Alunos de Etec criam sabonete com óleo de cozinha contra dengue

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de fevereiro de 2018 às 23:52
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 18:35
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Projeto recicla óleo usado em frituras e adiciona na confecção de sabonete repelente contra Aedes aegypti

Estudantes
do curso técnico de Meio Ambiente da Escola Técnica Estadual (Etec) de Cubatão
desenvolveram uma solução para problemas do ambiente urbano: criaram um
sabonete que serve para reciclar o óleo usado para fritura e ainda combate ao
mosquito Aedes Aegypt.

Para
desenvolver o sabonete repelente, o grupo formado pelos alunos Isaias Lima,
Marcelo Jessen e Raphael Pupo tiveram a orientação do professor André Vicente.
O projeto venceu a edição de 2017 do prêmio da Escola Superior de Engenharia e
Gestão (Eseg), na categoria Saúde.

No
começo do processo de desenvolvimento do sabonete repelente os alunos
precisaram visitar o Jardim Rio Branco, em São Vicente, e então vieram as
ideias. “Quando iniciamos o projeto, traçamos como diretrizes a mitigação de
impactos ambientais e um trabalho de ação social. Assim, desenvolvemos também
um produto acessível à comunidade”, explica um dos integrantes do grupo,
Marcelo Jensen. “Pesquisamos os problemas que afetam as comunidades carentes de
nossa região e chegamos ao descarte incorreto de óleo de cozinha. Depois, à
grande proliferação de doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. Então
juntamos as duas”, completou Jensen.

Identificados
os problemas, os alunos fizeram pesquisas sobre as propriedades repelentes
encontradas na natureza que poderiam ser acrescentadas ao sabonete. Com ajuda
de bibliografia e contatos com moradores de reservas indígenas, encontraram
duas plantas nativas da Mata Atlântica que poderiam ser utilizadas. Além de ser
do bioma regional, elas possuem óleos essenciais de propriedades repelentes: a
pariparoba e a pitanga.

Os
estudantes buscaram ervas que pudessem ter seus óleos essenciais extraídos sem
a necessidade da adição de solventes. Outro detalhe interessante do sabonete é
que ele não tem soda cáustica em sua composição.

Segundo
o “Guia de Plantas Medicinais de A a Z”, a Pariparoba (Piper umbellatum) também
tem outros benefícios para a saúde. “A planta age contra resfriados e asma e
também contra os males do figado e baço, aliviando azia, úlceras e hemorróidas.
Mastigar a raiz alivia dor de dente”, informa o guia.


sobre a pitangueira (Stenocalys michelli) a utilização indicada é: “contra
diarreia em crianças, bronquite, febre e ainda abaixa a pressão. É calmante
infantil e bom para os nervos. E, sua fruta não tem contraindicação, além de
ser bastante usada em sucos e geleias”.

As
indicações das propriedades das plantas serviram como informação complementar.
Contudo, a avaliação de um profissional médico sobre o uso de cada uma delas é
imprescindível.

O
projeto ajuda a combater o mosquito da dengue, entretanto, a recomendação do
governador Geraldo Alckmin à população é não dar chance para o surgimento de
novos mosquitos. “Erradicar os focos do mosquito Aedes aegypti é a maneira mais
eficaz para combater a dengue”, disse.

Ação social e vacina para a dengue

Os
alunos mostraram o produto a uma comunidade com carência em Cubatão e
explicaram a importância do descarte correto do óleo. Os técnicos também
recolheram o óleo usado por moradores para usar de matéria-prima na produção de
mais unidades de sabão.

Por
enquanto, apenas testes informais foram realizados. O grupo procurou a
Superintendência do Controle de Endemias (SUCEN) para verificar a eficácia do
produto. O teste deve ser feito em março.

Além
das ações de prevenção tradicionais incentivadas pelo Estado, como eliminação
dos recipientes com água parada, e uso de repelentes, o Instituto Butantan está
desenvolvendo uma vacina contra os quatro tipos de dengue. “Nós estamos
acelerando a parte de produção e registro, para que no final de 2019 possamos
ter a vacina disponível pelo menos para a população de indivíduos adultos”,
disse o diretor do Butantan, Dimas Covas.


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