Alunos de escola pública em Franca criam plástico biodegradável com casca de banana

  • Rosana Ribeiro
  • Publicado em 16 de setembro de 2024 às 11:30
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A inspiração para o produto partiu dos bananais da cidade de Delfinópolis (MG), município que fica a 93 quilômetros de distância de Franca

Arthur Silva e Miguel Macedo com o professor de química, Paulo Roberto Lemos – foto Reprodução EPTV

 

Alunos do Ensino Médio da rede de ensino estadual de Franca desenvolveram um plástico biodegradável a partir da casca de banana.

Artur Luís da Silva e Miguel Macedo Martins estão na 3ª série e se aventuraram em um projeto de iniciação científica com foco na sustentabilidade.

Estudantes da escola estadual Ângelo Scarabucci foram motivados pelo professor de química, Paulo Roberto de Costa Lemos, e criaram uma alternativa para substituir o plástico comum, feito de combustíveis fósseis.

A inspiração para o produto partiu dos bananais da cidade de Delfinópolis (MG), município que fica a 93 quilômetros de distância de Franca.

A ideia inicial, no entanto, era utilizar outro alimento muito comum na mesa dos brasileiros, conta Artur.

“Primeiramente a gente pensou em usar plástico de batata, meio inusitado, mas acabou que não deu certo, não era viável para o produtor”. Depois a gente descobriu que tinha como fazer plástico a partir da casca da banana”.

O professor Lemos, que também é orientador do projeto, lembra que foi surpreendido com a dedicação dos alunos.

Além de uma forma de inspirar novas pesquisas, é um jeito de contribuir com o meio ambiente utilizando um material que iria para o lixo.

“Cria-se nos estudantes uma consciência ecológica de estar sendo buscadas alternativas para melhorar o ambiente e isso desperta nos outros alunos uma vontade de participar dessa luta contra o desperdício”.

Eco Banana

Plástico ‘Eco Banana’ leva 45 minutos para ficar pronto e desaparece em até 5 meses na natureza – foto Reprodução EPTV

 

O plástico foi chamado pelos alunos de ‘Eco Banana’ e, na sua composição, outros produtos comuns são utilizados. Além da banana, a mistura do protótipo leva amido de milho, fécula de mandioca, glicerina e vinagre.

O aluno conta que cada produto tem um papel importante na composição do plástico. A banana é a fibra do bioplástico, a glicerina serve para dar elasticidade, o amido e a fécula para dar volume e o vinagre para impedir a proliferação de mofo.

“A gente foi fazendo projetos, tentativa e erro, até acertar as medidas, acertar cada produto e a funcionalidade dele. Foram oito testes até chegar no protótipo”, lembra Artur.

O orientador do projeto explica que o plástico demora em média 45 minutos para ficar pronto e precisa de dois dias para descansar e ser utilizado.

O produto sustenta entre cinco e oito quilos, deve medir entre um metro e um metro e meio, com custo médio de R$ 6.

O mais importante para Lemos é a sustentabilidade do produto. Enquanto um plástico comum, a base de petróleo, demora 500 anos para se decompor, o plástico a base de banana desaparece em no máximo cinco meses na natureza.

“Com esse plástico novo, que é biodegradável, ele vai eliminar isso, até certo ponto um adubo orgânico para contribuir para o meio ambiente”.

Inspiração para o futuro

O sucesso do projeto impactou também o futuro dos alunos. A experiência no laboratório ofereceu aos estudantes uma prévia do caminho que eles podem seguir num futuro não tão distante, já que estão finalizando o ensino médio, conta Silva.

“Esse projeto me deu mais ou menos um guia de qual área eu quero seguir, mais para a área de pesquisa, desenvolvimento de projetos, pode ser tanto na área de tecnologia, área de exatas ou para a área de biológicas”.

O mesmo aconteceu com Miguel, que pensava em prestar o vestibular para o curso de fisioterapia. Ele só não esperava que o projeto iria mudar também seus planos profissionais.

“Depois que comecei a fazer o projeto, eu falei: ‘cara, eu gosto de estar no laboratório, eu gosto de pesquisar’. Eu sempre gostei da parte de estudo, por exemplo, da química, só que aí quando vai para o laboratório, as coisas mudam, aí é a minha paixão mesmo”.

A ideia dos estudantes é dar continuidade ao projeto ‘Eco Banana’ e conseguir aplicá-lo no mercado. Eles acreditam que o plástico biodegradável tem espaço para competir com o plástico comum.

O objetivo é apresentar o produto para empresas do segmento, conseguir investimento e melhorar o protótipo.

“Se elas [empresas] quiserem investir, a gente está aberto. A gente quer melhorar ele, conseguir aplicar ele no mercado para competir com o plástico de polietileno”, diz Miguel.

*Informações G1


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