Relação entre apneia do sono e transtornos psiquiátricos cria um ciclo vicioso, mas há como tratá-los com abordagem multidisciplinar
A conexão entre distúrbios do sono e saúde mental tem ganhado destaque nos últimos anos, e um dos pontos centrais dessa discussão é a apneia do sono.
Este distúrbio, caracterizado por interrupções na respiração durante o sono, pode ter efeitos profundos na saúde mental e vice-versa.
O Dr. Geraldo Lorenzi Filho, Diretor Médico e Especialista em Medicina do Sono da Biologix, compartilha informações sobre essa relação e apresenta estratégias de tratamento integrado para melhorar o bem-estar geral dos pacientes.
Causa até depressão
Já não é novidade para ninguém que a apneia do sono pode levar a uma série de problemas de saúde mental, incluindo depressão, ansiedade e dificuldade de concentração.
Isso porque a falta de sono reparador afeta negativamente o humor e a capacidade cognitiva, resultando em um ciclo vicioso de deterioração da saúde mental.
Estudos mostram que indivíduos com apneia do sono não tratada têm maior probabilidade de desenvolver transtornos mentais, o que reforça a necessidade de um diagnóstico e tratamento precoces.
Como a saúde mental afeta a qualidade do sono?
Por outro lado, problemas de saúde mental, como estresse e ansiedade, também podem agravar os sintomas da apneia do sono. Pacientes que sofrem de distúrbios de ansiedade muitas vezes apresentam dificuldades para adormecer e manter um sono contínuo, piorando os episódios de apneia.
“A insônia crônica está frequentemente associada a transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade. A falta de sono adequado pode agravar sintomas desses transtornos, pois o sono desempenha um papel importante na regulação do humor e das emoções”, declara Dr. Geraldo.
Segundo o médico, “a relação entre insônia e transtornos psiquiátricos é uma via de mão dupla, ou seja, a insônia pode contribuir para o desenvolvimento de depressão e ansiedade, e vice-versa, criando um ciclo que piora ambos os problemas”.
Importância do diagnóstico
Segundo o especialista, o diagnóstico precoce da apneia do sono é crucial para prevenir complicações na saúde física e mental.
A identificação do distúrbio permite a implementação de tratamentos eficazes e multidisciplinares, melhorando significativamente a qualidade de vida de quem sofre com o problema.
De acordo com ele, a apneia apresenta diferentes níveis de gravidade, desde o ronco primário até a apneia leve, moderada e grave.
Existem várias medidas que podem ser adotadas, desde simples ajustes na rotina até intervenções mais avançadas.
Veja algumas delas:
Posição de dormir: Dormir de lado com um travesseiro mais alto e firme. Colocar um travesseiro entre as pernas pode ajudar a estabilizar a posição durante o sono;
Manter o nariz desobstruído: Utilizar lavagem nasal ou outros métodos recomendados pelo médico;
Controle de peso: incorporar exercícios físicos regularmente;
Higiene do sono: Manter horários regulares de sono, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e sedativos à noite;
Placa de avanço mandibular: Prescrita para uso durante o sono, ajudando a manter as vias aéreas abertas ao avançar a mandíbula;
Uso de CPAP: No caso de apneia moderada a grave, o uso da máscara para dormir com pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP) é muitas vezes indicado, mantendo as vias aéreas abertas durante o sono e melhorando a qualidade do descanso noturno;
Intervenções cirúrgicas: Em casos mais graves, pode ser necessária a avaliação de procedimentos cirúrgicos para correção das vias aéreas;
Acompanhamento psiquiátrico: Para pacientes com transtornos mentais, o acompanhamento regular com um psiquiatra é fundamental. Esse acompanhamento ajuda a monitorar e ajustar tratamentos, proporcionando uma abordagem integrada e eficaz para a saúde mental e a apneia do sono.
Tratamento integrado
Consultar um médico ou especialista em sono é fundamental para determinar o melhor plano de tratamento, que pode incluir uma combinação dessas abordagens.
O tratamento integrado, focado tanto na apneia do sono quanto na saúde mental, é crucial para romper o ciclo vicioso entre esses problemas.
“Abordar ambos os aspectos de forma coordenada não apenas melhora a qualidade de vida dos pacientes, mas também promove um bem-estar duradouro”, conclui Dr. Geraldo.
Sobre o Dr. Geraldo Lorenzi Filho:
Dr. Geraldo Lorenzi Filho é pneumologista, Diretor Médico e Especialista em Medicina do Sono da Biologix.
Além disso, é coordenador do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
Com vasta experiência na área, o Dr. Lorenzi Filho é reconhecido por sua dedicação ao estudo e tratamento dos distúrbios do sono e tem sido uma voz proeminente na promoção da saúde do sono no Brasil.