Caminho das doações: saiba o que é feito com o dinheiro arrecadado nas lives

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 18 de maio de 2020 às 12:30
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:44
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Shows já arrecadaram mais de R$ 7 milhões; instituições têm autonomia para decidir onde aplicar dinheiro

No modelo de live adotado por artistas durante a quarentena, eles cantam e fazem estripulias para divertir o público, enquanto pedem doações para instituições que ajudam a combater os prejuízos causados pelo coronavírus.

Mas, depois que o show termina, qual é o caminho trilhado pelo dinheiro que foi arrecadado? 

Algumas informações importantes:

  • As instituições que receberão as doações, a depender do caso, podem ser escolhidas pelo artista ou pelo próprio doador;
  • Nas principais plataformas de doação, o dinheiro doado segue direto para uma carteira digital da instituição escolhida;
  • As instituições têm autonomia para decidir de que forma vão aplicar a quantia arrecadada.

Na principal plataforma de doação usada nas lives, o montante arrecadado desde o início da campanha do coronavírus chegou a R$ 7 milhões no início da semana passada.

A live de Sandy e Junior, em abril, foi até agora a campeã em doações, com mais de R$ 1,8 milhão arrecadados. 

Em seguida aparece a live do projeto “Amigos”, que juntou Chitãozinho e Xororó, Zezé Di Camargo e Luciano e Leonardo e recebeu R$ 1,7 milhão.

A plataforma, que funciona desde 2012 como um aplicativo de pagamentos, tem mais de mil ONGs cadastradas. 

Qualquer instituição pode se registrar para receber doações, sem cobrança de taxas, durante a pandemia.

As entidades passam por um processo de validação, que verifica se os recursos recebidos serão destinados a causas consistentes.

Para onde vai o dinheiro?

Em grande parte dos casos, o dinheiro do público de lives serve para ajudar a manter instituições que já sobreviviam com doações antes da pandemia. 

Com comércio fechado e eventos proibidos, elas perderam outros meios de arrecadação.

O Hospital do Amor, antigo Hospital de Câncer de Barretos (SP), por exemplo, dependia de shows e leilões beneficentes para bancar parte dos cerca de R$ 40 milhões mensais que precisa para manter os pacientes.

Dessa quantia, cerca de R$ 15 milhões são repassados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). 

A instituição busca o restante em ações com a sociedade civil, explica a coordenadora de captação de recursos do hospital, Larissa Mello. Mas, com a pandemia, o orçamento diminuiu consideravelmente.

Ela diz que, em abril, as lives de artistas renderam cerca de R$ 2 milhões em doações para o hospital. “Estamos tendo que readequar muita coisa, economizar onde dá.”

E essa é a situação de uma das entidades que mais receberam recursos arrecadados em shows on-line até agora.

O hospital de Barretos já tinha um relacionamento próximo com astros do sertanejo: há até um pavilhão com o nome de Chitãozinho e Xororó. Por isso, acabou virando foco das lives de vários artistas do gênero.

Outra campeã de arrecadação é a Central Única de Favelas (Cufa). A instituição lançou em abril o projeto Mães da Favela, para ajudar no sustento de moradoras de comunidades, que perderam suas rendas por causa da pandemia.

Em pesquisa feita pelo Data Favela e divulgada em abril, nove em cada dez mães moradoras de comunidades de todo o país disseram que teriam dificuldades para comprar comida após o primeiro mês sem renda.

Com base nesse dado, o objetivo da Cufa é destinar uma bolsa mensal de R$ 120 a mães em comunidades. Mais de 25 mil mulheres já receberam o auxílio.

Nesta semana, o projeto chegou à marca de R$ 10 milhões arrecadados, com a ajuda de lives e outras ações, segundo a instituição.

Apenas o show de emicida, cuja transmissão durou oito horas no Dia das Mães, gerou R$ 800 mil em doações para a causa.


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