Bioplástico desenvolvido por cientistas é feito a partir de batatas

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 11 de fevereiro de 2018 às 01:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:34
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Técnicas de reciclagem e uso de materiais orgânicos podem ser soluções para o acúmulo de plástico

Sabemos que o plástico é
um problema sério para o planeta – os oceanos estão ficando infestados de lixo,
o que ameaça diversas espécies marinhas. Só 9% dos detritos de plástico são
recicláveis. E a queima desses materiais contribui para a emissão de gases do
efeito estufa. Copos e embalagens feitos com materiais orgânicos e melhores
técnicas de reciclagem podem ser uma solução?

Os seres humanos se acostumaram ao longo dos
anos a depender de plástico. É durável e versátil, e a economia moderna, em
parte, depende desse material. Para muita gente que usa, simplesmente não
existem opções comerciais biodegradáveis viáveis e em quantidade suficiente
para substituir.

Um exemplo é
o canudo de plástico. A empresa Primaplast, fabricante líder de canudos, diz
que alternativas mais ecológicas são muito mais caras.

Outro exemplo
é o copo de café descartável. No Reino Unido, são jogados 2,5 bilhões de copos
assim todo o ano. E se engana quem pensa que eles são recicláveis. Uma camada
de polietileno usada para tornar o copo impermeável impede o reaproveitamento. “Vários
consumidores compram os copos em boa fé, achando que eles podem ser
reciclados”, diz Paul Mines, chefe-executivo da empresa. “Mas a
maioria das embalagens descartáveis são feitas de papelão colado com plástico,
o que faz com que não sejam adequados à reciclagem. E algumas são feitas de
isopor, que também não pode ser reciclado.”

A empresa criou um plástico feito de planta,
chamado bioplástico, que é completamente biodegradável e que pode ser jogado
tanto em lixeiras de reciclagem de papel quanto nas de lixo orgânico.

Mines acredita que é a primeira vez que
bioplástico está sendo transformado em copos e embalagens descartáveis
completamente recicláveis e capazes de resistir a líquidos quentes. Esses
produtos ainda não estão no mercado, mas Mines está em negociação com diferentes
revendedores. “Não é viável se
livrar por completo dos plásticos, mas é possível substituir alguns plásticos
originados do petróleo por outros, derivados de plantas”, diz ele.

Várias outras empresas e institutos de
pesquisa, como a Full Cycle Bioplastics, a Elk Packaging e o Centro de Pesquisa
Tecnológica da Finlândia estão trabalhando no desenvolvimento de soluções mais
sustentáveis e funcionais que o plástico convencional.

A empresa
MacRebur, de Toby McCartney, desenvolveu um material de asfaltamento de estrada
feito de plástico reciclado. A mistura de plástico substitui o betume de óleo,
tradicionalmente usado na construção de vias e rodovias. “O que estamos fazendo é resolvendo, com
uma solução simples, dois problemas mundiais: a epidemia de plástico e a baixa
qualidade das estradas”, afirma McCartney.

Desde seu lançamento dois anos atrás, o material híbrido da empresa tem
sido usado para a construção de estradas por todo o Reino Unido.

Mais de 5 trilhões de peças de plástico
estão flutuando nos nossos oceanos, algumas das quais podem demorar mil anos
para se decompor por completo.

Conforme vão
se quebrando ao longo dos anos, pequenos fragmentos de plástico acabam sendo
engolidos por animais marinhos.

Cientistas
estão particularmente preocupados com a ameaça a tubarões, baleias e arraias.
Toxinas de plástico impõem um risco sério à saúde desses bichos, e o
microplástico já chegou até ao Ártico, pelas correntes marinhas.

O Reino Unido se comprometeu a eliminar todo
o plástico substituível até 2042, enquanto a França baniu sacolas de plástico
descartáveis.

A Noruega
possui há décadas um esquema de depósito de garrafas de plástico – compradores
recebem parte do dinheiro de volta ao depositar as garrafas numa máquina
coletora. O Reino Unido estuda adotar essa política.

Em São
Paulo, as tradicionais sacolas plásticas brancas foram proibidas e alguns
supermercados passaram a cobrar dos consumidores por sacolas biodegradáveis que
não carregam marcas comerciais.

Mas um problema é que alguns plásticos
difíceis de ser eliminados no dia-a-dia também não são recicláveis.

Em San Jose,
na Califórnia, a start-up BioCellection “quebra” os plásticos não
recicláveis em químicos que podem ser utilizados como matéria prima de vários
produtos, de jaquetas de esqui a componentes de carros.

“Nós
identificamos um catalisador que corta as cadeias de polímero em pequenas
cadeias”, explica Miranda Wang, de 23 anos, uma das fundadoras da
start-up. “Uma vez que o polímero
se quebra em pedaços, oxigênio do ar se agrega à cadeia formando valiosos
ácidos orgânicos que podem ser purificados e usados para produtos que
amamos.”


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