Cremesp: médicos devem ter cautela ao promover protocolos e medicações

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 15 de julho de 2020 às 16:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:58
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Divulgação em redes sociais pode levar à automedicação e desencorajar a busca por medidas protetivas

 Irene Abramovich, presidente do Cremesp

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) distribuiu comunicado alertando os médicos sobre procedimentos nessa fase de pandemia.

A entidade médica esclarece que, embora ainda não tenha sido descoberto nenhum medicamento ou tratamento cientificamente comprovado para a cura da covid-19, existem estudos em andamento, com medicações já aprovadas para outros usos, que podem ser usadas fora de indicação da bula (off label), a critério do médico.

Cabe lembrar também que qualquer estudo clínico nesse sentido deve contar com protocolos bem definidos em que sejam descritos resultados bem estabelecidos. 

Os pacientes envolvidos nestas pesquisas devem ser monitorados cuidadosamente e devem estar cientes e de acordo com os riscos envolvidos.

No caso da prescrição de forma off label de medicações já aprovadas, ou seja, para fins outros que não os que constam em bula, os riscos e a ausência de evidências devem se bem discutidas com o paciente, que deve consentir com a prescrição.

Pela falta de evidências, contudo, o médico não pode divulgar o tratamento com tais medicamentos como eficaz. 

A divulgação e prescrição de medicamentos/protocolos informais e sem comprovação científica relevante, por meio de canais públicos, como redes sociais e imprensa, por exemplo, pode configurar infração ao Código de Ética Médica.

Além disso, esse tipo de publicação pode induzir à automedicação e desencorajar a população a manter e buscar novas medidas protetivas.

Publicações feitas de maneira sensacionalista, prometendo resultados como a cura ou prevenção contra o novo coronavírus colocam ainda mais em risco a vida da população.

Para a médica Irene Abramovich, presidente do Cremesp, neste momento, a informação transmitida nas redes sociais à população pode ter efeitos importantes, tanto benéficos quando adversos.

“Por um lado, a boa informação pode ajudar as medidas preventivas e o controle da disseminação da doença. Por outro lado, informações sensacionalistas podem causar pânico, com consequências graves, como o desabastecimento de medicações nas farmácias e a piora do quadro de saúde de pessoas que precisam dessas medicações e não conseguirão”, explica.

Diante disso, o Conselho reforça a importância do médico não só à frente da doença, no combate diário nas unidades de saúde, como também e principalmente como agente da boa informação e da verdade.


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