Comandante-geral da PM de SP pede para deixar o cargo; governo analisa nomes

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 8 de março de 2020 às 13:44
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:27
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Marcelo Salles, 52, assumiu a corporação na gestão Márcio França e continuou com João Doria

comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, Marcelo Vieira Salles, de 52 anos, colocou o cargo à disposição do secretário da Segurança Pública, João Camilo Pires de Campos. 

A decisão de Salles ocorreu na segunda-feira (2), mas só na sexta (6) a informação foi divulgada.

Salles assumiu o comando da PM em abril de 2018, ainda no governo de Márcio França (PSB), e se manteve à frente da corporação no governo de João Doria (PSDB).

A decisão de Vieira Salles acontece dias antes de a Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo pedir à Corregedoria da Polícia Militar e à Polícia Civil informações sobre a investigação da conduta dos policiais militares durante a votação da Reforma da Previdência dos servidores na Assembleia Legislativa de São Paulo, na terça-feira (3). Ao menos 20 pessoas ficaram feridas.

O pedido da Ouvidoria atendeu ao ofício enviado por quatro entidades ligadas à defesa dos direitos humanos – Conectas Direitos Humanos, Artigo 19, Instituto Brasileiro de Ciências Criminais e a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP.

As entidades enviaram ao ouvidor a cópia de um ofício direcionado ao secretário de Segurança Pública, general João Camilo Pires de Campos, com 16 perguntas sobre a atuação policial durante a votação na Alesp.

Segundo informações iniciais, ele teria recebido um convite para se candidatar nas eleições municipais deste ano.

Salles já atuou no policiamento de área, no policiamento de Choque, no Corpo de Segurança e na ajudância de ordens do governo do estado de São Paulo durante a gestão do ex-governador Márcio França.

O ex-Ouvidor das Polícias, Benedito Mariano, disse que a saída do comandante da PM é uma perda significativa para a corporação.

“Fui ouvidor por sete anos, neste anos convivi com cinco comandantes da PM e quero reforçar o que já disse para ele, que de longe o Salles é o melhor comandante que conheci.”

Mariano disse os motivos: “Por duas razões: primeiro por ter tido um contato sempre aberto ao diálogo com a ouvidoria, mesmo diante da contundência da ouvidoria durante a gestão dele. 

“Segundo: testemunhei uma relação muito respeitosa que ele tinha com os praças, os soldado, cabos e sargentos, isso é essencial para a corporação e é uma marca da gestão dele.”

Mariano disse que “durante a gestão dele, Salles nunca desabonou o trabalho do controle de a ouvidor.”

“Como comandante geral ele foi ponderado e respeitoso, inclusive não dava declarações de incentivo à violência policial. 

“Porém, apesar disso, na gestão dele a violência policial, principalmente os homicídios praticados por policiais, aumentaram”, Ariel de Castro Alves, conselheiro do Condepe.

“A expectativa é que o novo comandante a ser escolhido pelo governador, da mesma forma que o antecessor, não faça declarações de incentivo à violência policial.

“Além disso, tome medidas internas de orientação, formação e disciplinares, visando frear a escalada da violência policial”, disse Castro Alves.

Em nota, a Secretaria da Segurança confirma que na última segunda-feira (2) o coronel PM Marcelo Vieira Salles, comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, solicitou ao secretário da Segurança, general João Camilo Pires de Campos, sua passagem para a reserva. 

Ao secretário, na ocasião, o comandante ressaltou que a decisão é de caráter pessoal. 

“A Secretaria da Segurança Pública já avalia o substituto para dar sequência ao excelente trabalho desempenhado pelo coronel Salles, que permanece à frente do comando da PM até a conclusão desse processo.”


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