Câncer de tireóide representa de 3 a 5% dos tumores diagnosticados

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  • Publicado em 19 de janeiro de 2018 às 12:17
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:32
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E ao contrário do que muitos pensam, doença exige cuidados rigorosos e pode ser bastante agressivo

​Ao contrário
do que muitas pessoas pensam, o câncer de tireoide exige cuidados rigorosos e
pode ser agressivo, de acordo com o oncologista do Complexo Hospitalar Edmundo
Vasconcelos, Artur Malzyner. Com 39 anos de experiência na área e autor de
diversos livros, Malzyner é enfático ao afirmar que este carcinoma – a
neoplasia maligna mais comum do sistema endócrino – não tem nada de bonzinho.

“Sem dúvida,
é um tipo de câncer melhor que muitos outros. Poucos pacientes falecem em
decorrência deste problema nos dias de hoje. Mas, não dá para dizer: fique
tranquilo, que nada vai te acontecer”, argumenta o médico. “Câncer bonzinho é
aquele inócuo, que, mesmo sem tratamento, evolui bem; e não é o caso. Posso
dizer que o câncer de tireoide é bem domável”, complementa.

De acordo
com Malzyner, este tipo de neoplasia representa de 3 a 5% dos cânceres hoje
diagnosticados no mundo e tem o índice de mortalidade menor no universo dos
tumores malignos. Nos Estados Unidos, a estimativa para 2017 é de 55 mil novos
casos. No Brasil, é o oitavo mais comum na população feminina (excluindo os
tumores de pele não melanoma), sendo que, em 2016, foram estimados cerca de 7
mil novos casos.

São quatro
os tipos de tumores na tireoide: papilífero, folicular, medular e anaplásico.
Os dois primeiros são considerados diferenciados e com menor gravidade. O
último, mais raro, é, em geral, agressivo e com índice de mortalidade elevado.

O papilífero
corresponde a cerca de 70% dos casos, com diagnóstico frequentemente em
mulheres (três vezes mais afetadas que os homens), entre 30 e 60 anos. No
adulto idoso é mais agressivo. O folicular é menos frequente, de 10 a 15% dos
casos, comum entre 40 e 60 anos, sendo o público feminino mais atingido do que o
masculino e 90% dos pacientes ficam curados. Uma pequena porcentagem tem
recaída ou metástase.

O medular
representa até 5% dos casos, podendo ser transmitido geneticamente em 25% dos
casos. Já o carcinoma anaplásico, o mais raro e agressivo, atinge de 2 a 3% dos
casos e maior incidência em pacientes mais velhos.

De acordo
com dados recentes da Sociedade Americana de Câncer, nos tumores pequenos, é
incomum ter algum problema. Os mais avançados do tipo papilífero têm um índice
baixo de mortalidade, em torno de 7 a 10% em cinco anos e nos mais avançados
(com metástase), apenas 50% se curam. O folicular é semelhante e os tumores
medulares apresentam o mesmo comportamento, mas na metástase apenas 25%
conseguem obter êxito. Genericamente, de 10 a 30% dos pacientes falecem em 10
anos e com metástase 50% apenas sobrevivem no mesmo período.

O tratamento
dos tumores de tireoide se baseia na retirada de parte ou toda a glândula
(denominada tireoidectomia total ou parcial) e, de acordo com a extensão da
doença, o paciente deve receber iodoradioativo, administrado uma, duas ou mais
vezes, dependendo da circunstância e da gravidade do caso para consolidar o
tratamento. Após estes procedimentos, é indispensável ingerir um comprimido de
hormônio sintético todos os dias até o fim da vida.

“Com a
cirurgia e o tratamento radioativo, a imensa maioria fica boa”, garante
Malzyner, que alerta que nem sempre é fácil recolocar o hormônio no organismo
dos pacientes e acertar a dose do remédio. “As vezes é um problema. Não é
sempre rápida a adaptação ao hormônio sintético.”

Nos últimos
anos, os diagnósticos de câncer de tireoide vêm aumentando no País e nos
Estados Unidos, em decorrência, entre outros fatores, da exposição ao raio X.
“As pessoas também estão mais conscientes e procuram com maior frequência o
médico. Além disso, a disseminação do uso do ultrassom permitiu encontrar mais
facilmente os tumores de tireoide”, finaliza.

Fique atento
para os seguintes sinais e sintomas do câncer de tireoide: nódulo no pescoço,
que às vezes cresce depressa; dor na parte da frente do pescoço, que às vezes
irradia para os ouvidos; rouquidão ou mudança no timbre de voz que não
desaparece com o tempo; dificuldade para engolir; dificuldade para respirar
(com a sensação de que se está respirando por um canudinho) e tosse que não
para e não tem qualquer relação com a gripe. “Tratando corretamente, as chances
são realmente muito boas de cura”, reforça Malzyner.