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Respira fundo, aquele momento que você perde todo o seu olfato porque o coração acelera e você só consegue focar no que está fazendo. Coloca o capacete, senta e percebe que não há cinto de segurança, para-choque ou coisa parecida. Escuta o barulho da partida e o tranco da arrancada, o corpo é jogado pra trás gentilmente e começo logo a procurar onde segurar ou apoiar os braços. Por vários segundos não consigo prestar atenção em absolutamente nada a minha volta somente controlando a respiração e sentindo se consigo relaxar.
É, foi difícil, foram minutos que pareciam horas, mas finalmente o pescoço conseguiu virar para o lado. E assim foram, os primeiros e compridos quilômetros cheios de medos e sensações desconhecidas. Redescobrindo o equilíbrio perdido depois de anos sem o ballet, eliminando muitas celulites com o vibrado do motor que é mais eficiente que uma drenagem linfática, testando a bateria do coração a cada curva, sentindo literalmente na cara o quanto o vento pode ser forte e frio, arrepiando de emoção a cada acelarada, com os olhos marejados e inebriados com tantas coisas lindas e tantas descobertas. Não consegui me comunicar muito, mas consegui sentir de corpo e alma cada sensação. Afinal, é uma tarefa difícil aprender o ajuste do capacete e como não usar suas coxas para frear, sem estar no controle.
Mas o mais interessante foi descobrir e reconhecer tantos cheiros, O vento batia nas mais diferentes horas do dia e apresentava ao olfato, novos e já conhecidos e deliciosos aromas. Os pinheiros, os ciprestes, os eucaliptos, os juníperos, o cheiro da grama misturado com o esterco, os vários quilômetros de vinhedos, a brisa do mar, o cheiro da areia, o cheiro do asfalto (sim, ele existe), o cheiro do pôr do sol (nunca imaginei que sentiria algo desse tipo), o cheiro de quem se ama, o cheiro do couro da roupa, o cheiro dos leões marinhos brincando na beira da praia.
Incrível como é possível unir o olfato, ao olhar e os ouvidos e criar memórias únicas que podem acessadas a qualquer momento quando se tem contato com as tantas coisas que se viu. Passei minha infância escutando como é uma estrada quando se está sobre duas rodas somente, e jamais imaginei viver isso. Às vezes, ao compartilhar dos sonhos de quem se ama, vale muito a pena. Você supera alguns medos, descobre novas emoções e cria experiências, momentos e memórias incríveis e inesquecíveis!