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Saudações paciente leitor!
Você já conseguiu um emprego?
Já se formou?
Casou?
Comprou casa?
E seus filhos? Já estão tentando conquistar tudo isso?
Chega a ser ridiculamente engraçado, amargamente hilário, são estas as perguntas, com as quais as pessoas interpelam nossa existência. Cumprindo rigorosamente um formulário pré-estabelecido. Como se nossa existência obedecesse somente a estas formulas. Como se a materialização de uma vida “normalzinha” fosse, de fato, o essencial.
No entanto, raramente, ou, quase nunca, nos perguntam se somos felizes. Como se a felicidade estivesse embutida somente numa conquista material. Como se, ao comprar aquele tão sonhado conversível, a felicidade se perpetuaria em sua vida. Como se sua felicidade dependesse daquele casamento que ainda não saiu. A conquista nos propõem uma explosão momentânea de alegria, além de viabilizar a comodidade. Nos deparamos com uma porção de gente que tem tudo isso citado no enredo e, no entanto, não é feliz, pessoas que seguiram o protocolo e estão completamente perdidos.
Vivemos à procura da felicidade, como se felicidade fosse um bem material. Uma recompensa para uma vida de abdicações, uma espécie de pote de ouro no final do arco íris. Quase sempre, deixamos de lado nossa essência nesta busca desesperada. Como se fosse algo a ser buscado num terreno insólito sob incontáveis sacrifícios.
Inevitavelmente, somos contagiados por estas “regras do bom ser humano” e, também cometemos o crime de praticar tal abordagem, passando adiante as expectativas que nos são depositadas. Aliás, um dos grandes problemas, que inibem ou destroem os relacionamentos, são as expectativas. Estamos sempre criando expectativas, programando o mundo a girar em nosso favor. Por esta razão, quase sempre nos decepcionamos com as pessoas, simplesmente porque criamos expectativas para ela. Esperamos que ele comprasse um automóvel, mas, não sei porque cargas d’agua ainda anda a pé. Queríamos vê-la casada, mas, fomos contrariados. Será que passara por nossa cabeça vê-la feliz?
Estabelecemos expectativas e esperamos que as pessoas sigam rigorosamente o cronograma estabelecido, como perfeitas marionetes programadas. Sugiro, amigo leitor, abolirmos de vez as expectativas e concentrarmos nossa existência em ações que possa nos proporcionar felicidade.
Os anos nos valem para, além de branquear os cabelos, atingir certo amadurecimento suficiente, para entender que, felicidade plena não existe.É ingenuidade crer em felizes para sempre. Felicidade, são fragmentos de uma existência, momento que se tornam mais constante e duradouros, na medida em que amadurecemos.
E você, paciente leitor? É feliz?
É capaz de lidar com expectativas lutar por sua felicidade, não o padrão de felicidade estabelecido pelos outros?
É feliz o suficiente para entender que lágrimas, provavelmente, turvarão este sentimento?
Feliz o suficiente para contradizer as tantas regrinhas de etiqueta, que muitas vezes nos amputam?
A felicidade está bem mais próxima do que imaginamos, num terreno, repleto sim de labirintos, mas, extremamente cuidado e sujeito a boas transformações. É utopia simbolizar na felicidade a cereja que coroará nosso bolo, quando, agastados, no fim da vida, aguardaremos nosso ponto final. Todo dia que nasce é uma excelente oportunidade de ser feliz. E daí se, por um acaso você ainda não comprara aquela casa? Pois, a felicidade está também no processo que leva até a consagração do objetivo. Está em cada tijolo que utilizamos para edificar nossos sonhos. A felicidade se encontra em gestos e ações tão pequenos que, muitas vezes, parece zombaria, das tantas dificuldades que estabelecemos para conquista-la.
Ah paciente leitor!
Quer de fato, saber de uma vez por todas onde está esta tal felicidade?
Posso desenhar aqui um mapa, mas, enquanto não o faço, por favor, vá buscar um espelho.
*Essa coluna é semanal e atualizada às quartas-feiras.