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Caso os animais entendam que a aproximação do humano é uma ameaça, é natural que adotem condutas de defesa
Caso eles entendam que a aproximação é uma ameaça, é natural que adotem condutas de defesa
Um cachorro perdido ou abandonado pode se tornar um perigo: confuso e desorientado, até mesmo um peludo simpático e brincalhão se transforma facilmente em um risco potencial.
Ele pode se revelar tímido, apavorado ou agressivo, reações que nascem do medo. Para se aproximar, é preciso tomar alguns cuidados.
O comportamento dos cachorros extraviados é explicado facilmente: eles estão por conta própria no mundo. A conduta se aproxima da figura do “lobo solitário”, animal feroz que ronda estradas e vilas.
É tudo uma questão de perspectiva. Um cachorro de grande porte tem de 60 cm a 70 cm de altura.
Mesmo um humano de baixa estatura, de 1,60 metro, ao se aproximar, projeta-se de forma muito maior e amedrontadora: é um vulto que o animal perdido entende quase sempre como uma ameaça.
A linguagem corporal
Os cachorros demonstram os seus sentimentos, emoções e sensações através de um repertório relativamente limitado de vocalizações: eles podem rosnar e latir ferozmente, ou apenas ganir e choramingar – tudo depende do temperamento individual.
A comunicação canina é feita basicamente através da linguagem corporal. Um cachorro “fala” sobre os seus medos encolhendo o corpo, colocando as orelhas para trás, eriçando os pelos, abaixando a garupa ou enfiando o rabo entre as pernas.
Perdido ou abandonado, ele não tem nenhum motivo para confiar em pessoas estranhas. As condições do cachorro podem informar o tempo aproximado em que ele está naquela situação, mas ele não sabe contar o que aconteceu.
É sempre possível que ele tenha sofrido maus tratos, tanto da antiga família que o abandonou, como de desconhecidos – certas pessoas se divertem chutando, apedrejando ou apenas assustando animais de rua.
Inusitado
Com muito medo daquela situação inusitada, ele pode se mostrar tímido e tentar esconder-se de tudo e de todos.
O medo do desconhecido, porém, se transforma rapidamente em raiva e, em uma situação de urgência, com fome, frio, desidratado ou apenas confuso, o cachorro pode partir para o tudo ou nada. “Se eu não mato, eu morro” – esta é a tática mais frequente dos desesperados.
Esta rápida passagem da raiva para o medo pode colocar em apuros alguns humanos que tentam ajudar os cachorros abandonados.
Caso eles entendam que a aproximação é uma ameaça, é natural que adotem condutas de ataque.
Como se aproximar dos cachorros
O melhor a ser feito ao identificar um cachorro sozinho nas ruas é acionar as autoridades locais: a polícia, os bombeiros ou eventuais serviços de resgates de animais perdidos ou abandonados. Estes profissionais geralmente têm treinamento e recursos adequados para o resgate.
É igualmente possível oferecer água fresca e alguma coisa para atenuar a fome dos animais. A melhor tática é apresentar o alimento e afastar-se, para que eles decidam o momento certo de aproveitar as ofertas.
Lembre-se: para se defender, um cachorro pode partir para o ataque e morder os benfeitores. Muitas vezes isso ocorre por confusão sobre os gestos, que podem ser rápidos demais ou excessivamente assustadores.
Mesmo um animal de pequeno porte pode provocar ferimentos graves; além disso, ele pode ser portador de micro-organismos nocivos para nossa saúde. Nunca é possível determinar com precisão há quanto tempo ele está na rua, nem os motivos exatos que causaram o abandono.
Eventuais acidentes
Uma vez acionado o serviço de resgate, os benfeitores podem tentar algumas estratégias para amenizar o desconforto, a solidão e o medo dos cachorros perdidos ou abandonados. O ideal é supervisioná-los até a chegada da ajuda, para impedir eventuais acidentes.
Nunca se aproxime demais do cachorro, a menos que ele dê sinais inequívocos de docilidade: rabo abanando à altura da linha superior do dorso, latidos amistosos, paradas súbitas seguidas de recuos e aproximações, etc.
Ao se aproximar, tente baixar um pouco o tronco. O cachorro naturalmente poderá se assustar com a chegada de um estranho com pelo menos o dobro da sua altura. A reação mais comum é tentar fugir ou esconder-se, mas mesmo isso pode ser perigoso: o peludo pode correr para a rua, expondo-se a um atropelamento, por exemplo.
Resposta natural
Quando o cachorro dá sinais de que está permitindo a aproximação, o benfeitor precisa descer o máximo possível ao nível dele: agachar-se e ajoelhar-se são boas técnicas, sempre com movimentos vagarosos e tranquilos, até o peludo compreender que não se trata de uma ameaça.
Na linguagem corporal canina, o confronto é sempre um desafio. Se o benfeitor se aproximar em linha direta, com o tronco voltado de frente para o cachorro, este entenderá que está sendo atacado.
As respostas naturais a esta descarga de adrenalina são: a fuga, mais frequente, ou o ataque, no caso de animais dominantes, territorialistas ou reativos.