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Teorias sobre a evolução do ser humano às vezes geram conclusões que podem desafiar o bom senso
A aplicação direta – e um tanto indiscriminada – das teorias evolucionárias ao ser humano, sobretudo no aspecto comportamental, vez por outra gera conclusões que desafiam o mais simples bom senso.
Por isso, pesquisadores japoneses decidiram analisar como a norma social da reciprocidade é adotada na sociedade humana.
Como já se poderia prever, os resultados contestam as previsões teóricas feitas por uma corrente mais estreita do darwinismo, que pretende ver competição e vitória do mais forte em cada aspecto da vida.
As observações mostram que as pessoas podem se envolver em comportamento cooperativo, mesmo entre estranhos, sem expectativa direta de benefício pessoal.
Para compatibilizar isso com suas teorias evolucionário-biológicas, os cientistas consideram que esse comportamento cooperativo só seria sustentado se houvesse um mecanismo para garantir que os benefícios sejam retornados aos indivíduos que cooperam – eles chamam esse mecanismo de reciprocidade indireta.
Sempre seguindo a teoria, a reciprocidade indireta dependeria de normas sociais que distinguem o bem do mal.
Muitas pesquisas têm buscado normas que desencorajam a cooperação direcionada a pessoas consideradas más.
Para manter sua teoria de pé, os cientistas têm proposto que “não cooperar com pessoas más é uma coisa boa”, o que eles chamam de deserção justificada, que seria necessária para “estabilizar o comportamento cooperativo”.
Isso ocorreria porque – sempre dentro da teoria biológico-evolucionista – se a deserção contra uma pessoa má não for justificada, aqueles que não cooperaram com uma pessoa que não coopera (uma pessoa má) serão avaliados como ruins, e a não cooperação substituiria a cooperação.
É claro que os neo-darwinistas bem que gostariam de eliminar a cooperação da agenda, mas a realidade não lhes permite porque a observação ainda fala mais alto que as teorias.
Precisamos melhorar as teorias
A equipe decidiu testar tudo isso realizando várias experimentos para responder se a “deserção justificada” é mesmo justificada e analisar as normas que as pessoas adotam em suas vidas diárias.
Os resultados mostraram que, ao contrário de todas aquelas previsões teóricas acima, as pessoas têm uma atitude neutra em relação à deserção justificada, evitando julgá-la como boa ou ruim.
Na verdade, para desespero dos neo-darwinistas, as pessoas julgaram a “cooperação com uma pessoa má (cooperação injustificada)” como algo bom – algo que intriga os cientistas, mas que não soa nada estranho para quem conhece conceitos como altruísmo, magnanimidade, indulgência, bondade e tantos outros.
“Nossos resultados indicam a necessidade de reconsiderar a justificação da ‘deserção justificada’ na evolução da cooperação,” resumiu laconicamente o professor Hitoshi Yamamoto, da Universidade Rissho.