compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
A técnica da medicina natural é conhecida por ajudar, supostamente, na limpeza do canal auditivo e até espiritual, mas não tem respaldos científicos que a comprovem

Técnica milenar tem se popularizado nos últimos anos – foto Núcleo Cursos
O cone hindu, técnica milenar da medicina chinesa, tem se popularizado nos últimos anos, especialmente nas redes sociais.
No TikTok, por exemplo, diversos usuários compartilham o processo de uso do cone, que promete não somente um equilíbrio espiritual, mas também a remoção da cera dos ouvidos.
A técnica, no entanto, é debate entre otorrinolaringologistas, que questionam a sua eficácia e segurança. Entenda:
O que é o cone hindu?
Também conhecido como “vela de ouvido” e “vela hopi”, é feito, principalmente, com cera de abelha ou parafina e pode ser embebido com óleos essenciais e ervas medicinais.
“É uma técnica tradicional chinesa que, além de ajudar na limpeza de ouvidos, é beneficial para o bem-estar físico, mental e espiritual”, fala a espiritualista Kelida Marques.
A ponta menor do cone é colocada dentro da entrada do ouvido do paciente, enquanto a ponta que ficou por fora é acesa com fogo.
“O calor da chama cria um efeito de sucção, como uma chaminé, que ajuda a remover impurezas e cera acumulada no canal auditivo”, diz a espiritualista.
Quais são os benefícios físicos do cone hindu?
Nas redes sociais, o uso do cone hindu é, majoritariamente, mostrado como eficiente para a remoção da cera excessiva no canal auditivo.
Mas os adeptos à técnica relatam outros benefícios para a saúde física. Segundo Kelida, alguns pacientes sentem relaxamento profundo, auxiliando na redução de estresse e ansiedade.
“Ainda, alguns praticantes afirmam que o cone pode aliviar dores relacionadas à pressão ou inflamação do canal auditivo”, comenta o otorrinolaringologista Gustavo Meirelles, da Clínica Dolci.
O especialista aponta que, entre os seus supostos benefícios, está também a melhora da saúde respiratória, associada à limpeza das vias aéreas e redução da congestão nasal.
“No entanto, não há evidências científicas que comprovem a relação desses ‘benefícios’ com a realização do cone hindu”, diz Gustavo.
Quais são os benefícios espirituais do cone hindu?
O cone hindu é associado a benefícios espirituais, para além do relaxamento e diminuição da ansiedade.
“É visto como uma ferramenta de purificação energética, ajudando a limpar a aura, isto é, o campo energético, e removendo energias negativas, assim promovendo equilíbrio e harmonia”, aponta Kelida.
Registros históricos indicam que povos antigos na Ásia acreditavam que os cones promoviam clareza mental. Eram produzidos com folhas de pergaminhos, bananeira e cera de abelha, e utilizados por monges do Tibet.
A fumaça, gerada durante a queima do cone, é considerada aliada na purificação da aura e chacras. Ela teria um efeito de limpeza e harmonização da energia do corpo, removendo as impurezas que se acumulam ao longo do dia a dia.
“À medida que a fumaça sobe, ela simboliza a elevação das energias mais sutis, levando consigo as cargas negativas e deixando espaço para renovação espiritual”, comenta Kelida.
Otorrinolaringologistas recomendam o uso do cone hindu?
A técnica, porém, é controversa no mundo da medicina. “O cone não tem, cientificamente, nenhum benefício para a saúde auditiva”.
“A manipulação do conduto pode prejudicá-la, pois pode perfurar a membrana timpânica, ocasionar processos inflamatórios no conduto ou, inclusive, ficar com resíduos do material do cone hindu”, alerta Fernão Bevilacqua, médico otorrinolaringologista do Hospital Albert Sabin e Membro da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia.
O especialista ainda explica que a cera de ouvido não é uma sujeira, pois protege o conduto auditivo da entrada de pequenos insetos e água, além de proteção contra bactérias e vírus.
O médico, portanto, contraindica o uso do cone hindu, apontando a possibilidade de desencadear uma piora auditiva quando mal-empregado.
A inalação da cera e da fumaça resultada da queima também pode trazer irritações na mucosa respiratória.
“O uso inadequado pode causar queimaduras, perfuração do tímpano, acúmulo de resíduos de cera ou até infecções”, pontua Gustavo.
Além disso, a prática é desencorajada por agências reguladoras, como a Food and Drug Administration (FDA), dos Estados Unidos, a qual corresponde à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil. Não existem recomendações ou contraindicações de órgãos reguladores brasileiros.
*Fonte: Casa e Jardim