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Introspectiva 2019
ESTRUPO ou ESTRUPRO? me perguntou um aluno de supetão. Respondi: nenhum dois. Outro atropelou gritando: Tá vendo? Não disse? Perdeu a aposta. Brinquei: Perdeu, playboy, a palavra é “estupro”. Alguém falou espantado: Tá brincando! Tem certeza teacher? I’m sure. Respondi brincando. Outra voz surgiu do meio da galera. Ele tá de sacanagem: É ESTRUPO. Não é mestre? Saí.
Deixar as coisas no ar é sempre a melhor forma de ensinar. 2019 foi o ano das dúvidas: o que é fake? O que é news? O que é fake news? Era da pós-verdade? Há verdade? Verdade de quê? De quem? Há imparcialidade? O Brasil é a fake news da fake news. O ESTRUPO? Ou o ESTRUPRO? Estupro sim. Será?
O “politiquês”, “o juridiquês” e o “economês” são as melhores formas de “estrupar” a população, que nada entende de nenhum dos três? Nunca na história desse país vi tanta gente recitando a Constituição e tantos “entendidos” afirmando: “Agora vai aparecer um monte de gente recitando a Constituição”. 2019 foi o ano de excercitar o “achismo” sobre a Constituição Cidadã, do que eu acho que é, se for o que eu penso que é. Ou não? Vale ESTRUPAR ou ESTRUPRAR? Ninguém vai saber mesmo? A Constituição nos estupra? Ou os pastores a usam para estuprar o rebanho?
A palavra “saudade” só existe em português. É certo. Porém, o sentimento, que invoca, pertence a qualquer ser, de qualquer lugar. Em 2019, andamos flertando com o abismo, impelidos pelos adoradores celerados dessa palavra, acrescida das palavras “época” e “ditadura”. Nunca se falou tanto em ditadura, em cidadão de “bem”, em “valores morais”, em bons costumes”. Seja lá o que isso quer dizer. Nunca na história desse país se falou tanto em gente portando armas, assumindo o dever do estado de dar segurança ao cidadão de “bem”. 2019 foi o ano da omissão do estado, do massacre da Constituição e da extrema burrice de uma população que ainda crê na idoneidades das autoridades de plantão. Crê que todo ESTRUPO tem sua razão de ser.
Foi o ano em que saudade e “estrupro” viraram quase a mesma coisa. Aprendi, principalmente, o quanto a palavra “criticar” se tornou tão estúpida e ofensiva. Ou você concorda ou se cala, ou é direita ou é esquerda, senão será expelido do convívio social, profissional e familiar. 2019 foi o ano do “estupro”: política não se discute; os discordantes que se mudem; ou se calam ou perdem o emprego ou morrem de bala perdida com endereço certo. Foi o ano da intolerância em todas as suas vertentes. Você pode ser preso por “crimideia”.
O estupro é um crime tipificado no Código Penal em seu artigo 213 (Lei 12.015, de 1990 repensada 2009 repensada em 2019). Não se preocupem, desconfiados leitores, porque perguntei à Wikipedia e ela, muito “abalizada” no assunto, nosso HD externo, me explicou isso. Somos um país governado pela Wikipedia nas artes, nas ciências e na política. Ou pelo Twitter, onde se pode pode “estrupar” ou “estruprar” à vontade. O “estrupador” manda.
Estupro, segundo a definição jurídica, é “constranger alguém mediante violência ou grave ameaça a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que, com ele, se pratique outro ato libidinoso. Será que participar de um partido que não enfia um crucifixo na vagina, como afirmou a ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, durante a convenção, foi um recado aos outros que cometem esse crime hediondo? Alguém já denunciou esse absurdo? Onde estão direitos humanos? E dos fazedores de crucifixos para funções religiosas? Será que a ministra já foi “estruprada”? Ela tem obsessão por esse tema. 2019 foi o ano dos absurdos, tanto para os que vestem rosa, quanto para os que vestem azul. Tanto para as pessoas que têm vagina ou querem ter, quanto para os que se dedicaram implantar um estado laico.
Elencarei alguns crimes considerados hediondos (Lei 8.072 – 2011): 1) homicídio qualificado; 2) Latrocínio; 3) Extorsão qualificada pela morte; 4) Estupro; 5) Estupro de vulnerável; 6) Epidemia com resultado de morte; 7) Genocidio;