Covid-19: associação alerta para risco de faltar seringa para vacinar

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 9 de dezembro de 2020 às 19:41
  • Modificado em 11 de janeiro de 2021 às 11:01
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Alerta foi feito pelo superintendente da Associação Brasileira de Artigos e Equipamentos Médicos

A demora na apresentação de um plano definitivo para a aplicação da vacina contra a covid-19 por parte do Ministério da Saúde pode colocar o Brasil na posição de ter o imunizante, mas não ter seringas em número suficiente para vacinação em massa. 

O alerta foi feito na segunda-feira (7), pelo superintendente da Associação Brasileira de Artigos e Equipamentos Médicos (Abimo), Paulo Henrique Fraccaro.

O setor não tem estoque de seringas e precisa de três a cinco meses para atender a grandes demandas. Desde julho, segundo Fraccaro, a Abimo alerta o governo para esse problema, mas até agora não recebeu encomendas nem um cronograma. 

O superintendente diz que a situação pode levar a um atraso considerável nas campanhas de vacinação. “Em julho, levamos essa preocupação ao governo federal”, contou Fraccaro. 

“Em agosto, o governo organizou uma reunião com os três fabricantes, mas, dai para frente, nada mais aconteceu de concreto. E já estamos em dezembro; isso deveria estar decidido no máximo em setembro.”

Há uma semana, quando apresentou um plano preliminar para vacinação contra a covid, o Ministério da Saúde afirmou que estava abrindo licitação para compra de 331 milhões de seringas. O ministério foi procurado nesta segunda-feira, mas não se manifestou.

Segundo Fraccaro, as três empresas brasileiras que fabricam seringas têm capacidade de produzir de 120 a 140 milhões de seringas por mês. 

No entanto, essa produção atual já está toda comprometida com a demanda normal do setor. Tampouco há produção excedente para estoque. 

“Se for necessário, podemos produzir de 18 a 20 milhões a mais de seringas por mês, mas para uma quantidade maior tem de ter todo um planejamento”, explicou Fraccaro. “Já deveríamos estar com esses pedidos nas mãos.”

Um outro problema, segundo o superintendente, é que, diante da indefinição do governo federal, os Estados começam a fazer encomendas por conta própria, sem uma coordenação nacional.

“A minha preocupação é que alguns Estados, já prevendo essa demora de decisão por parte do governo federal, começaram a fazer encomendas”, contou Fraccaro. 

“Isso é muito confuso porque os Estados querem comprar de uma vez tudo o que vão precisar para o ano todo, e vão sobrecarregar as indústrias de pedidos; o ideal seria termos um pedido do governo federal e um cronograma para a entrega das seringas ao longo dos meses.”

De fato, a responsabilidade pela compra de insumos é dos Estados e dos municípios, como o Ministério da Saúde alegou. No entanto, em uma situação de pandemia e vacinação em massa de toda a população, a organização do governo federal seria crucial para o sucesso da empreitada.

Existe sempre a opção de importar seringas, mas, alerta Fraccaro, os preços já estão mais altos por causa da grande demanda. As informações são do jornal “O Estado de S. Paulo”.


+ Saúde