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Ceratocone é responsável pela maioria dos transplantes de córnea no Brasil; oftalmologista explica os sintomas e como tratar
Ceratocone é uma doença que afina e curva a córnea, deixando-a em formato de cone – foto Shutterstock
Segundo dados recentes do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), o número de transplantes de córnea no Brasil quase triplicou nos últimos dez anos, passando de 10.734 em 2014 para 28.937 em 2024.
Esse cenário teria sido causado pelo aumento de diagnósticos de ceratocone, problema que afeta a córnea e deixa a visão embaçada e distorcida.
De acordo com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, diretor executivo do Instituto Penido Burnier de Campinas, no interior de São Paulo, um levantamento realizado nos prontuários de 920 portadores de ceratocone atendidos pelo hospital, revela que 690 deles ou 75% não realizam os exames no período prescrito pelos oftalmologistas.
A maioria das pessoas descobrem a condição em estágio intermediário.
Uma evidência disso é que dos 920 prontuários avaliados no hospital, 61% ou 561 pacientes já usavam lentes de contato rígida que aplana a córnea e melhora a correção refrativa.
“A falta de acompanhamento oftalmológico do ceratocone é um erro porque o prognóstico de todas as condições de saúde é melhor quanto antes são tratadas”, pontua Leôncio.
Segundo o médico, o maior risco da falta de acompanhamento oftalmológico é o aumento da curvatura da córnea em um curto espaço de tempo.
Isso porque, prejudica a adaptação da lente de contato que entra em atrito com a córnea e provoca evolução mais rápida do ceratocone. Portanto, é tão perigoso quanto o hábito de coçar os olhos.
Causas e sintomas
O ceratocone é uma condição degenerativa que enfraquece as fibras de colágeno da córnea, lente externa e transparente do olho, responsável por 60% de nossa refração.
A doença afina e curva a córnea que normalmente é esférica e passa a ter o formato de um cone.
Altamente incapacitante, os sintomas do ceratocone são: troca frequente dos óculos, dificuldade de enxergar à noite, miopia associada ao astigmatismo, fotofobia, visão dupla e turva.
Além disso, há indícios de que a condição pode estar associada à genética, atopia, fatores ambientais como o excesso de poluição, poeira ou contato com pelo de animais, alterações hormonais que interferem na síntese do colágeno, excesso de limpeza e exposição precoce aos antibióticos.
A atopia pode causar reação alérgica nos olhos, eczema na pele, rinite no nariz e asma nos pulmões. Por isso, toda pessoa que apresenta uma ou mais dessas alterações deve fazer um checkup da córnea.
Como prevenir o ceratocone?
Existem alguns cuidados essenciais para evitar o desenvolvimento do ceratocone. São eles:
– Mantenha as consultas regularmente para ajustar suas lentes;
– Evite coçar os olhos;
– Aplique compressas frias em crises de coceira ou sensação de areia nos olhos;
– Dê preferência às soluções higienizadoras de lente sem conservante para evitar irritações oculares;
– Só use colírio com corticoide sob supervisão médica para afastar o risco de glaucoma;
– Interrompa o uso de antialérgico caso use lente e sinta os olhos ressecados;
– Faça polimento semestral das lentes com seu oftalmologista para eliminar resíduos que deformam a superfície,
– Use óculos escuros com proteção ultravioleta em locais ensolarados.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da condição é feito por meio da tomografia, que faz o mapeamento 3D da córnea e possibilita flagrar a doença logo no início.
No entanto, o oftalmologista ressalta que o exame oftalmológico de rotina não é suficiente para diagnosticar o ceratocone.
“Quanto mais precoce é o diagnóstico, maiores são as chances de escapar do transplante de córnea”.
“No início o tratamento combina o uso de óculos para corrigir a refração e colírio hidratante que melhoram a lubrificação das pálpebras, córnea, conjuntiva, esclera e cílios, visando evitar danos na parte externa dos olhos”, explica Leôncio.
O crosslink é o único procedimento que interrompe a progressão da doença.
A cirurgia, explica, é ambulatorial, feita com anestesia local e consiste na aplicação de riboflavina (vitamina B2) associada à radiação UV (ultravioleta) na superfície da córnea para aumentar sua resistência em até três vezes.
*Informações Alto Astral