Cafeicultura mira o futuro do mercado em plataformas tecnológicas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 13 de março de 2018 às 14:16
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:37
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Uso da tecnologia requer educação, por isso é importante o aumento do investimento realizado em capacitação

Os conselheiros diretores do Conselho Nacional do Café
(CNC), entidade que representa as principais cooperativas produtoras do Brasil,
reuniram-se, no começo do mês de março, em Ribeirão Preto. Um dos principais
assuntos do encontro foi a crescente elevação dos custos de produção no País,
apesar da eficiência do cafeicultor na elevação de sua produtividade, colhendo
mais em área menor.

As lideranças cooperativas do setor apresentaram
suas preocupações e debateram possíveis cenários que gerem soluções para
mitigar os gastos para cultivar café e chegaram ao entendimento de que
investimentos em tecnologia são fundamentais, envolvendo genética e sistemas de
monitoramento das áreas produtivas.

Também foi alertado que o uso da tecnologia requer
educação, por isso é importante o aumento do investimento realizado pelas
cooperativas em capacitação de produtores, haja vista que a velocidade de
disponibilização de novas tecnologias é alta. “É fundamental saber quem
vai usar a tecnologia, garantindo que seja aplicada corretamente, pois a sua má
aplicação causa o efeito reverso de elevar o custo e reduzir a
sustentabilidade”, comenta o presidente executivo do CNC, deputado Silas
Brasileiro.

Outro aspecto apresentado durante a reunião foi que
o dilema do médio produtor permanece: “ser grande demais para dar conta do
serviço com o trabalho familiar e pequeno demais para arcar com investimentos
expressivos em tecnologias”, revela o presidente.

Uma das possíveis soluções para este dilema foi
apresentada pelo gerente agrícola de cafés da Nestlé, Pedro Malta, que propôs o
processo de diferenciação do café, de forma que se alcance um preço médio
levemente superior em relação ao atual nível que o médio produtor experimenta.

Outra solução sugerida foi o investimento em
tecnologia de comunicação para aproximar o produtor do consumidor final
estrangeiro. “O fato não é novo. Em verdade, trata-se de uma tendência
mundial de comércio através de aplicativos e plataformas similares aos serviços
oferecidos por Uber, Airbnb, Hinode, Netflix, Spotify, iFood, entre outras, as
quais aproximam os consumidores e seus desejos aos produtos que lhes
interessam”, explica, em nota, a entidade.

Os conselheiros expuseram, ainda, que o
investimento em cafés diferenciados encarece a produção e o volume cultivado é
pequeno; que há necessidade de qualificação dos cafeicultores para terem
ciência de seus custos; e, por fim, o crescente aumento nos gastos, apesar dos
ganhos de eficiência do produtor brasileiro, o que resulta em margens rentáveis
muito estreitas. “Mesmo diante dessas adversidades, as lideranças
cooperativistas entenderam que os cafés especiais e finos, mesmo “mais
caros” para produzir, servem de mola propulsora para a comercialização dos
frutos convencionais (não diferenciados), pois trazem notoriedade às origens
produtoras do Brasil”, conclui Silas Brasileiro.


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