Comprei um vinho barato… Fiz um bom negócio?

  • F. A. Barbosa
  • Publicado em 29 de junho de 2018 às 09:41
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 13:54
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Esta pergunta sempre aparece quando a conversa é sobre vinho. Muitas vezes a segunda parte, “Fiz um bom negócio”, vem como afirmação e com um certo orgulho, ou até mesmo um ar de esperteza.

Bem, neste caso a resposta pode ser variada, e depende de vários fatores. Alguns deles são: onde comprou, era uma promoção, qual o tipo de vinho, de onde vem, qual a safra, você conhece este vinho, já degustou alguma vez.

Não quero ser desmancha prazeres, adoro encontrar vinhos mais em conta. Estes dias mesmo estava em São Paulo e encontrei um vinho do Priorato que “estava namorando” faz muito tempo. Não era pela metade do preço, mas com um bom desconto. Neste caso certifiquei a idoneidade do lugar, pois conheço pessoas que compram vinhos lá e era visível pelos outros rótulos que os preços tinham um condição melhor que o normal, provavelmente fruto de uma boa negociação na compra.

A primeira coisa que devemos pensar, quando encontramos vinhos muito baratos na prateleira de uma loja é que ninguém vende vinho sem visar lucro, mas alguns realmente passam da conta. Este vinho que você esta vendo, passou por vários processo, pagou impostos, no caso do Brasil… muuuitos e caros impostos. Ali está o custo da produção, desde o preparo da terra, os funcionários, a produção, o valor da garrafa, da rolha(ou outro tipo de tampa), o rótulo, o lucro do produtor, o armazenamento, o transporte, o lucro da loja e se for importado, o lucro e impostos de importação. Isto para ser bem simples na explicação, pois não colocamos os toneis de carvalho franceses ou americanos, o tempo que fica na adega amadurecendo e envelhecendo antes de ser colocado a venda. Lembrando que alguns vinhos ou espumantes podem ficar 5 anos ou mais na vinícola para estarem prontos,antes de serem colocados no mercado . Achou 5 anos muito? Considere 3 anos, lembrando que um ano é só para produzir a uva, se o clima assim permitir uma boa safra, porque o produtor ainda depende do fator clima que é bem imprevisível e altera toda a sua produção e custos.

Uma boa dica é entender o que coloquei acima… um vinho vendido no estado de São Paulo, que foi produzido em Minas Gerais, provavelmente deve ser mais em conta que um vinho produzido no Rio Grande do Sul ou fora do Brasil. Neste caso, devemos comparar vinhos “semelhantes” de produtores semelhantes. Não adianta pegar um espumante produzido por um processo mais simples e rápido que outro. Ou mesmo o vinho que mencionei de Minas, ser de uma boa qualidade elaborado por um produtor sério e comparar com um vinho chileno feito para vender muito, com paladar duvidoso.

Lembre que onde se produz bons e grandes vinhos, também existem os produtores oportunistas que visam só ganhar dinheiro. A França, a Espanha, a Itália e outros países produtores, assim como o Chile a Argentina e o Brasil tem os bons produtos e os vinhos ruins. O vinho que atravessou o oceano, provavelmente tem mais valor que o vinho que atravessou a fronteira.

Conheço boas lojas e lojas que “vendem gatos por lebres”, o que acho uma falta de respeito com o cliente, assim como supermercados e restaurantes que fazem esta mesma prática.Um vinho com safra antiga que não foi feito para envelhecer (ser vinho de Guarda), provavelmente não está bom, ou mesmo pode estar estragado. As “promoções espetaculares” devem ser vistas com muita atenção e cuidado.

Então, da próxima vez que for escolher um vinho para degustar, lembre destas dicas . Uma frase que já está muito batida mais é a pura verdade…

“A vida é muito curta para tomar vinhos ruins.”

É a sua vida e o seu corpo que estamos falando… abra um bom vinho… chame os amigos… e aproveitem os bons momentos.


+ zero