Com La Niña saindo de cena, outono e inverno devem ser mais úmidos no Brasil

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 22 de fevereiro de 2023 às 09:00
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Rural Clima avalia que mudança na temperatura dos oceanos deve fazer chover mais entre abril e junho, ainda que de forma irregular

Mudanças na temperatura oceânica devem levar a um outono e inverno com maior umidade no Brasil. Com o fenômeno climático La Niña perdendo força e as águas do Pacífico ficando mais quentes, a tendência é de maiores volumes de chuva entre abril, maio e junho, principalmente na faixa central do país.

A avaliação é do agrometeorologista Marco Antônio dos Santos, da Rural Clima.

Ele explica que, neste momento, ainda há atuação da La Niña, com as águas do Pacífico um pouco mais frias. De outro lado, a região do Atlântico Sul ainda está mais quente. Neste cenário, pelo menos no curto prazo, as chuvas devem se alternar pelas regiões do país.

“Março vai se mostrando com chuvas quase que gerais em quase todo o Brasil. Ora um pouco mais no sul, ora um pouco mais no norte, como deve ocorrer no início de abril”, afirma Santos, em boletim divulgado via internet.

Mais chuvas

“As chuvas devem continuar no Rio Grande do Sul pelos próximos 30 dias”, acrescenta, pontuando que ainda devem ocorrer de forma irregular no Estado.

Com a temperatura do oceano mudando, o fenômeno La Niña encerra um ciclo de três anos influenciando o clima no Brasil. A seca no Sul, sob efeito do fenômeno climático, trouxe severas perdas para produtores de soja e milho no Rio Grande do Sul.

Ainda é cedo para dizer se a situação se inverterá para o fenômeno El Niño, afirma Marco Antônio dos Santos. Mas, segundo ele, os modelos de avaliação de temperatura oceânica já indicam sinais de resfriamento das águas do Atlântico Sul e aquecimento na área central do Pacífico.

“Esse aquecimento faz com que as frentes frias possam ganhar um pouco mais de amplitude e levar mais chuva para a área central do Brasil”, diz ele. “Isso vai fazer com que o outono e inverno sejam bem diferentes do que foram no ano passado”, acrescenta o agrometeorologista.

Chove em abril e maio

Neste cenário, a previsão da Rural Clima é de bons volumes pelo menos nos primeiros dias de abril em boa parte das áreas produtoras de milho de segunda safra no Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Rondônia e Tocantins.

Na segunda metade do mês, os modelos indicam irregularidade maior, com algumas regiões podendo ficar alguns dias sem chuva.

“Não sabemos quando isso vai acontecer. Abril não deve ser tão chuvoso, mas também não deve ter ausência de chuva”, diz Santos.

Em maio, também há probabilidade de chuva, mas ainda não de forma generalizada. O agrometeorologista da Rural Clima explica que ainda é cedo para os modelos determinarem em que regiões deve chover mais ou menos. O que é possível dizer neste momento é que a possibilidade é maior que em anos anteriores.

Só normaliza em agosto

“Há uma grande chance que, em maio, venha a ocorrer uma ou outra pancada de chuva, principalmente na primeira quinzena. Em que região? Ainda não sabemos. Podem ocorrer pancadas em áreas de milho, algodão, cana e café na área mais central do Brasil”, diz.

Pelo menos por enquanto, ressalta Santos, os modelos também apontam a chuva migrando mais para o Sul do Brasil em julho e ficando mais próxima de um regime de normalidade em agosto. Mas, de um modo geral, como há previsão de mudança nos padrões oceânicos, é de se esperar que mudem também os padrões atmosféricos e o regime de chuva, diz ele.


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