Cápsulas “recheadas” de remédios serão usadas para combater câncer

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de maio de 2018 às 06:46
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
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As cápsulas poderão fornecer tratamento para tumores no cérebro que acabam tirando a vida de pacientes

De
acordo com um novo estudo publicado no periódico Nature, cápsulas de gordura de
pouco mais de cem nanômetros de tamanho poderiam ser usadas para infiltrar
drogas em uma das fronteiras mais difíceis do corpo: o cérebro. A ideia é que
essas nanopartículas mirem especificamente no glioblastoma, um tipo de câncer
cerebral agressivo.

Colocar qualquer coisa no cérebro por meio da corrente
sanguínea é complicado devido a uma parede de células fortemente interconectada
que fica no caminho. Essa barreira hematoencefálica tem uma função importante,
pois impede que bactérias e vírus entrem na massa cinzenta e causem estragos no
cérebro, mas essa muralha também torna muito mais difícil a absorção de
moléculas estranhas no cérebro, como as toxinas utilizadas para atacar o
câncer.

Para resolver o problema, cientistas do MIT, nos Estados
Unidos, projetaram cápsulas que poderiam atravessar a barreira e atingir o
tumor e já as testaram em camundongos.

As nanopartículas são cápsulas lipídicas recheadas de
remédios usados na quimioterapia. Os pesquisadores revestiram as drogas em um
tipo de proteína de ligação de ferro chamada transferrina, juntamente com uma
substância química chamada polietilenoglicol. Uma vez do outro lado, essas
moléculas se atêm a receptores similares usados pelo tumor, ignorando o tecido
cerebral saudável.

Os ratos que receberam doses diárias das partículas
sobreviveram até duas vezes mais que os animais que não receberam tratamento.
Eles também mostraram menos danos ao tecido não-cancerígeno com as drogas, em
comparação com os ratos que receberam tratamento de forma convencional.

De acordo com Fred Lam, principal autor do estudo, “o
objetivo era ter algo que pudesse ser facilmente traduzido, usando componentes
sintéticos simples”, disse. Segundo os pesquisadores, até agora só foram
realizados os testes em camundongos, mas se tudo correr bem, as cápsulas
poderão oferecer tratamento para tumores que normalmente tiram a vida de
pacientes em 15 meses após o diagnóstico.


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