Bebida alcoólica: saiba quais cuidados tomar nas festas de fim de ano

  • Bernardo Teixeira
  • Publicado em 19 de dezembro de 2020 às 19:21
  • Modificado em 19 de dezembro de 2020 às 19:21
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Além da ressaca, o excesso de álcool pode aumentar o risco de acidentes e estimular a violência

O consumo de bebida alcoólica é muito ligado a celebrações. Por isso, nas datas comemorativas, como Natal e réveillon, alguns acabam exagerando na dose. 

Mas, além da ressaca no dia seguinte, o excesso de álcool pode aumentar o risco de acidentes, estimular a violência e, se virar um hábito prolongado, pode favorecer o desenvolvimento de diversas doenças.

Em tempos de Covid-19, o cuidado com o consumo exagerado de bebidas alcoólicas deve ser ainda maior. Alessandra Diehl, vice-presidente da Associação Brasileira de Estudos de Álcool e Outras Drogas (Abead), lembra que no início da pandemia circulou uma fake news de que consumir álcool ajudaria a matar o coronavírus. 

Pelo contrário, ela explica que a ingestão dessas bebidas pode trazer prejuízos à imunidade, tornando as pessoas mais suscetíveis a infecções.

“As pessoas que bebem mais têm mais processos inflamatórios e tendem a ter menos imunidade. O contrário do que foi alardeado no início”, explica a psiquiatra, que recomenda: “Que neste fim de ano a bebida entre na nossa casa como brinde, celebração, e não como um consumo abusivo”.

A biomédica Erica Siu, vice-presidente do Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA), alerta para outro perigo na pandemia: ao beberem demais, as pessoas podem ter menos atenção às medidas de distanciamento e higiene.

“O álcool é um depressor do sistema nervoso central. Com poucas doses a pessoa sente relaxamento, euforia, diminui a coordenação motora e a tomada de decisões acaba sendo dificultada. Com isso, ela pode acabar esquecendo de manter distanciamento, de colocar máscara ou lavar as mãos”, destaca Siu, especialista em dependência química.

Consumo aumentou na pandemia
Estudos apontam para o aumento do consumo de bebidas alcoólicas durante a pandemia do coronavírus em diversos países, incluindo o Brasil. 

Uma pesquisa feita pela Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em 33 países e dois territórios entre maio e junho apontou que 42% dos entrevistados do Brasil relataram alto consumo de álcool.

Siu explica que muitas pessoas utilizam o álcool como forma de enfrentar problemas associados ao período pandêmico, como angústia e ansiedade. Diehl, por sua vez, alerta para o risco de que as pessoas sigam bebendo num padrão alto, o que pode evoluir para uma dependência.

“Existe o perigo das pessoas que começaram a beber na quarentena, nas lives, seguirem nessa padrão pós-pandemia. As pessoas estão começando a beber mais cedo durante o dia, e seguem bebendo por mais tempo”, afirma a vice-presidente da Abead.

Como identificar o consumo nocivo
Siu afirma que, segundo o Instituto Nacional de Abuso de Álcool e Alcoolismo dos EUA (NIAAA), o consumo moderado de bebidas alcoólicas para adultos saudáveis, fora dos grupos que devem evitar qualquer consumo de álcool, é de uma dose por dia para mulheres — que são mais sensíveis aos efeitos da substância — e duas doses por dia para homens.

“Uma dose equivale a uma lata de 350 ml de cerveja ou chope, que contém a mesma quantidade de álcool que uma taça de vinho e que corresponde a uma dose de 45 ml de um destilado. É o que o CISA preconiza como dose padrão”, afirma a biomédica.

Diehl, por sua vez, não trabalha com uma definição de quantidade para uso seguro de álcool, pois afirma que nenhum consumo está totalmente isento de riscos. Mas explica que existem vários sinais de que o consumo de bebidas alcoólicas pode ter se tornado nocivo.

“Principalmente se a pessoa começa a colocar a bebida em detrimento de outros afazeres da vida dela e começa a ter prejuízos, seja físicos ou mentais. Ela pode não beber todos os dias, mas beber durante todo o final de semana, ficar ausente no cuidado dos filhos, se atrasar para o trabalho na segunda-feira, por exemplo. E isso tem que ter ocorrido nos últimos 12 meses”, explica a psiquiatra.


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