Cantar em coral pode atrasar queda de funções cognitivas, diz pesquisa

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 19 de junho de 2022 às 12:00
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Cientistas europeus estudam os impactos da música em idosos com afasia, condição que afeta as habilidades de comunicação dos pacientes

Cantar em coral pode ajudar a prevenir doenças que afetam a cognição, como afasia – foto Prefeitura de Curitiba

 

Cientistas de Helsinque, na Finlândia, estudam como o hábito de cantar pode contribuir com a reabilitação de pessoas com afasia, como o ator Bruce Willis, e na prevenção de doenças que levam à queda das funções cognitivas.

A afasia é uma condição que afeta as habilidades de comunicação dos pacientes após uma série de lesões cerebrais, como o derrame, por exemplo.

Apesar das dificuldades, a terapia de entonação melódica tem apresentado bons resultados para esses pacientes. Cantando as palavras ao invés de dizê-las, parte dos indivíduos consegue se comunicar melhor.

O professor Teppo Särkämö, coordenador do projeto Premus, criou um coral de idosos voltado para o tratamento de pacientes com afasia e familiares que se dedicam aos seus cuidados para o estudo.

O grupo de pesquisa também realizou uma série de ressonâncias magnéticas funcionais (fMRI) dos cérebros dos participantes e de pessoas jovens, de meia-idade e idosos que cantam em corais, para comparar os dados.

Os resultados mostraram que as redes cerebrais envolvidas no canto sofrem menos alterações do que as responsáveis ​​pela fala com o passar dos anos.

Em entrevista ao jornal El País, Särkämö explicou que, quando uma pessoa canta, os sistemas frontal e parietal do cérebro são ativados e mais recursos motores e cognitivos associados ao controle verbal e funções executivas são utilizados. Esses dois sistemas são responsáveis por regular o comportamento.

Além disso, os membros do coral conseguiram alcançar melhores resultados em testes neuropsicológicos, relataram menos dificuldades cognitivas e demonstraram maior integração social.

Testes com eletroencefalogramas indicaram que eles possuíam ainda melhor capacidade de processamento auditivo, que lhes permite combinar informações sobre tom nas regiões frontotemporais do cérebro.

O estudo mostrou ainda que a interação social associada ao canto em coral também pode atrasar o início da demência.

“Em última análise, o objetivo do nosso trabalho com pessoas com afasia é usar o canto como uma ferramenta para exercitar a produção da fala e eventualmente comunicar-se sem a necessidade de cantar”.

“No entanto, nos corais estamos vendo o efeito que essa intervenção tem no dia a dia das pessoas como uma ferramenta essencial de comunicação”, diz o pesquisador.

*Informações Metrópoles


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