Brasil quer colocar alerta para gordura, sal e açúcar em rótulos alimentares

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 22 de maio de 2018 às 13:59
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:45
compartilhar no whatsapp compartilhar no telegram compartilhar no facebook compartilhar no linkedin

Aviso será publicado na embalagem para complementar tabela nutricional e norma deve sair ainda em 2018

Uma
nova política para conter doenças associadas à alimentação está sendo colocada
em curso no país: o governo deve negociar com empresas um alerta no rótulo dos
alimentos, na parte da frente das embalagens, para indicar altos teores de
gordura, sal e açúcar. O principal objetivo é conter o avanço de doenças
relacionadas ao consumo exagerado desses alimentos, que aumentam o risco de
condições como diabetes, hipertensão, problemas cardiovasculares e obesidade.

A ideia é que os rótulos
tenham um alerta na frente das embalagens para complementar a tabela
nutricional, geralmente disposta na parte posterior. Símbolos e cores serão
utilizados para facilitar a visualização. A base da informação também deve
considerar cada 100g ou 100ml de alimento para maior padronização dos dados.

O primeiro passo para essa nova política foi dado pela
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que aprovou a primeira parte
do documento na última segunda-feira, 21 de maio. Essa versão ficará disponível
para contribuição da comunidade científica por 45 dias. Depois, a agência vai
fazer a redação da norma, que ficará à disposição por 60 dias para novas
contribuições. A expectativa é que até o final do ano a regulamentação seja
publicada.

O ministro da Saúde, Gilberto
Occhi, anunciou parte da medida na terça-feira, 22 de maio, em Genebra, durante
plenária da 71ª Assembleia Mundial da Saúde (AMS). Ele citou que o Brasil vai
adotar o alerta para altos teores de açúcar — numa tentativa de diminuir o
crescimento de altos índices de obesidade.

Segundo o ministro, a meta é concluir até julho tanto os
novos rótulos quanto a questão da redução de açúcar nos produtos. O ministro
diz que busca diálogo e resolver “sem imposição” as mudanças, e que
associações de empresários do setor não estão recebendo bem essas iniciativas
para reduzir a obesidade no Brasil. 

Obesidade e risco

Dados de 2017 da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de
Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) apontam que o
excesso de peso atingiu 54% da população nas capitais do país e 18,9% dos
brasileiros estão obesos.

Em
Genebra, o ministro citou outras ações que visam não só o alerta, mas a
dimnuição desses compostos no alimento. Entre as iniciativas em discussão, está
o o Plano Nacional de Redução do Açúcar em Alimentos Industrializados.

Segundo
a pasta, o modelo é similar ao adotado com a indústria para redução de sódio:
foram retiradas 17 mil toneladas entre 2008 e 2016. 

Cálculo

A cada 100 ml ou a cada 100g, a Anvisa adotou nesse primeiro
momento, os seguintes limites para cada composto:

Açúcar: 10g
para sólidos e 5g para líquidos;

Gordura saturada: 4g para para sólidos e 2g para líquidos;

Sódio:
400 mg para sólidos e 200g
para líquidos

Passados
esses limites, a empresa deverá colocar o alerta quando a norma entrar em
vigor. A Anvisa ressalta que o documento é resultado de uma ampla análise
científica. Foram analisados 28 estudos entre 2015 e 2018.


+ Saúde