Aids: casos e óbitos têm queda de 16% nos últimos quatro anos no Brasil

  • Cesar Colleti
  • Publicado em 27 de novembro de 2018 às 17:59
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 19:11
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Os dados mostram ainda que 73% das novas infecções por HIV no Brasil acontecem entre pessoas do sexo masculino

“Indetectáveis”. Foi com esse grito,
de mãos dadas, que pessoas que vivem com HIV deram início à cerimônia que marca
os 30 anos de luta contra a aids.

Elas comemoram o fato de terem sua
carga viral em níveis sequer detectados em testes laboratoriais em razão da
adesão ao tratamento com antirretrovirais.

Dados do Ministério da Saúde
divulgados nesta terça-feira, 27 de novembro, mostram uma redução de 16% dos
casos e óbitos por aids no país nos últimos quatro anos.

Segundo a pasta, fatores como a
garantia do tratamento para todos, a melhora do diagnóstico, a ampliação do
acesso à testagem e a redução do tempo entre o diagnóstico e o início do
tratamento contribuíram para a queda.

Os números revelam que, de 1980 a
junho de 2018, foram identificados 926.742 casos de aids no Brasil – um
registro anual de 40 mil novos casos. Em 2012, a taxa de detecção da doença era
de 21,7 casos para cada 100 mil habitantes enquanto, em 2017, o índice era de
18,3 casos. No mesmo período, a taxa de mortalidade por aids passou de 5,7
óbitos para cada 100 habitantes para 4,8 óbitos. 

O boletim também aponta
redução significativa da transmissão vertical do HIV – quando o bebê é
infectado durante a gestação – entre 2007 e 2017. A taxa caiu 43%, passando de
3,5 casos para cada 100 mil habitantes para 2 casos.

Homens

Os dados mostram ainda que 73% das
novas infecções por HIV no Brasil acontecem entre pessoas do sexo masculino,
sendo que 70% dos casos é registrado entre homens que estão na faixa etária de
15 a 39 anos.

Autoteste

O ministério anunciou que, a
partir de janeiro de 2019, a rede pública de saúde passa a oferecer o
autoteste de HIV para populações-chave e pessoas em uso de medicamento de
pré-exposição ao HIV. A previsão é que sejam distribuídas, ao todo, 400 mil
unidades do teste, inicialmente nas cidades de São Paulo, Santos, Piracicaba,
São José do R io Preto, Ribeirão Preto, São Bernardo do Campo, Rio de
Janeiro, Curitiba, Florianópolis, Salvador, Porto Alegre, Belo Horizonte e
Manaus.

Tratamento

Ainda de acordo com o boletim
epidemiológico, desde 2013, quando os antirretrovirais passaram a ser distribuídos
a todos os pacientes soropositivos, independentemente da carga viral, até
setembro deste ano, 585 mil pessoas com HIV estavam em tratamento no Brasil. A
maioria – 87% – faz uso do dolutegravir, que aumenta em 42% a chance de
supressão viral (diminuição da carga de HIV no sangue) em relação ao tratamento
anterior. A resposta, neste caso, também é mais rápida: no terceiro mês, mais
de 87% dos usuários já apresentam supressão viral.

Luta

Diagnosticada como soropositiva há um
ano e meio, a estudante Blenda Silva, 25 anos, conta que é possível seguir
normalmente com a vida desde que haja adesão ao tratamento. Sobre os 30 anos de
combate ao HIV, celebrados no próximo sábado (1º), Dia Mundial de
Luta contra a Aids, ela lembra que muitos perderam a vida ao longo das últimas
décadas por causa da doença. “O número de infectados ainda é muito
alto. Nossa mensagem, hoje, é que ainda precisa de prevenção”, disse, ao
se referir aos mais de 37 milhões de pessoas que vivem com HIV em todo o mundo.
“É uma luta que não precisa ser só de quem é soropositivo, mas de toda a
sociedade brasileira”, concluiu.


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