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Este ano, os financiamentos de imóveis com recursos da caderneta de poupança registram alta de 26,4%
A recuperação do mercado imobiliário e a expectativa de aceleração do crescimento daqui para frente têm criado uma situação inusitada: os bancos começaram a correr atrás das incorporadoras para oferecer empréstimos para a construção de novos empreendimentos.
A informação é do economista-chefe do Sindicato da Habitação de São Paulo (Secovi-SP), Celso Petrucci, que também é presidente da comissão imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC).
“Os bancos têm procurado o incorporador”, destacou Petrucci.
No acumulado de janeiro até agosto, os financiamentos imobiliários com recursos da caderneta de poupança registram alta de 26,4% em relação ao mesmo período do ano passado.
Esse crescimento foi mais intenso nas concessões voltadas às incorporadoras para construção, que subiram 47,2%, enquanto os empréstimos para consumidores realizarem a compra aumentaram 20,9%, segundo levantamento da consultoria Tendências.
“Mas o incorporador também continua procurando os bancos”, afirmou Petrucci. “Tudo isso é uma resposta ao aumento da demanda por imóveis.”
O maior aquecimento do setor é consequência direta da redução da taxa básica de juros da economia brasileira (Selic), que levou os bancos a cortarem os juros do crédito imobiliário.
A Caixa Econômica Federal anunciou esta semana corte de até 1 ponto porcentual nas taxas de juros para financiamentos imobiliários com recursos do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE).
A menor taxa de juros cobrada pela Caixa passará de 8,50% mais a Taxa Referencial (TR) para 7,50% mais TR. A maior taxa vai de 9,75% mais TR para 9,50% mais TR.
O movimento do banco estatal, maior financiador do setor imobiliário no País, veio após anúncios do mesmo tipo pelos concorrentes dias antes.
O Bradesco anunciou taxa mínima de TR + 7,30% ao ano, o Itaú fixou sua taxa mínima em TR + 7,45% e o Santander, TR + 7,99%.
O corte de 1 ponto porcentual em um empréstimo de R$ 300 mil representa queda de R$ 250 na parcela do mutuário, aumentando o acesso ao imóvel por milhares de consumidores, afirmou Petrucci.
“Estamos chegando ao menor patamar de juros da história”, disse. “É uma competição saudável dos bancos e não vai parar por aí. Se a Selic cair para menos de 5% ao ano, esse movimento vai continuar.”
Petrucci elogiou a iniciativa do Banco Central de constituir uma plataforma para dar transparência às finanças dos empreendimentos imobiliários em construção no País.
Batizada de Block, ela trará dados auditados sobre o volume de venda de cada projeto e o fluxo de pagamentos para cada uma das unidades, entre outros itens.
A inclusão de dados pelas incorporadoras será voluntária. O objetivo é dar aos bancos maior visibilidade sobre os empreendimentos, facilitando a decisão de liberar ou não crédito para as obras.
Isso servirá para empresas de pequeno e médio portes, segmento no qual as regras de governança de cada projeto são mais frouxas.
Na dúvida, os bancos fecham as portas para esse tipo de empresa. A perspectiva é que o Block esteja no ar no primeiro semestre de 2020.
“Há milhares de pequenas e médias empresas que não conseguem financiamento. Essa ferramenta vai abrir caminho para elas”, disse Petrucci.