Instagram é aposta para as eleições mesmo com menos compartilhamentos

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 29 de julho de 2018 às 18:49
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:54
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Para especialista, no Instagram predominam conteúdos originais e que têm maior credibilidade

As redes sociais devem ajudar a dar
uma cara nova à propaganda nas eleições de 2018.

De olho na oportunidade de se
tornarem mais conhecidos entre os eleitores, candidatos deixam de lado
santinhos, cartazes e panfletos e, agora, apostam em seguidores, likes e
compartilhamentos.

Para o coordenador do Laboratório de
Estudos sobre Imagem e Cibercultura da Universidade Federal do Espírito Santo
(Ufes), Fábio Malini, apesar de ocupar o 4º lugar no ranking das redes sociais
mais utilizadas no Brasil, atrás do Facebook, Whatsapp e YouTube, o Instagram
deve ser a grande aposta dessas eleições no Brasil. “Existe uma curva de crescimento
dessa ferramenta. É um veículo não contaminado por links, portanto muito
difícil de colar notícia falsa. É claro que essa característica não exime o
Instagram de conteúdos falsos ou distorcidos”, explicou.

Malini também aponta como uma
vantagem o fato de o Instagram ser reconhecidamente uma plataforma alegre e com
pouca toxidade. “Isso bem trabalhado politicamente faz com que o candidato
tenha uma outra perspectiva de mostrar muito mais relações afetivas positivas”,
avaliou.

Outra vantagem do Instagram, segundo
o professor, é que nessa rede predominam os conteúdos originais, que têm mais
credibilidade, enquanto no Facebook e no Whatsapp são mais compartilhamentos.

Captação
de votos

Quando o assunto é atração de votos,
o professor diz que a televisão, cada vez mais conectada às redes sociais,
ainda tem um papel muito importante, já que só ela é capaz de falar para
milhões de pessoas ao mesmo tempo. “Juntas, as duas plataformas são capazes de
criar clima de opinião”, explica.

De acordo com o especialista, o que
conta para o eleitor não é o debate, que tem perdido cada vez mais audiência,
mas a repercussão nas redes sociais. Atualmente, o Twitter domina as
repercussões do que aparece na TV. Também é importante a exposição do candidato
em programas fora do horário gratuito e a repercussão dessas inserções nas
redes sociais.

Impulsionamento

As eleições de 2018 serão as
primeiras a permitir que candidatos paguem para publicar propaganda na sua
timeline.

Chamado de impulsionamento, a compra
de anúncios em plataformas como o Facebook, Instagram, YouTube e o Twitter foi
autorizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e dá aos candidatos a chance
de alcançar um número muito maior de usuários do que aqueles que já acompanham
suas páginas e veem seus posts.

Os partidos não informam quanto
pretendem investir nessa modalidade este ano, mas é certo que a palavra
“patrocinado”, acompanhando mensagens políticas e pedidos de voto, vai invadir
as redes sociais, a partir de 16 de agosto.

Fábio Malini acredita que a formalização
de campanhas na internet pode trazer também como consequência a diminuição do
uso de robôs e de perfis falsos para amplificar informações nas redes sociais.

Estudo

Levantamento da Diretoria de Análise
de Políticas Públicas da Fundação Getulio Vargas (DAPP/FGV) com 5.415.492
tuítes avaliados entre 22 de junho e 23 de julho mostrou a ação de robôs na
pré-campanha presidencial.

De acordo com o trabalho, as
interações motivadas pela ação de perfis automatizados, nesse período,
corresponderam a 22,17% dos tuítes de perfis ligados ao campo da esquerda e que
compõem tradicionalmente a base do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva;
21,96% relacionados ao campo conservador e alinhados ao deputado Jair
Bolsonaro; 16,18% ligados ao campo de centro (não alinhados a nenhum dos
“polos” tradicionais); e 3,99% ligados ao grupo de centro-esquerda (sem
predomínio de nenhum ator político em particular).


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