Com falta de comando político, Franca é uma cidade que não funciona

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 9 de maio de 2018 às 11:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:43
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População paga o preço do governo inoperante, sem planejamento e que não cumpre promessas de campanha

Gilson de Souza e Sebastião Ananias, na formação da equipe, quando tudo era sorrisos

O meio político e os observadores mais atentos já se deram conta de que está vigorando na Prefeitura de Franca a fórmula que possibilitou a eleição de Gilson de Souza.

O detalhe é que os personagens foram trocados. Explicando os detalhes: Gilson só teve a eleição viabilizada quando algumas lideranças e formadores de opinião que o queriam na Prefeitura perceberam que poderiam juntar a então popularidade do candidato com a eficiência de Sebastião Ananias na condução do governo.

Esta ideia começou a ser vendida no final do primeiro turno, alavancando a ida de Gilson de Souza para o segundo turno das eleições.

É que naquele momento o cenário estava indefinido e havia até uma ligeira preferência por Flávia Lancha.

Pois bem: a massificação da ideia, as declarações de apoio de Sebastião Ananias, o possível e eventual cansaço de parte dos eleitores com Sidnei Rocha foi construindo o cenário favorável à eleição de Gilson de Souza, que foi para o segundo turno. E daí para a vitória foi um pulo.

Na preparação do governo e durante a transição, Sebastião Ananias escolheu os melhores nomes para o secretariado, mostrando para Gilson que ter um time bom no comando do governo poderia dar ao prefeito a tranquilidade de uma boa administração.

Sebastião Ananias listou os cargos em comissão de primeiro escalão e deixou para o prefeito nomear todos os seus protegidos, porque acreditava que a qualidade da máquina pública oficial daria conta da administração municipal e que os nomeados não atrapalhariam o governo.

Ocorre que o entorno de influência primária de Gilson de Souza, formado basicamente por seus filhos Gilsinho e Lincoln, seus irmãos, pelo genro Rodrigo Henrique, e pelo então recém-convertido vereador Correa Neves Júnior, que de oposição passou a ser influente junto ao prefeito, começaram a minar o trabalho de Sebastião Ananias.

Já estava em andamento o projeto de tirar Sebastião Ananias do governo e de o grupo tomar para si as decisões administrativas, principalmente nas nomeações.

Até que o então Secretário de Finanças, em recuperação de uma cirurgia de catarata, recebeu a visita de um médico amigo e conselheiro do prefeito, que lhe disse de forma enviesada que ele não seria bem visto no retorno.

Em uma carta de poucas linhas, Sebastião Ananias concretizou o que dele queria o entorno do prefeito: a saída do governo.

A partir dai, sem a diretriz administrativa e com a necessidade de empregar os amigos, o governo Gilson de Souza passou a bater a cabeça, sem sair do lugar.

Foram inúmeras trapalhadas que a população conhece, mas nada de efetivo de benefícios.

O governo de Gilson de Souza nada fez para dar a Franca o crescimento de bem-estar, de educação, de emprego, de moradias populares, de transporte coletivo, de urbanização, de políticas sociais.

Mas sobraram problemas de repasses de verbas para a manutenção de política social às crianças e adolescente e também aos idosos.

As entidades precisaram ir à Justiça e enquanto isso a população sofre com a falta de política social do governo municipal.

Mas, no arranjo administrativo, a administração levou o então Secretário de Segurança e Trânsito, Orivaldo Donzelli, para o Gabinete do Prefeito.

Vindo do Escritório Regional de Governo do Estado, logo pegou o ritmo do governo municipal e deu-se então a virada: sem contrariar Gilson nas suas nomeações, Orivaldo Donzelli se impôs na proteção do Gabinete e foi fazendo algumas mudanças, mostrando que o planejamento administrativo não é a preocupação municipal.

E que também a pressa que Franca tem para resolver seus problemas não condiz com o ritmo de Gilson de Souza. A cidade que espere.

A falta de preocupação com a cidade ficou mais evidente quando Orivaldo Donzelli foi nomeado para, junto com a Chefia de Gabinete, ser também o Secretário de Planejamento da Prefeitura.

Para que ter um secretário exclusivo se as decisões são tomadas no Gabinete do Prefeito, ou seja, por ele mesmo?

Com isso, o plano elaborado para colocar Gilson de Souza na Prefeitura voltou a funcionar: Gilson faz política e Orivaldo toca, no seu ritmo, a administração, desde que não contrarie as nomeações, que é realmente o que importa.

O governo Gilson de Souza perdeu qualidade ao perder nomes expressivos como Sebastião Ananias, nas Finanças; Wanderley Cintra Ferreira, na Emdef; Silma Alcântara, na Educação; Rosaura Zucollo, em Serviços e Meio Ambiente; Luiz Pinheiro Sampaio, na administração; Virgínio Reis, no Planejamento; Realindo Junior, na Coordenadoria da Habitação, e outros mais.

Com isso a cidade segue sua rotina aos trancos e barrancos e as promessas de campanha ficaram apenas nas promessas.


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