Coronavírus: Aumenta em 50% a proporção da população com anticorpos

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  • Publicado em 14 de junho de 2020 às 19:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:51
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Dado é um indicativo de que o total de pessoas que já tiveram a doença no Brasil está na casa dos milhões

A proporção da população com anticorpos para o coronavírus aumentou em 50% em duas semanas, de acordo com estudo conduzido pela Universidade Federal de Pelotas (Ufpel) em mais de cem cidades de todos os Estados brasileiros. 

Os pesquisadores afirmam que o dado é um indicativo de que o total de pessoas que já tiveram a doença no Brasil está na casa dos milhões, e não dos milhares – oficialmente o Brasil tem 805 mil casos confirmados. 

Entre os dias 4 e 7 de junho, os pesquisadores conduziram a segunda fase do estudo por meio de 31,1 mil entrevistas e testes para o coronavírus.

Em 120 cidades, o que incluiu 26 das 27 capitais, foram testadas ao menos 200 pessoas selecionadas por sorteio. Em 83 cidades, mais de 200 pessoas foram testadas nas duas fases do estudo. 

Nesses municípios, a proporção da população com anticorpos aumentou de 1,7%, na fase 1, para 2,6%, na fase 2 (com variações de 1,5% a 1,8% na fase 1 e de 2,4% a 2,8% na fase 2 pela margem de erro da pesquisa).

Isso equivale a um aumento de 53%, o que os pesquisadores consideraram “estatisticamente significativo” e “inédito em estudos similares”. 

“Por exemplo, na Espanha, estudo semelhante indicou aumento de apenas 4% entre as duas etapas da pesquisa”, compararam os pesquisadores, de acordo com nota oficial divulgada pela Ufpel. 

Os especialistas ressaltam que os resultados não devem ser aplicados para todo o País nem usados para estimar o número absoluto de casos, uma vez que os testes ocorreram em cidades populosas, com circulação intensa de pessoas e que concentram serviços de saúde.

“A dinâmica da pandemia, portanto, pode ser distinta da observada em cidades pequenas ou em áreas rurais”, ponderaram. 

Os dados mostram que as diferenças entre as regiões são marcantes. As 15 cidades com maiores prevalências, detalha a universidade, incluem 12 da Região Norte e três do Nordeste (Imperatriz, Fortaleza e Maceió). 

Na Região Sul, segundo eles, nenhuma cidade apresentou prevalência superior a 0,5%, e, na Região Centro-Oeste, apenas três cidades superaram esta marca (Brasília, Cuiabá e Luziânia). 

“Esse resultado confirma que a Região Norte tem o cenário epidemiológico mais preocupante do Brasil, o que já havia sido mostrado na primeira fase da pesquisa”, informou a nota da Ufpel.

Entre as capitais, também foram notadas disparidades. Em Boa Vista, a proporção da população que tem ou já teve a covid-19 foi estimada em 25%.

Em outras cinco capitais, a porcentagem é maior que 10%: Belém, Fortaleza, Macapá, Manaus e Maceió.

“Das 10 capitais com percentuais mais altos da população com anticorpos, quatro são da Região Norte, cinco são da Região Nordeste e um da Região Sudeste.”

A pesquisa destacou também o caso do Rio de Janeiro, onde a proporção estimada de pessoas com anticorpos aumentou de 2,2% para 7,5%. Em Maceió, o aumento foi de 1,3% para 12,2%. Em Fortaleza, o aumento foi de 8,7% para 15,6%.

Consulte a lista das cidades onde os testes foram realizados

Obs.: Campos em branco na coluna “%anticorpos”correspondem a valores menores que 1%

UF Nome do município Entrevistas realizadas Positivos % anticorpos*
PA ALTAMIRA 250 6 2.8%
SE ARACAJU 250 2
SP ARAÇATUBA 250 1
TO ARAGUAÍNA 200 2 1.1%
AL ARAPIRACA 250 6 2.8%
SP ARARAQUARA 247 0
MA BACABAL 250 10 4.7%
MG BARBACENA 250 0
MT BARRA DO GARÇAS 250 1
BA BARREIRAS 250 0
SP BAURU 250 1
PA BELÉM 250 36 16.9%
MG BELO HORIZONTE 250 0
SC BLUMENAU 239 1
RR BOA VISTA 250 54 25.4%
DF BRASÍLIA 250 2
PA BREVES 250 26 12.2%
SC CAÇADOR 250 0
MT CÁCERES 215 0
ES CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM 250 3 1.4%
RN CAICÓ 250 0
PB CAMPINA GRANDE 250 14 6.6%
SP CAMPINAS 250 1
MS CAMPO GRANDE 203 0
PE CARUARU 222 4 2.1%
PR CASCAVEL 250 0
PA CASTANHAL 250 23 10.8%
MA CAXIAS 250 1
RS CAXIAS DO SUL 250 0
SC CHAPECÓ 250 0
ES COLATINA 250 2
PI CORRENTE 250 0
MS CORUMBÁ 250 0
CE CRATEÚS 250 2
AC CRUZEIRO DO SUL 250 33 15.5%
MT CUIABÁ 250 3 1.4%
MG DIVINÓPOLIS 250 0
MS DOURADOS 250 1
BA FEIRA DE SANTANA 208 1
PI FLORIANO 250 0
SC FLORIANÓPOLIS 205 0
CE FORTALEZA 226 30 15.6%
GO GOIÂNIA 250 0
BA GUANAMBI 250 0
PR GUARAPUAVA 250 0
TO GURUPI 250 0
CE IGUATU 250 2
MA IMPERATRIZ 250 35 16.5%
MG IPATINGA 224 0
GO IPORÁ 250 0
BA IRECÊ 250 0
SE ITABAIANA 250 3 1.4%
BA ITABUNA 200 1
GO ITUMBIARA 250 0
RO JI-PARANÁ 250 2
PB JOÃO PESSOA 250 13 6.1%
SC JOINVILLE 250 0
BA JUAZEIRO 250 0
CE JUAZEIRO DO NORTE 250 3 1.4%
MG JUIZ DE FORA 250 0
AM LÁBREA 250 8 3.7%
SC LAGES 215 0
GO LUZIÂNIA 250 3 1.4%
RJ MACAÉ 206 1
AP MACAPÁ 250 32 15.0%
AL MACEIÓ 250 26 12.2%
AM MANAUS 250 31 14.6%
PA MARABÁ 250 22 10.3%
SP MARÍLIA 250 0
MG MONTES CLAROS 250 0
RN NATAL 241 7 3.4%
AP OIAPOQUE 250 11 5.1%
TO PALMAS 250 1
AM PARINTINS 250 24 11.3%
PI PARNAÍBA 250 12 5.6%
RS PASSO FUNDO 233 1
PB PATOS 250 3 1.4%
MG PATOS DE MINAS 250 0
BA PAULO AFONSO 250 1
RS PELOTAS 250 0
PE PETROLINA 250 0
RJ PETRÓPOLIS 250 1
PI PICOS 250 1
PR PONTA GROSSA 234 0
GO PORANGATU 250 0
RS PORTO ALEGRE 230 0
RO PORTO VELHO 250 7 3.2%
MG POUSO ALEGRE 250 0
MA PRESIDENTE DUTRA 250 18 8.4%
SP PRESIDENTE PRUDENTE 250 0
CE QUIXADÁ 250 3 1.4%
PE RECIFE 220 6 3.2%
PA REDENÇÃO 250 3 1.4%
SP RIBEIRÃO PRETO 250 0
AC RIO BRANCO 250 10 4.7%
RJ RIO DE JANEIRO 250 16 7.5%
GO RIO VERDE 250 1
RR RORAINÓPOLIS 250 22 10.3%
BA SALVADOR 215 10 5.4%
RS SANTA CRUZ DO SUL 250 0
RS SANTA MARIA 242 0
PA SANTARÉM 250 23 10.8%
MA SÃO LUÍS 232 13 6.6%
ES SÃO MATEUS 250 0
SP SÃO PAULO 250 5 2.3%
PI SÃO RAIMUNDO NONATO 250 0
PE SERRA TALHADA 250 2
MT SINOP 250 0
SP SOROCABA 210 1
PB SOUSA 250 2
AM TEFÉ 250 43 20.2%
MG TEÓFILO OTONI 250 2
PI TERESINA 250 3 1.4%
MG UBERABA 250 0
MG UBERLÂNDIA 250 0
RS URUGUAIANA 250 0
MG VARGINHA 250 0
ES VITÓRIA 250 7 3.2%
BA VITÓRIA DA CONQUISTA 250 0
RJ VOLTA REDONDA 250 1

​Uma pesquisa do Hemorio, Hemocentro da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, mostra um crescimento da presença de anticorpos contra a Covid-19 na população fluminense.

​O estudo indica que 28% dos doadores de sangue que participaram de coleta nas últimas duas semanas desenvolveram anticorpos para o novo coronavírus. 

Nas primeiras semanas de abril a taxa era de 4%.

Segundo Luiz Amorim, diretor do Hemorio, os dados da pesquisa ainda estão sendo analisados, como para explicar se há uma grande diferença entre a prevalência de anticorpos entre a população geral do Rio e a de doadores.

A pesquisa, desenvolvida em parceria com pesquisadores das universidade do Estado e Federal do Rio de Janeiro e da Fiocruz, já contou com amostras de 7.286 pessoas e vai continuar até o fim da pandemia. 

Até o final de julho, este mapeamento do índice de pessoas com anticorpos no estado deve examinar o sangue de mais 3.000 pessoas.

Já na entrada do Hemorio, que fica no centro da capital fluminense, o doador passa uma triagem que, além de medir sua temperatura, questiona sobre sintomas e contatos com outras pessoas.

Não podem doar aqueles que tiveram testes positivos ou sintomas do novo coronavírus, assim como pessoas que chegaram de viagens do exterior ou tiveram contato com pessoas contaminadas ou sob suspeita de contaminação, nos últimos 30 dias.

Amorim explica que os testes são feitos aleatoriamente e que as pessoas estão sendo avisadas do resultado positivo.

A pesquisa nacional Epicovid-19, coordenada pelo epidemiologista e reitor da Universidade Federal de Pelotas Pedro Hallal, estima que na cidade do Rio de Janeiro 7,5% da população tenha anticorpos contra a Covid-19.

A pesquisa foi feita entre os dias 4 e 7 de junho. Duas semanas antes, segundo a mesma pesquisa, que colhe amostras de ao menos 200 pessoas em cada umas das 133 cidades investigadas, a taxa era de 2,2%.

A cidade com maior taxa na pesquisa nacional foi Boa Vista, com 25%.

A diferença entre os números das duas pesquisas ainda será investigada pelo Hemorio, que tem 67% de seus doadores entre moradores da capital, enquanto outros 33% veem do Grande Rio ou do interior.

Mas Amorim ressalta a diferença na proporção de idosos, já que, para doar sangue é necessário ter entre 18 e 69 anos, e que, desde o início da pandemia, houve uma queda brusca de doadores acima de 60 anos.

*Estadão


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