explica Ester, o filho deve participar desse processo de adaptação, para que o quarto tenha a “cara” dele.
Aquela pintura do quarto de bebê pode não fazer mais sentido – que tal incluí-lo na escolha da nova cor, por exemplo?
Isso não quer dizer dar todo o poder de decisão aos filhos. Mas as decisões devem contar com a participação deles e os limites podem ser explicados.
E se a criança não quer ficar no quarto?
Dependendo da faixa etária, é normal que ela não queira ficar no quarto ou então que peça para dormir com os pais.
Nessas horas, nada deve ser forçado: a função dos pais é ajudar. Há uma série de questões envolvidas nesse comportamento.
Mas tornar o quarto mais agradável para a criança, ouvindo suas vontades, pode ajudar nesse processo, fazendo com que ela se interesse mais pelo espaço.
Um erro a ser evitado
Os pais não devem ignorar o que a criança tem a dizer, explica Ester. Mais grave do que não ouvir o que ela tem a dizer é ouvir e não levar em consideração a opinião dela.
“Os pais nunca devem passar por cima da criança, não respeitar ou considerar sua opinião, usar frases como ‘quem decide é a gente’.” As negativas devem ser explicadas e conversadas. Conversar, conversar, conversar, sempre!
*Informações Estadão