Brasil passa a integrar grupo de elite da União Matemática Internacional

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 26 de janeiro de 2018 às 00:12
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:32
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Brasil é único do Hemisfério Sul a integrar o Grupo 5 e sedia em agosto Congresso Internacional de Matemáticos

A União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês) aprovou a entrada do Brasil no Grupo 5, que reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática. O anúncio foi feito nesta última quinta-feira, 25 de janeiro, na sede do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), no Rio de Janeiro.

Além do Brasil, mais dez países integram a elite da matemática mundial: Alemanha, Canadá, China, Estados Unidos, França, Israel, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia.

A candidatura do Brasil para fazer parte do topo do ranking foi apresentada no ano passado pelo Impa e pela Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) ao organismo que congrega as sociedades matemáticas de países de todo o mundo. Atualmente, 76 nações são membros da IMU, criada em 1920 para promover a cooperação internacional em matemática.

A mudança de classificação dos países é decidida pela IMU após recomendação do comitê executivo. São analisadas informações como a quantidade e a qualidade de programas de pós-graduação e sua distribuição territorial, o total de publicações científicas divulgadas em periódicos importantes e os nomes de destaque na área.

Os países são divididos em cinco categorias por ordem de excelência na lista criada pela União Matemática Internacional. O Brasil ingressou na IMU em 1954 como membro do Grupo 1. Foi promovido ao Grupo 2 em 1978; ao Grupo 3, em 1981; e ao Grupo 4 em 2005.

Segundo o Impa, em 2006, após ter ingressado no Grupo 4, as publicações científicas do Brasil em matemática representavam 1,53% da produção matemática mundial (1.043 papers). Uma década depois, a produção chegou a 2,35% (2.076 papers).

Pesquisa

Para o diretor do Impa, Marcelo Viana, a promoção ao Grupo 5 representa um reconhecimento da qualidade da pesquisa matemática feita no país. “Significa que o conjunto dos países reconheceu o Brasil como uma potência mundial na área de pesquisa matemática”, disse Viana. “É uma conquista coletiva e resultado de uma combinação de fatores e de trabalho de gerações de matemáticos ao longo desses 60 anos”.

Ele também lembrou que essa conquista não teria sido possível sem o apoio governamental com recursos para a pesquisa e a ciência. “Apoio esse que a gente espera que continue”, completou Viana.

O presidente da SBM, Paulo Piccione, destacou a importância das olimpíadas de matemática para a popularização da disciplina no país. “Temos milhões de alunos das escolas no país participando das olimpíadas. Essa difusão geográfica (das olimpíadas) impressionou muito os que avaliaram (IMU)”, disse Piccione. “O Brasil é o único país do Hemisfério Sul que está no Grupo 5”, acrescentou.

A entrada no Grupo 5 ocorre no ano em que o Brasil sediará, em agosto, o Congresso Internacional de Matemáticos, o mais importante encontro mundial da área, que será realizado pela primeira vez no Hemisfério Sul. Na edição de 2014, Artur Avila, pesquisador do Impa, foi o primeiro brasileiro a receber a Medalha Fields, considerada o Nobel da matemática. “A gente pode fazer ciência de qualidade no Brasil. Esse reconhecimento cria uma obrigação de fazer o máximo que a gente possa e tentar estender isso para outras áreas”, disse Avila. “A gente vê que, às vezes, a ciência é tratada como uma espécie de luxo que quando temos uma crise a gente deve cortar (recursos) porque não é (considerado) fundamental para o país”.

O secretário-executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Elton Santa Fé Zacarias, reconheceu que o investimento de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB, soma de bens e produzidos no país) na área científica ainda é baixo, mas disse que a grande dificuldade para aumentar esse patamar é fazer com que a sociedade e a indústria invistam mais em pesquisa. “O Brasil produz ciência de qualidade. A gente é hoje um dos 20 maiores produtores de pesquisa, de ciência básica e papers no mundo”.

A secretária-executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro, ressaltou a grande necessidade de formação de professores para o ensino básico. “Precisamos formar bons professores de matemática. A pesquisa na área de matemática pode ajudar muito nesse processo”.


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