Cientistas criam ‘embrião sintético’ sem necessidade de óvulo ou esperma

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 4 de maio de 2018 às 02:08
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:42
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O estudo pode ser um grande avanço para pesquisas sobre casos de infertilidade humana

Pesquisadores
do Instituto Merlin da Universidade de Maastricht, na Holanda, conseguiram
desenvolver um embrião usando células não-reprodutivas de ratos. Os embriões
não precisaram de um óvulo e de espermatozóide para serem criados e se fixaram
no útero de uma fêmea da espécie, se desenvolvendo durante alguns dias.

O doutor Nicolas Rivron, cujo time foi o responsável pela
criação do embrião,
explicou que o processo envolveu a mistura de dois tipos de células-tronco,
que, quando observadas a partir de um microscópio, eram muito parecidas com
embriões em seus primeiros estágios de desenvolvimento.

Assim, pela primeira vez na história, embriões de células-tronco
– algo que já fora criado em outras pesquisas – foram implantados em um útero. “Agora,
nós podemos gerar um número extremamente grande desses embriões para estudá-los
em detalhes. Isso pode nos ajudar a entender por que alguns deles não conseguem
se implantar e também a procurar medicamentos que podem ajudar na fertilidade”,
o cientista explicou.

Essa está sendo considerada a tentativa mais bem-sucedida de
criar embriões com células do gênero. Para especialista o em células-tronco Dusko Ilic, “essa foi a primeira
vez que cientistas foram capazes de lançar uma luz em mecanismos moleculares de
implantação, e essas descobertas podem nos ajudar a entender mais sobre alguns
aspectos da infertilidade e a melhorar técnicas de reprodução assistida”.

Questão dos abortos espontâneos

Por mais que Rivron tenha explicado que não existem
planos para repetir o estudo com células humanas, o teste com os ratos já pode
significar um grande avanço nas pesquisas sobre reprodução humana.

Os abortos espontâneos acontecem antes mesmo da
mulher saber que está grávida, no momento em que o óvulo
fertilizado não consegue se fixar na parede do útero.

Por mais que seja um processo muito comum,
especialistas ainda não compreendem completamente por que ele acontece – por
mais que, provavelmente, os eventos devem estar relacionados com malformações
nos embriões.

Como o estudo de embriões envolve a bioética e a legislação de cada país, pesquisas
sobre o tema ainda causam polêmica. Por isso, utilizar células-tronco pode ser
uma alternativa para conseguir analisá-los em estudos cada vez mais
aprofundados.

Criação de um ‘embrião sintético’ humano

Para o professor Robin Lovell-Badge, do Instituto
Francis Crick, no Reino Unido, a ideia de criar estruturas humanas do gênero
ainda é extremamente remota. “Isso é uma pena para pesquisas básicas, porque
seria muito útil ter um suporte infinito de estágios iniciais de embriões
humanos para entender a interação entre as células”, declarou.

Por
outro lado, o caso teria diversas implicações legais. “Pode soar como um alívio
para muitos que não seja viável produzir um
embrião humano capaz de ser implantado. Por mais que
seria legal fixá-los em mulheres, como é a situação da Inglaterra”.


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