O TSE proibiu, através de uma medida regulamentadora, o uso de inteligência artificial para criar e propagar conteúdos falsos nas eleições
Com o avanço cada vez mais acelerado da tecnologia, a Inteligência Artificial (IA) tem se tornado uma ferramenta poderosa. Ao mesmo tempo em que ela pode ajudar na produção de materiais, ela também pode ser usada para criar conteúdo falso.
São muitas as possibilidades de elaboração com IA. Por isso, é importante que o eleitor esteja atento e não aceite tudo que vê online como verdade absoluta.
O Professor de Inteligência Artificial e Machine Learning da UNIASSELVI, Paulo Andrade, alerta para que se esteja atento principalmente aos materiais que circulam por meio das redes sociais e nos aplicativos de mensagens.
Deepfakes
“Você pode pegar a voz de um político qualquer e colocá-lo falando coisas que nunca falou. Você pode pegar uma foto de um candidato e colocar ele em uma situação inadequada – coisa que já se fazia antes com Photoshop, só que agora está muito mais fácil, não precisa de um especialista”.
Ou então, criar os chamados deepfakes, conforme Andrade explica: “É um vídeo onde se substitui o rosto de uma pessoa pelo rosto de outra, dando a impressão de ser real”.
O Professor deixa claro que o uso natural de IA, que é utilizar a inteligência artificial com ética, por exemplo, para aperfeiçoar ou dar acabamento no material eleitoral sem distorcer informações, é totalmente aceitável. O perigo existe quando há o uso inadequado – que corresponde aos textos, fotos, áudios e vídeos criados especialmente para enganar o eleitor.
“É preciso desconfiar de tudo, pois com as ferramentas de IA generativa, dá para gerar voz, vídeo, imagem, textos, das diversas formas possíveis e clonar as características de uma pessoa, e diante disso, infelizmente alguns indivíduos se aproveitam para enganar as pessoas”.
Andrade conta, ainda, que geralmente isso não acontece em grande escala, mas ocorre muito em pequenos grupos de WhatsApp e isso pode interferir no resultado das urnas.
Cuidados a serem tomados
Para se proteger desses perigos, é essencial que os eleitores sigam algumas orientações:
Verificar as fontes: Não confie em informações sem verificar sua origem. Sites oficiais, veículos de imprensa confiáveis e o próprio candidato são as melhores fontes de verificação.
Cuidado com conteúdos manipulados: Se algo parecer fora do comum, verifique outras fontes antes de acreditar ou compartilhar.
Entenda como os algoritmos funcionam: Muitas campanhas utilizam IA para segmentar conteúdos direcionados aos perfis. Esteja ciente de que as mensagens que recebe podem não representar a realidade de toda a eleição, mas sim o que a campanha quer que você acredite.
Desconfie de emoções extremas: Conteúdos que geram indignação ou choque podem estar sendo usados para manipular suas reações. Tome cuidado ao compartilhar sem checar a veracidade.
Proibição nas eleições
Em fevereiro deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu, através de uma medida regulamentadora, o uso de inteligência artificial para criar e propagar conteúdos falsos nas eleições.
Além disso, o uso natural de IA nas campanhas políticas deve ser informado. Cada criação feita a partir de IA, deve ter um aviso explícito informando a origem do material.