Cada vez mais comum, consumismo infantil exige que pais ensinem os filhos

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  • Publicado em 29 de dezembro de 2017 às 00:08
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:30
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Desafio é ensinar os filhos a aprenderem a lidar com o valor do dinheiro desde muito cedo

É provável que você faça parte da enorme legião de pais que sente prazer em presentear os filhos. Também é possível que tenha pelo menos uma vez, tido de ceder aos apelos e ao ímpeto consumista; se não, administrou a tradicional choradeira em casa e, com sorte, conseguiu chegar ao denominador comum que tantos querem, mas poucos alcançam. Não há motivo para se desesperar. Você não está sozinho nesse eterno impasse que envolve a busca do consenso entre satisfazer a vontade das crianças e, ao mesmo tempo, fazê-las entender que para tudo há limite. Até por isso, esse imbróglio doméstico-familiar envolve mais do que paciência. 

Segundo uma pesquisa realizada pelo SPC Brasil, o maior problema começa mesmo com o estilo de vida dos pais. O estudo constatou que 47% das mães admitem que não há regras para presentear as crianças e 22% afirmam que os filhos tem uma vida acima do padrão de vida da família enquanto um número ainda maior,  58,5%, compra, para os filhos, roupas e calçados melhores  que para si próprios.

Considerando essa realidade, para driblar o consumismo infantil é preciso ficar de olho nas próprias atitudes. “Essa tarefa depende, basicamente, do comportamento dos pais porque as crianças precisam aprender o valor do dinheiro, viver dentro da realidade da família e, mais do que isso, precisam aprender a ter paciência para ganhar as coisas que desejam e saber ouvir não”, afirma a psicopedagoga Ana Maria Pereira.  Por isso, é importante trazer a criança para o entendimento do orçamento e realidade familiar. “Respeitando o vocabulário e maturidade de cada faixa etária e sendo modelo para criança os pais começam a adotar hábitos de boa educação financeira aos filhos”, completa Ana Maria.

A comerciante Fernanda Gomes, 34 anos, que é mãe de primeira viagem de Pedro Henrique, cinco anos, concorda. Ela entende que é importante começar, desde agora, a ensinar o filho a ter limites na hora de consumir. “É um exercício pra vida. Quando somos adultos, nem sempre podemos ter tudo o que queremos e ele precisa compreender isso logo cedo”, acredita. Fernanda conta que o pequeno já dá valor ao dinheiro e entende quando os pais não podem comprar algo. “Sempre tentamos policiar o Pedro para que ele coloque na balança o que ele realmente precisa e o que pode esperar. Ele é um bom menino e por sorte, raramente faz birra”, afirma a mãe. Em seu último aniversário, Pedro pediu aos pais três brinquedos diferentes, mas Fernanda e o marido optaram por dar o mais barato, que atendia o orçamento do casal e as expectativas do filho.

Os sinais

Segundo a psicopedagoga, o maior sinal da criança consumista é a falta de encantamento com aquilo que recebe ou com o que tem. “Seja adulto ou criança, os olhos do consumista brilham para o objeto de desejo, mas o desejo dura muito pouco, porque tão logo o tenha em mãos, ele perde o seu encanto”, explica.

Para a profissional, definir o consumismo infantil é complexo, pois ele pode vir de uma herança dos pais. “Isso pode ser resu-midamente entendido como um excesso, aquilo que traz encan-tamento ou alívio para as ansiedades cotidianas”, alerta a psicóloga.

Ana Maria aponta que o grande problema começa quando a criança nunca fica satisfeita com o que tem, pois acha insuficiente. “A infância é marcada por desejos, mas é importante que sempre haja algo para sonhar”, destaca.