Coronavírus reduziu em quase 80% os passageiros no transporte coletivo

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 14 de abril de 2020 às 11:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:36
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Em Franca, São José afastou mais de 120 funcionários para evitar demissões; Queda na arrecadação

Francisco Christovam, assessor do Sindicato das Empresas de Coletivo Urbano

Uma avaliação das principais empresas que operam no país o transporte coletivo, inclusive a São José – concessionária do transporte coletivo de Franca, traz números de uma realidade: a redução de quase 80% o número de passageiros.

A São José reduziu, de acordo com a Emdef – Empresa Municipal para o Desenvolvimento de Franca – o número de ônibus nas ruas por conta do isolamento social. 

Além disso, foram adotadas outras medidas para ficar em conformidade com o decreto municipal por conta da pandemia do Coronavírus.

A situação é grave, segundo avaliação da Empresa. Porém, as informações transmitidas tanto pelo Sindicato dos Motoristas e da Empresa São José é de que se buscará evitar ao máximo o corte de trabalhadores.

Na questão da empresa São José, Paulo Bardal, assessor de comunicação, explicou que “se as autoridades do Município não tomarem decisões corretas, poderá se tornar uma situação insustentável, até com demissões”.

Francisco Christovam, assessor do Sindicato das Empresas de Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, explicou que, com as medidas de isolamento ou de distanciamento social, a queda de passageiros variou de 70% a 80%.

Isso fez com que as empresas tivessem que reduzir bastante a oferta de lugares, quase que na mesma proporção da redução do número de passageiros, salvo raras exceções.

Ao se analisar a planilha de custos dos serviços de transporte coletivo urbano de passageiros, da maioria das cidades brasileiras, verifica-se que, na média, 51% do custo total são custos fixos (mão de obra e depreciação).

Ademais, 32% são custos variáveis (combustível, rodagem e peças de reposição) e 17% são outros custos (remuneração do capital, tributos e despesas administrativas).

Assim, quando a frota fica retida nas garagens, as empresas deixam de gastar apenas a parcela referente ao custo variável, ou seja, combustível, pneus e câmeras e peças de reposição. 

Todos os demais custos que compõem o custo total da produção dos serviços permanecem inalterados, porque independem da circulação dos veículos. 

Isso vale para o pagamento da mão de obra contratada, para a depreciação dos ativos, para a remuneração do capital empregado e para o pagamento das despesas administrativas e dos tributos incidentes.

Como a parcela mais significativa do custo de produção dos serviços diz respeito ao custo de pessoal – que é da ordem de 43% –, a queda na arrecadação deixou as empresas sem condições financeiras para quitar despesas correntes.

E também de cumprir suas obrigações trabalhistas com os motoristas, cobradores, fiscais e com o pessoal administrativo e de manutenção.

As empresas de ônibus estão pedindo linhas de crédito, com juros subsidiado, junto às instituições financeiras oficiais, para garantir capital de giro.

Pede a aquisição de créditos eletrônicos de transporte, no montante de R$ 2,5 bilhões, por mês, pelo Governo Federal, para serem destinados aos programas sociais sob a responsabilidade da União.

Pede também o fornecimento de óleo diesel direto pelas distribuidoras, a preço de custo; e a suspensão temporária dos contratos de trabalho, da mão de obra eventualmente ociosa, com o pagamento integral do seguro desemprego.

Se as propostas ou sugestões não forem viabilizadas, com a implantação imediata das ações previstas, não haverá como impedir que várias empresas interrompam suas atividades e deixem de transportar passageiros, por falta de condições financeiras.

O transporte coletivo de passageiros é, por definição constitucional, essencial e estratégico e, por assim dizer, é o serviço público que viabiliza os demais serviços de utilidade pública, que tornam viável o funcionamento das cidades e o dia a dia das pessoas. 

Sem o transporte, a maioria dos cidadãos não chega ao local de trabalho; não se desloca até a escola; não acessa o médico ou o hospital; e não chega até as lojas ou ao supermercado. 

Sem o transporte, as pessoas entram em isolamento – palavra da moda – laboral, social e vivencial.​


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