compartilhar no whatsapp
compartilhar no telegram
compartilhar no facebook
compartilhar no linkedin
Ácido palmítico contido no óleo de palma muda os genes de células cancerosas e aumenta a probabilidade de disseminação do câncer pelo corpo
Ácido palmítico muda o genoma do câncer e aumenta a probabilidade da doença se espalhar
Pesquisadores do Instituto de Pesquisa Biomédica de Barcelona (IRB Barcelona), conseguiram provar que uma molécula de gordura do óleo de palma – mais conhecido no Brasil como azeite de dendê – chamada ácido palmítico muda o genoma do câncer e aumenta a probabilidade de o câncer se espalhar.
A metástase do câncer ainda é a principal causa de morte em pacientes com a doença, pois a maioria dos pacientes com câncer metastático só pode ser tratada, mas não curada.
Estima-se que a metástase seja responsável por 90% de todas as mortes por câncer – doença responsável por cerca de 9 milhões de mortes por ano em todo o mundo.
De acordo com os resultados agora publicados na revista Nature, o ácido palmítico do azeite de dendê promoveu, em camundongos, metástases no câncer oral e no melanoma, tipo agressivo de câncer de pele. Outros ácidos graxos, como o ácido oleico (abundante no azeite de oliva) e o ácido linoleico (da semente de linhaça) não tiveram o mesmo efeito.
Marcadores mudam células
Os autores também identificaram vários marcadores de “memória” que permanecem nas células tumorais. Eles modificam as células de forma que retenham uma maior capacidade de metástase meses após terem sido expostas ao ácido palmítico.
Mas não apenas o ácido palmítico contido no azeite de dendê parece promover a disseminação do câncer. Os pesquisadores de Barcelona já haviam descoberto em 2016 que as células tumorais em metástase são equipadas com um receptor sensível à gordura.
A proteína CD36 fornece às células cancerosas os nutrientes de que precisam para sobreviver longe do tumor que as originou. Este efeito do CD36 já foi demonstrado para câncer de ovário, bexiga e pulmão.
Estudo visa criação de terapia
“A pesquisa é um grande avanço em nossa compreensão da relação entre dieta e câncer e, talvez mais importante, de como podemos usar esse conhecimento para desenvolver novas curas para o câncer”, afirma a médica Helen Rippon, diretora executiva da Worldwide Cancer Research.
Considerando uma possível terapia, o pesquisador Salvador Aznar-Benitah, principal autor do estudo do IRB Barcelona cita um primeiro estudo clínico planejado para começar nos próximos anos.
“Acho que é muito cedo para determinar que tipo de dieta os pacientes com câncer metastático podem seguir para retardar o processo metastático. No entanto, com base em nossos resultados, é possível deduzir que uma dieta pobre em ácido palmítico pode retardar o processo metastático, mas mais pesquisas são necessárias.”
Quão prejudicial é o óleo de palma?
Há muito se suspeita que o azeite de dendê esteja envolvido no desenvolvimento de diabetes, doenças vasculares e câncer.
Por um lado, isso se deve à alta proporção de ácidos graxos saturados. Além disso, podem surgir substâncias cancerígenas durante o processamento industrial: quando o óleo de dendê é submetido a altas temperaturas, são formados ésteres de ácido graxo 3-MCPD e ésteres de ácido graxo glicidol, classificados como carcinogênicos pelo Instituto Federal de Avaliação de Risco da Alemanha (BfR).
Mas o azeite de dendê é ingrediente de várias pastas de chocolate para passar no pão, barras de chocolate, bombons, chips, granola, biscoitos, margarina, comida para bebês e refeições prontas.
O óleo de palma também é encontrado em detergentes, cosméticos, sabonetes e velas, pois é significativamente mais barato do que o óleo de girassol ou de canola.
Mas quem quiser ficar sem azeite de dendê, pode facilmente encontrar produtos alternativos que não contenham o ingrediente.
Isso não só beneficia a própria saúde, mas também protege o meio ambiente, já que as florestas tropicais e outros habitats que deveriam ser protegidos estão sendo desmatados para abrir espaço para plantações de dendezeiros.
*Informações DW