Brasil espera bater recorde de doação de órgãos até o final do ano

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de setembro de 2018 às 20:56
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:02
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Expectativa é registrar maior número de doações desde 2014 – crescimento em 2018 foi de 7%

O Ministério da Saúde espera atingir,
até o final do ano, o maior número de doação de órgãos desde 2014. Entre
janeiro e junho deste ano a pasta registrou crescimento de 7%, em relação ao
ano passado, no número de doadores efetivos de órgãos – aqueles que iniciaram a
cirurgia para a retirada de órgãos com a finalidade de transplante.

O número de doadores no primeiro
semestre passou de 1.653 em 2017 para 1.765 em 2018 e a expectativa é
chegar a 3.530 até o final do ano. O Ministério da Saúde estima que vai
alcançar recorde nos transplantes de fígado (2.222), pulmão (130), coração
(382) e medula óssea (2.684), até o final de 2018.

Entre os órgãos que tem mais demanda
do que oferta para doação, o pulmão é o que apresenta maior defasagem, segundo
o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Orgãos (ABTO), Paulo
Pêgo Fernandes.

A demanda potencial desse órgão para
atender uma população de 210 milhões de pessoas seria de 1,6 mil doações. “A
maior defasagem teórica entre o número de transplantes realizados e o número de
transplantes necessários é o de pulmão, é o que necessitaria aumentar mais a
oferta. O transplante de pulmão exige mais atenção, poucos estados fazem. É um
órgão que exige mais cuidado e tratamento mais adequado do doador”, explica
Fernandes.

A expectativa do Ministério da Saúde
é realizar 24,6 mil transplantes até o final do ano, sendo 8.690 de órgãos
sólidos (coração, fígado, pâncreas, pulmão, rim e pâncreas) – maior número dos
últimos oito anos. Os transplantes de córnea apontam redução em 2018 em razão
da redução da lista de espera em alguns estados. Amazonas, Ceará, Goiás,
Pernambuco e Paraná são considerados em situação de lista zerada com relação ao
transporte de córnea.

Lista
de Espera

A lista de espera registrou queda de 6% em relação ao mesmo
período ano passado passando de 44.005 parar 41.266 o número de pessoas que
aguardam por uma doação de órgãos no país.

Apesar da diminuição
em relação ao ano anterior, a lista ainda está acima dos patamares atingidos em
2016 (41.052) e 2015 (41.236). “Houve um aumento de casos da lista de 2017 e
uma redução em 2018, estabilizando se você considerar os últimos anos.
Precisamos priorizar as campanhas, conscientizar a população e fazer essa
relação direta com as famílias para que a gente possa aumentar tanto o número
de doadores quanto o de transplantes para reduzir efetivamente os números”,
afirmou o ministro da Saúde interino, Adeílson Cavalcante.

Para o presidente da
ABTO as campanhas ajudam, mas tem limitações. Ele aponta como medidas efetivas
para aumentar o número de doações de órgãos o treinamento de equipes
multidisciplinares de saúde com relação ao diagnóstico de morte encefálica e a
criação de centros regionais de transplante.“Você tem quem treinar pessoas a
nível de Brasil inteiro no sentido dessa questão: de fazer diagnóstico e de
saber como conversar, explicar essa situação para os familiares. Outra questão
são os centros regionais de transplante, porque o fato de o país ser muito
grande, dependendo do órgão você não consegue transportá-lo do Norte para o Sul
a tempo, ficaria muito tempo fora do corpo e, com isso, inviável para
utilização”, afirma Fernandes.

O Ministério da
Saúde informou que repassa recursos para estados e municípios qualificarem
profissionais de saúde envolvidos nos processos de doação de órgãos e tecidos.
O orçamento federal para esta área é de R$ 1 bilhão. A pasta diz que vai
ofertar 74 oficinas de capacitação para 4 mil médicos até 2020 em atendimento à
nova resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) para o diagnóstico da
morte encefálica.

Estrutura de atendimento

O Sistema Único de Saúde (SUS) é o maior sistema público de
transplante do mundo sendo responsável por cerca de 96% dos transplantes
realizados no país. O Sistema Nacional de Transplantes é formado pelas 27
Centrais Estaduais de Transplantes; 13 Câmaras Técnicas Nacionais; 504
estabelecimentos e 851 serviços habilitados; 1.157 equipes de transplantes; 574
Comissões Intra-hospitalares de Doações e Transplantes; e 72 Organizações de
Procura de Órgãos (OPOs).

Transporte

As companhias de aviação civil transportaram, entre junho de
2016 até junho deste ano, a partir do termo de cooperação firmado com o
Ministério da Saúde, 9.236 órgãos sólidos (coração, fígado, pâncreas, rim e
pulmão) e tecidos. Em relação ao primeiro semestre deste ano, houve crescimento
de 6% em comparação ao primeiro semestre de 2017, passando de 2.327 itens
transportados, entre órgãos, tecidos e equipes para 2.474. Já a FAB transportou
entre junho de 2016, quando saiu o Decreto Presidencial nº 8.783, de junho de
2016, até junho deste ano, 513 órgãos sólidos (coração, fígado, pâncreas, rim e
pulmão) e tecidos.


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