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Saudações paciente leitor!
Aliás, tenho cá minhas dúvidas, se és ainda tão paciente assim!
Particularmente, defendo a opinião de que, quem manipula palavras, deve valer-se do mesmo cuidado de quem manuseia uma granada, ou qualquer objeto do gênero. Pois, um deslize e a coisa vai para os ares. Por esta razão, tento, na maioria das vezes, quando a lucidez permite, ser tão coerente quanto honesto em minhas linhas. Ainda que a linha entre ambos é, por vezes, extremamente tênue.
Dadas devidas explicações, devo admitir que estas benditas eleições presidenciais, deste turvo 2018 tem se revelado como um divisor d’aguas na história moderna desta nossa sociedade brasileira.
Dizem por ai, que o Brasil se dividiu. Pertinente. Mas, quando é que o Brasil foi unido? Aliás, devo observar que são raras, as nações verdadeiramente entrelaçadas numa mesma causa. Ora! A quem pretendemos enganar? O Brasil sempre foi dividido em cacos, portugueses e índios, negros e brancos, monarquistas e republicanos, conservadores e liberais, elitistas e miseráveis e por ai vai. Aceito a alegação de que aprendemos, ao longo dos anos, na medida do possível, conviver senão saudável, ao menos o mais próximo de tolerantes, uns com os outros.
O fato é que temos hoje, em Haddad e Bolsonaro, duas propostas de filosofias distintas. Aliás, creio que minha geração nunca teve duas propostas tão extremadas. Oito ou oitenta. De um lado, a proposta de se manter tudo do jeito que está, reabilitando uma popularidade estremecida, mantendo programas populares e corrigir rachaduras que foram se alargando ao longo destes últimos anos. Na outra raia, favorito ou azarão, só o tempo nos dirá, corre um típico anti-herói, que propõe resgatar valores esquecidos e guiar o Brasil por um novo caminho.
Como são extremadas as opções, neste menu duvidoso, quase indigesto, naturalmente, nasce uma clara divisão de opiniões entre os eleitores. Honestamente, e eu jamais escreveria tais, se não fosse tutelado pela honestidade, isso pouco me preocupa, pois, acredito que divergências de filosofias são fundamentais para o crescimento social, desde que as partes estejam preparadas para refletir sobre opiniões opostas. Entretanto, divergências em terrenos dilacerados pela miséria de valores, de educação e de toda sorte de comportamento social, tende a inclinar para confrontos extremamente agressivos. Trocando em miúdos, proponho ao leitor, imaginar um enorme liquidificador, nele, adicione, falta de identidade, abandono intelectual e cultural, desvalorização familiar e social e uma grande mídia televisiva altamente manipuladora. Some a esta mistura, as fragmentações dos resultados disso tudo, ou seja, intolerância de opiniões, preconceito, desinformação, racismo etc, pronto, criou-se os tantos seres lamentavelmente robotizados e manuseados, que se estapeiam nas esquinas virtuais, defendendo filosofias governamentais, armados de argumentos extremamente agressivos e intolerantes. O que me preocupa de verdade, é a clara disseminação de ódio e os muros sociais que estão se erguendo. E triste, é perceber que boa parte da massa está sendo manuseada pela desinformação, causada pelos longos anos de comodismo e desinteresse.
Quando afirmo que esta eleição pode se tornar um marco na história moderna Brasileira, faço referência ao modelo político que se perpetuará neste imenso bordel. Se será a bandeira de Haddad, ou de Bolsonaro, a tremular no planalto, somente as urnas dirão. Mas, claramente, as cortinas caíram, e revelaram um povo altamente despreparado para os novos desafios que virão. O povo brasileiro tem se tornado torcedor de organizadas políticas e, consequentemente, fazendo de partidos políticos, o clube de coração e isto me assombra. Temo que com isso, se agrave a manipulação midiática, os conflitos resultantes de todo tipo de intolerâncias. Quanto à nossa paciência? Posso afirmar que já está tão diluída quanto os cacos desta pátria que nos pariu.
*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.