Brasil tem nota de crédito rebaixada por agência Fitch nessa sexta, 23

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 23 de fevereiro de 2018 às 13:40
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:35
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Desistência da votação da reforma da Previdência deixa o país 3 degraus abaixo do grau de investimentos

A agência internacional de
risco Fitch rebaixou nesta sexta-feira, 23 de fevereiro, a nota de crédito
soberano do Brasil de “BB” para “BB -“. Com isso, o país
ficou ainda mais longe do selo de país bom pagador de sua dívida.

O rating do Brasil foi
colocado agora 3 degraus abaixo do grau de investimento. Já a perspectiva para
a nota mudou de negativa para estável. “O rebaixamento do Brasil reflete
persistentes e grandes déficits fiscais, a alta crescente da dívida pública e a
falta de legislação sobre reformas que melhorariam o desempenho estrutural das
finanças públicas”, destacou a Fitch no comunicado.

O corte já era esperado pelo
mercado em função da demora na aprovação de medidas para reequilibrar as contas
públicas e de incertezas ligadas às eleições. O rebaixamento acontece dias após
o governo ter desistido de tentar aprovar a reforma da Previdência em
fevereiro, como inicialmente anunciado, em razão de decreto de intervenção
federal no Rio de Janeiro.

A
agência afirmou que “a decisão do governo de não colocar a reforma da
Previdência em votação no Congresso representa um importante revés na agenda de
reformas e reduz a confiança na trajetória de médio prazo das finanças públicas
e no compromisso político de abordar a questão”.

Na
última terça-feira, 20 de fevereiro, a Fitch já tinha alertado que o fracasso
em aprovar a reforma pressionava para o rebaixamento do rating soberano do
Brasil.

No dia 11 de janeiro, a
agência Standard & Poor’s (S&P) já tinha rebaixado a nota do Brasil de
“BB” para “BB -“, em meio às dificuldades do governo para
conseguir a aprovação da reforma da Previdência. 

Perda do grau de investimento

O Brasil
está há mais de 2 anos sem o grau de investimento. A S&P foi primeira a
tirar o selo de bom pagador do país, em setembro de 2015, ação que foi seguida
pelas outras duas grandes agências internacionais, Fitch e Moody’s.

Com rebaixamentos anunciados neste ano, a nota do
Brasil recuou para o patamar de 2005. O país conquistou o grau de investimento
pelas agências internacionais Fitch Ratings e Standard & Poor’s pela
primeira vez em 2008. Em 2009, conseguiu a classificação pela Moody’s.

As agências têm uma longa escala de classificação,
com mais 20 notas. Em resumo, são dois terrenos e uma muralha. Quem está a
partir de um determinado nível tem o carimbo de grau de investimento.

Quanto mais longe do muro,
mais eficiente, confiável, robusta é a economia e menor o seu risco. O triplo
A, por exemplo, é a nota da Alemanha. Alguns fundos de investimento só colocam
dinheiro em países desse terreno. Do outro lado é o grau especulativo. Países
arriscados, com economia problemática e menos confiável. Os investidores pensam
duas vezes antes de entrar.

Segundo analistas de mercado, historicamente,
países costumam levar cerca de 5 a 10 anos para recuperar o selo de país bom
pagador.

Os novos rebaixamentos não chegam a surpreender,
mas representam um revés para a equipe econômica do governo Michel Temer, que
contava com elevação do rating do país em meio à recuperação da economia. Em
janeiro de 2016, Meirelles chegou a dizer em entrevista à Bloomberg, em Davos,
que o Brasil estava muito perto de recuperar o grau de investimento.

Apesar de esperada, a desistência da tramitação da
reforma da Previdência oficializa o adiamento da solução tratada como
fundamental para colocar as contas públicas do Brasil em ordem, o que deve
pressionar o próximo governo a ser eleito neste ano.


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