Com “chapão” de França, Gilson fica isolado na política local e estadual

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de julho de 2018 às 10:37
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:51
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Prefeito “não mostra cara” e tem a desconfiança de França, Dória e dos adversários Engler e Ubiali

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​Por sua sempre e já demasiada conhecida indecisão o prefeito de Franca, Gilson de Souza (DEM), está se isolando politicamente em Franca (e arrastando a cidade também no cenário estadual) já que o governador substituto de Geraldo Alckmin (PSDB), Márcio França, líder maior do PSB, está formando um “chapão” que tem gente forte em termos de votos (veja complemento abaixo) e demorou para assimilar que, no plano do interior do Estado de SP, este resto de ano é tempo de conquistar obras e verbas, muitas verbas do interino, que não economizou tinta da caneta para liberar recursos nos poucos 60 dias que teve para fazer convênios com prefeitos, a pedido de deputados, para as cidades paulistas. 

Gilson está isolado por dois motivos, um eleitoral e outro político. No eleitoral, sua votação para deputado foi pífia, tanto é que ele ficou como suplente e só foi guindado ao cargo porque o Governador eleito, justamente Alckmin, elevou alguns deputados ao seu secretariado. 

Gilson para quem não se lembra, teve apenas 67.787 votos, não sendo eleito nem pelo critério de sobras partidárias, no chamado quociente partidário. 

Ah, mas em 2016 ele foi eleito prefeito de Franca! 

Sim, foi. Porém com metade do que o deixara de fora da Assembleia dois anos antes: 34.976 votos. 

E a coligação formada pelo DEM de Gilson (com PSDB-PPS-PRB) elegeu 37 deputados, entre eles, Roberto Engler (pelo PSDB com 122.5 mil votos, agora no PSB de França).

Além de enfrentar a forte postura político-eleitoral de Roberto Engler, que migrou para o PSB do atual Governador Márcio França, com um jargão claro de que tomou esta atitude história após três décadas como tucano, “por novos ares, novas conquistas”.

Novas conquistas, no caso, significaram para Engler aproveitar o “dono da caneta”, com a liberação de verbas para os municípios em que o deputado atua, fundamentais para o apoio de eleitores, mas sobretudo de prefeitos e vereadores em busca do voto, já que candidato não é onipresente numa campanha curta, num Estado com 645 cidades. 

Fragilizado por estar realizando um governo municipal pífio, mais para trapalhadas que por realizações, Gilson de Souza também conseguiu fazer com que dois caciques partidários do PSB se transformassem em seus adversários diretos (Engler e o sempre candidato Marco Aurélio Ubiali), seja agora, no apoio a um ou outro candidato a Governador (ninguém ainda consegue saber se Gilson fica com João Dória, do PSDB a quem o DEM deve apoiar) de bico aberto ou fechado, ou com França (do PSB, a quem os democratas deram as costas por Dória) de forma a conseguir os mesmos objetivos de Engler (liberação de obras e recursos, mesmo depois das eleições). 

Além de tudo isso, o panorama para Gilson não parece nada promissor. 

Seus dois candidatos (o irmão Nirley de Souza, do PP, e o filho Gilsinho, filiado ao PRB) não têm o devido apelo eleitoral para superarem a casa dos 100 mil votos, o mínimo para entrar na linha de corte dos eleitos em 7 de outubro próximo (assim como Engler corre riscos pela mudança de partido de última hora e Ubiali, como sempre uma incerteza eleitoral permanente). 

Gilson continuará fraco eleitoralmente. Mesmo que eleitos, seus dois candidatos, o irmão e o filho, farão parte do “baixo clero” tanto da Assembleia como da Câmara Federal e em “nada apitarão”. 

Na condição de prefeito, Gilson foi um “laboratório” do eleitor francano, que o colocou na fila das tentativas de um prefeito diferente, tirando a chance, por exemplo, da volta de Sidnei Rocha (pela 4ª vez) e da novata em política, Flávia Lancha, filha do ex-prefeito Lancha Filho, hoje secretária do próprio Souza.

Gilson foi testado e em menos de dois anos tem sido veemente reprovado por trapalhadas políticas, para as quais alguns dos aliados, como o inexperiente líder informal (que nem de seu partido ou coligação é, pois apoiou Sidnei Rocha no 1º e 2º turnos), Corrêa Neves Júnior, do PSD, tem muito contribuído pelo seu quase desconhecimento da cidade e estar aprendendo a viver num mundo em que a realidade é muito diferente da teoria. 

Se foi laboratório, testado e aprovado, dificilmente Gilson ganhará outra chance de ouro como esta do eleitor francano.

E como deputado estadual menos ainda, pois perdeu apoio das lideranças regionais já nas eleições de 2014, mesmo que agora tente usar o COMAM – Consórcio dos Municípios da Alta Mogiana – como “muleta política”. 

Aliás, sob o comando de Gilson, a coisa pelos lados do COMAM não têm andado muito bem, também. 

Mais de 80% dos prefeitos não têm pago as mensalidades e nem fazem questão mais de comparecer às reuniões do colegiado, que desde as presidências anteriores de Ricardo Sobrinho (Santo Antônio da Alegria) e Marco Ernani Hissa Luiz – Nanão – (Altinópolis), nada mais conseguiu junto aos governos estadual e federal em favor dos municípios.

Ao fim do Governo França, Gilson terá metade de seu mandato sem muita coisa a deixar como legado na condição de prefeito. 

Se França for eleito, ele encontrará a resistência do próprio novo governador e dos seus principais aliados na região (Engler e Ubiali) para se aproximar do Governo no restante de seu mandato. 

Se não for França a governar o Estado pelos dois anos finais do mandato de Gilson, se for Dória, ele não tem nenhuma ligação (seja de perfil ou político) com o prefeito de Franca, pois este nunca se definiu pública e politicamente a seu favor. 

E Gilson certamente não tem ninguém que faça esta ponte política com Dória pois sempre será visto como o Prefeito que “não deu a cara a bater” pelo midiático Dória. 

É questão prá se pensar. 

Ou quem sabe, no fim, Gilson esteja certo e seja beneficiado por um dos seus próprios mantras que sempre fez questão de usar e dizer: “Política é como uma nuvem”. 

Que o diga o eleitor francano… 

O CHAPÃO DE FRANÇA

O chapão do atual governador Márcio França envolve PSB, PCdoB, PTB, PSC e PPS por enquanto. Tudo isso na coligação proporcional para deputado. O chapão ainda pode receber outras siglas como o PV. 

Neste cenário estamos falando aí de pelo menos 100 mil votos para deputado federal e 80 para estadual. Isso para entrar na brincadeira: Roberto Engler, que estava no PSDB (122,5 mil). Jeferson Campos – que estava no PSD (161.790), Keiko Ota (102.963), Luiz Lauro Filho (105.247).

Aí vamos aos demais partidos da coligação. O PSC entra no chapão para eleger Gilberto Nascimento que obteve 120.044 mil votos na última eleição e é o nome forte do PSC que perdeu Eduardo Bolsonaro e Marco Feliciano. 

O PTB vem com Arnaldo Faria de Sá com 112.940 mil e Nelson Marquezeli com outros 112.711 mil votos.

O PPS descarrega nomes de peso como Alex Manente com 164.760 mil e Arnaldo Jardim 155.278. 

O PCdoB chega descarregando tudo em Orlando Silva que batei 90.641. Nesta conta simples estamos falando apenas dos deputados com mandato deste chapão. Não levando em consideração novos nome e também outros que podem crescer na votação. A briga será para cachorro grande!

Os ajustes dão conta que os maiores favorecidos neste pleito serão os pequenos partidos, pequenos mesmo. 

Com a reforma eleitoral, o cálculo do cociente eleitoral mudou e agora na primeira volta, pega os partidos que chegaram perto do quociente. 

Pode colocar na conta pelos menos três deputados federais e outros três estaduais eleitos pelos minúsculos.

Serão pessoas que estão na hora certa e no lugar certo, como já estiveram candidatos fracos, como os eleitos puxados pelos votos de Enéas lá atrás e Tiririca, no atual mandato de federais. 

(Análise de Caio Mignone, comentarista político do JF)


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