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Sempre haverá dias em que colherás flores nos jardins, e se sentarás em bancos de praças para alimentar pássaros. Também haverá dias cinzentos, em que limparás os destroços nas calçadas, vestígios esquecidos pelas tempestades.
Haverá dias em que plantarás arvores, para mais tarde pendurar balanços e embalar seus filhos sob sua sombra fresca. Em outros dias, terás impetuoso desejo de deferir-lhe duros golpes de machados, e com seus galhos produzir uma grande fogueira.
Dias tenebrosos de tormenta n’alma, que lhe farão cerrar os dentes e palavrões lhe serão bastante sugestivos. Mas, haverá dias de abraços afetivos e melosas frases de amor.
Num dia rodopiarás sob a chuva, no outro buscarás refúgios contra os trovões.
Sempre haverá dias para arrumar a mala que levarás à maternidade. E dias desesperançosos no corredor da UTI.
Haverá dias festivos, em que assinarás a certidão de nascimento. E também dias fúnebres, em lavrarás o obituário de um ente querido.
Num dia escreverás longos textos de amor. Em outros, breves cartas de despedidas.
Dias em que comemorarás a chegada e dias para chorar a partida.
O sol nascerá todo dia, mas, haverá ocasiões em que suas entonações serão apreciadas. Enquanto que, em outros dias, somente a ardência de seus raios terá devida relevância. Assim como as estrelas, que num dia terão vossa atenção e a observação de que seu surgimento é magico, incandescendo de luminosidade o esplendor do céu. Noutros dias, serão apenas pontinhos brilhantes, colados num manto negro.
Haverá dias em que uma xicara de chá e um bom livro, serão uma sugestão bastante interessante para apaziguar o espirito. E haverá dias em que este cenário, lhe proporcionará tédio e profunda melancolia.
Num dia, taças de vinho esquecidas sobre o tapete e corpos suando sob o edredom. No outro, bitucas de cigarro entupindo o cinzeiro, um resto de canção e solidão.
Num dia festejarás o nascimento. No outro debulharás lágrimas sobre lápides.
Sempre haverá dias em que sentirás necessidade de enviar flores. Outros em que esmagarás os botões que florescem nas calçadas.
Haverá dias em que retornar ao lar será o melhor refúgio, e outros, sua última escolha.
Haverá dias em que um “eu te amo” será necessário, outros em que um “adeus” talvez seja a melhor das opções.
Lagrimas e risos!
Derrotas e vitórias!
Tristeza e alegrias!
Exatamente, paciente e impaciente leitor.
Não existe felicidade plena, assim como nenhuma adversidade será eterna. Portanto, se algum dia sentires desejo de dançar sob a chuva que cai lá fora, ou, simplesmente debruçar no parapeito e chorar a vida nas gotas que deslizam na vidraça, faça. Sorria na alegria e chore na dor, com a certeza de que, assim como nós, tudo neste universo é passageiro.
Nossa vida é construída por momentos que se vão como um sopro, e o que realmente importa é intensidade com a qual se vive o balanço confortante do mar, e o amadurecimento com o qual suporta a fúria da tempestade.
Pois, a vida, paciente leitor, é uma junção de momentos, favoráveis para
alguns e altamente desfavoráveis para outros, mas, o certo é que acaba, para alguns e também para os outros.