Brasil está importando café: veja de que países vem e o efeito no preço

  • Cláudia Canelli
  • Publicado em 13 de março de 2025 às 09:00
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Brasil importa café torrado para compor “blends”; especialista diz que nenhum país supre a demanda brasileira para diminuir preço

Uma das culturas mais afetadas pelos problemas climáticos no Brasil foi, sem dúvida, o café. E o prejuízo não atingiu apenas produtores do grão. Com a redução da oferta, acompanhada do forte ritmo de exportações, o valor do produto aumentou consideravelmente nas gôndolas do varejo.

Em 2024, por exemplo, a bebida mais consumida pelos brasileiros subiu 46%, segundo a pesquisa ‘Variações de Preços: Brasil & Regiões’, da Neogrid. E a tendência, conforme análise de especialistas, é que o preço continue elevado.

As indústrias ainda podem repassar os consumidores até 30% de aumento nos próximos meses para transferir parte da alta da matéria-prima que ainda não foi somada ao valor comercializado, aponta a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic).

Importação de café

Com os efeitos do clima, principalmente a combinação de seca e calor em excesso atingindo as principais regiões produtoras e restringindo a produção nacional, uma alternativa cogitada seria aumentar o volume de importação para abastecer o mercado interno e, por consequência, reduzir o preço.

No entanto, de acordo com Felippe Serigati, pesquisador do FGV Agro, a quantidade teria que ser muito alta para suprir a necessidade.

“Não temos de quem importar café em uma quantidade que poderia trazer algum impacto. Além disso, o preço está alto no mundo inteiro. O café é uma commodity cujo preço tem sua referência principal na cotação de Nova Iorque. Não adianta”, explica.

Países de origem

O Brasil é o maior exportador mundial de café verde, não torrado, mas também importa pequenas quantidades de grãos torrados para a composição de alguns “blends”.

Em 2025, o país comprou 970,47 toneladas de café torrado, extratos, essências e concentrados de café, número que representa crescimento de 19,4% em relação a janeiro e fevereiro de 2024, conforme dados do Comex Stat, portal do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.

De acordo com notícia do Globo Rural, a Suíça, com 40%, foi quem mais enviou o produto. Veja abaixo a lista das principais origens do café importado:

Suíça: 39%

França: 21%

Estados Unidos: 10%

Espanha: 7,4%

Itália: 7,1%

Uruguai: 5,1%

Portugal: 2,5%

República Tcheca: 1,8%

México: 1,3%

Polônia: 1%

Holanda: 0,63%

Bélgica: 0,55%

Coreia do Sul: 0,44%

Reino Unido: 0,40%

China: 0,087%

Indonésia: 0,087%

Índia: 0,057%

Japão: 0,026%

Vem do México

Em relação ao café não torrado, a quantidade adquirida entre janeiro e fevereiro de deste ano foi 89,4 toneladas, redução de 54,4% em relação ao mesmo período de 2024, sendo que 96,8% é oriundo do México.

“Nós não temos problema de desabastecimento ou falta de produto. O objetivo de aumentar a importação seria tentar reduzir o preço e a inflação”, afirma o pesquisador do FGV Agro.

Segundo ele, “o Brasil, que abastece boa parte do mercado mundial, também é um grande consumidor de café. Então, para suprir isso, quanto teríamos que importar? Não adianta poucas toneladas como esses números de 2025. Isso não faz a diferença. No mundo, não tem ninguém agora que poderia fornecer uma quantidade adequada porque, há pelo menos dois anos, a safra no planeta não vem boa”.


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