Biografias

  • Fofocas Musicais
  • Publicado em 27 de março de 2019 às 17:14
  • Modificado em 8 de abril de 2021 às 14:23
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Uma lição de vida…

Eu me emociono até às lágrimas lendo as biografias dos grandes compositores. E nelas, os ensinamentos, os mais variados, sobre a vida, a música, a essência do ser, a missão, o caráter.

Outro dia conversando com meu filho, ele citou a frase: “ Deus não escolhe os capacitados, mas capacita os escolhidos.” E me lembrei do filme Amadeus, que conta a vida de Mozart. No início do filme o músico Antonio Salieri questiona Deus, olhando para o crucifixo na parede, perguntando porquê ele escolheu um “bossal” como Mozart, para transmitir as melodias mais celestiais e belas. E faz sua própria defesa dizendo que ele sim seria o merecedor de um grande talento, porque era certinho, fazia tudo conforme o Rei desejava, etc, etc, etc. Neste momento vi um perfeito ‘ puxa-saco’ do rei querendo mais algum benefício dos céus.

Não, Mozart não era ‘ certinho’ mas ele era bom. Não tinha preconceitos, era livre no pensar e no agir, voava como um pássaro nas alturas, sem se preocupar com o amanhã. Era divertido, considerado por Salieri como mal educado, que tinha maus hábitos, bebia, era vulgar e desorganizado. Mas quando se tratava de música… Ele tinha um canal direto com Deus.

Mozart nunca fez um rascunho sequer. Suas composições já saíam como se tivessem sido feitas numa gráfica. Eram únicas. Não tinha cópias. Penso que a música para ele era a divina manifestação do belo, do puro, da alegria, mas também dos momentos humanos de dor no seu Réquiem.

Biografias… Como aprendemos com elas. Sejam quais forem. Experiência vividas por pessoas comuns ou famosos. Biografias são o ensinamento que podemos apreender de como as pessoas administram suas vidas ou como se deixam levar por ela, pela fé ou pelo desespero.

A inveja que salta aos olhos na descrição de Salieri em Amadeus, demonstra porquê ele não foi escolhido.

Johannes Brahms, para quem ainda não assistiu ao filme Sonata de Amor, poderá ter uma ideia de quem foi este homem, que amou silenciosamente.

Muitas namoradas, mas um único amor proibido. Proibido pelo senso de fidelidade. Proibido pelo respeito à amizade a um grande amigo que o acolheu em sua casa. Proibido porque se apaixonou pela mulher 20 anos mais velha do que ele, mas este não era o problema pois sua mãe era 20 anos mais velha que seu pai. Proibido porque esta mulher era a esposa de seu melhor amigo: Robert Schumann.

Ouço músicas hoje em dia, de disputa amorosa, com vibrações as mais vis e baixas soando pelas letras das músicas e provocando uma hipnose coletiva, incitando violência, traição e disputa. Amor não se disputa. Nunca. Amor se sente. Quem ama deixa o ser amado livre, porque a liberdade é o presente para a vida bem vivida. Disputar, prender, ameaçar e até matar não é e nunca foi amor.

Amar quando se está longe é vibrar pela felicidade do ser amado, para que consiga vencer a si mesmo e realizar seus desejos e objetivos. É desejar que ele esteja bem com quem quer que esteja, namorando ou formando família. A posse é o maior veneno que a humanidade alimenta. O poder sobre o outro. A vontade de dominar sempre. Dominar terras, dominar na política, dominar , dominar, dominar… E perde-se a liberdade. Escravizar pessoas através de condutas mascaradas de ajuda.

As religiões e seitas tentam a qualquer preço disputar fiéis. Mas que coisa horrível!De novo vamos ao Salieri , que se julgava rival de Mozart… com sua inveja exacerbada. Digno de dó. Pessoas que se comparam às outras são eternamente escravas da inveja. Não sabem quem são e a que vieram. Querem ser o outro.

A pintura mais linda que se pode ver ou sentir, é o quadro exalando a essência da pessoa. Como somos diferentes! E o quanto a diversidade é linda!

Ainda neste raciocínio me lembro sempre que os grandes músicos se reconheceram. Mozart anunciou Beethoven dizendo que o mundo o reconheceria. Beethoven beijou a testa de Liszt com 12 anos de idade dizendo que ele seria um grande expoente. Liszt pagou a reforma de um teatro e doou à cidade de Bonn uma estátua em bronze de Beethoven. Ainda Liszt … divulgava os grandes músicos tocando suas composições em seus concertos que eram disputadíssimos. Ele, compositor, divulgava outros compositores. Assim é. Assim deve ser para todo o sempre.

Procurando o filme Amadeus para deixar para vocês, acabo de encontrar um filme que ainda não assisti sobre a Vida de Mozart. Veremos juntos:

E podemos ir além numa frase de Brahms : A sabedoria mora na simplicidade.

Quando fui fazer meus cursos na Alemanha, o que me chamou a atenção nas pessoas era a simplicidade no se vestirem. Elas gastam seu dinheiro com viagens, cursos, espetáculos, concertos, livros, a vestimenta é mera necessidade. Quando voltei de lá em 2003, pela primeira vez, fiquei meses pensando em tudo o que vi e como somos fúteis no Brasil, na questão de Moda, e tantos supérfluos… gastamos tanto dinheiro com coisas efêmeras e não investimos no crescimento da alma. Viajar é crescer. Ler é crescer. Estar frequentando concertos é alimento para alma. Enfim… estas biografias do povo alemão nas ruas com suas atitudes e costumes, a casa onde me hospedei da primeira vez, tudo isso me ensinou que Brahms tem razão: A sabedoria mora na simplicidade.

https://www.dw.com/pt-br/beethoven-e-liszt-eram-almas-irm%C3%A3s-afirma-diretora-do-beethovenfest/a-15378850

Beethoven ( o intratável ) beijando a testa de Liszt com 12 anos.

*Esta coluna é semanal e atualizada aos domingos.​


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