Cachaçarias clandestinas estão na mira do Instituto Mineiro de Agropecuária

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 7 de dezembro de 2018 às 18:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:13
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Órgão passou a ser o responsável pela fiscalização da bebida no vizinho Estado

Sabia que desde junho deste ano o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) assumiu a fiscalização dos produtores e comerciantes de cachaça em Minas Gerais? A ação, que até então era de responsabilidade direta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), é uma forma de padronizar os processos de produção da bebida, além de estimular a regularização dos estabelecimentos que produzem e vendem a cachaça de forma clandestina, informa o IMA, citado pela Agência Minas.

O estado é referência na produção de cachaça de alambique no Brasil, respondendo por 60% do mercado nacional da bebida, segundo dados do Ministério da Agricultura. Apesar disso, dos cerca de oito mil produtores de cachaça existentes em Minas, apenas 10% são regularizados junto ao órgão federal.

“Essa é mais uma iniciativa do governo de Minas Gerais em prol da segurança alimentar. Agora, o produtor de cachaça terá o IMA como seu aliado, pois poderá contar com o apoio da autarquia, que possui mais unidades descentralizadas que o Mapa, para agregar valor ao seu produto e torná-lo mais competitivo no mercado”, afirma Lucas Guimarães, gerente de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal do IMA, em entrevista à Agência Minas.

Quem está em situação irregular ficará sujeito a penalidades. “Quando for identificada a falta de registro será lavrado auto de infração, que dará início a um processo administrativo. O estabelecimento será interditado e o produto apreendido, podendo ser destinado à inutilização. Também há multa, cujo valor inicial é de R$ 2 mil”, afirma o gerente do IMA.

Mudança

Para Arnaldo Ribeiro, diretor técnico da Associação Nacional de Produtores de Cachaça de Qualidade (Anpaq), a mudança é importante para o setor, tendo em vista que o IMA também vai fiscalizar os estabelecimentos que não são regularizados.

De acordo com Ribeiro, que também é produtor da cachaça Taverna de Minas, um dos principais entraves enfrentados pelos fabricantes ainda é o preconceito. Segundo ele, a expansão do mercado de cachaça de alambique tem contribuído, aos poucos, para mudar esse cenário.

Pesquisa feita pelo Sebrae indica que, atualmente, há mais de 600 marcas de cachaça produzidas em Minas Gerais. A clandestinidade, porém, ainda preocupa. “Com a fiscalização do IMA, esperamos que o número de estabelecimentos regularizados aumente, favorecendo toda a cadeia da cachaça”, comenta o diretor da Anpaq.

Segundo Arnaldo Ribeiro, o melhor caminho para o produtor que deseja se regularizar é investir, inicialmente, em um projeto pequeno. “Hoje, para produzir 50 l de cachaça por dia, seguindo todas as normas exigidas pelo Ministério da Agricultura, é preciso investir de R$ 20 mil a R$ 30 mil em equipamentos”, diz o especialista.


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