Barulho excessivo das festas de fim de ano pode causar perda auditiva

  • Nina Ribeiro
  • Publicado em 29 de dezembro de 2024 às 21:00
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Dificuldade de ouvir em razão do excesso de barulho é conhecida como Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE)

O excesso de barulho pode causar diversos problemas auditivos – foto Assaí Atacadista

 

As festas de fim de ano e outras celebrações, marcadas por música alta e fogos de artifício, intensificam a exposição à poluição sonora, um problema que preocupa especialistas pelos danos à saúde.

O excesso de barulho pode causar zumbidos, perda auditiva permanente e outros impactos à saúde física e mental, conforme alertam pesquisadores.

A professora Karla Vasconcelos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), explica que sons em níveis elevados são prejudiciais mesmo quando a exposição é ocasional.

“Além de perturbar o sossego alheio, podem prejudicar a própria saúde auditiva, com sintomas como zumbido persistente”, diz.

Rafael Andrade, coordenador do Comitê de Acústica Ambiental da ProAcústica, destaca que a poluição sonora vai além da perda auditiva, contribuindo para estresse, irritabilidade, distúrbios do sono, problemas cardiovasculares e digestivos.

“O ruído eleva o cortisol no organismo, o que pode aumentar a pressão arterial e o risco de doenças como infartos e arritmias”, explica.

A exposição prolongada ao barulho intenso também compromete a memória, a concentração e o aprendizado, especialmente em crianças. Distúrbios do sono são comuns, com fragmentação do descanso e sensação de fadiga.

Níveis de ruído e riscos à saúde

A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que níveis de ruído não excedam 75 decibéis para evitar danos auditivos. No Brasil, a legislação trabalhista permite exposição máxima de 80 decibéis durante 8 horas de jornada.

Para ruídos acima de 85 decibéis, a exposição permitida diminui: 4 horas a 90 dB, 1 hora a 100 dB e apenas 15 minutos a 110 dB. Fogos de artifício e festas frequentemente ultrapassam 120 dB, alerta Vasconcelos.

A poluição sonora afeta 2,3 milhões de brasileiros, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde de 2019. A exposição repetida a sons acima de 85 dB é uma das causas da perda auditiva, que, quando ocorre, é permanente devido à destruição das células ciliadas do sistema auditivo, incapazes de se regenerar.

Recomendações para proteção auditiva

Para reduzir os riscos, os especialistas sugerem medidas simples, como diminuir o volume de fones de ouvido, usar protetores auriculares em eventos ruidosos e evitar dormir com som ligado. “Há protetores específicos para shows que preservam a qualidade sonora”, indica Andrade.

Ele também destaca a importância de cobrar ações do poder público para reduzir a poluição sonora urbana, incluindo melhorias no tráfego e instalação de janelas antirruído em residências, embora essa solução ainda seja inacessível para muitos.

Legislação e conscientização

No Brasil, a perturbação do sossego alheio é passível de punição pela Lei de Contravenções Penais e pela Lei de Crimes Ambientais.

Contudo, a professora Vasconcelos reforça que a educação da população é essencial para que as regulamentações sejam respeitadas e os impactos minimizados.

Cuidados oferecidos pelo SUS

O Ministério da Saúde alerta que sons altos podem causar danos auditivos temporários ou permanentes.

Para prevenção e tratamento, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência integral gratuita, que inclui ações de promoção à saúde, diagnóstico precoce e reabilitação com próteses auditivas e terapias especializadas.

A OMS sugere que eventos sigam normas de segurança, limitando o som a 100 decibéis, disponibilizando protetores auditivos e criando zonas de silêncio para descanso auditivo.

Conscientizar a população sobre os impactos da poluição sonora e adotar medidas preventivas é fundamental para proteger a saúde auditiva e o bem-estar coletivo, principalmente em épocas de celebração.

*Informações CNN


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