Aguapés marrons estão encobrindo parte do Lago de Peixoto, na região de Cássia

  • Teo Barbosa
  • Publicado em 22 de junho de 2023 às 09:00
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Aumento dos aguapés pode estar relacionado a alterações do ambiente aquático como poluição, causando transtornos para quem vive próximo

Aguapés marrons estão cobrindo o Lago de Peixoto, em Cássia (MG). O caso ganhou destaque após serem divulgadas fotos nas redes sociais no fim de semana.

Segundo os especialistas, isso pode acontecer devido às baixas temperaturas na região. Os moradores contam que desde que os aguapés estão se multiplicando e já tem deixado transtornos para que vivem próximo ao local.

A situação afeta principalmente aos pescadores, já que muitos peixes sumiram. Ainda conforme os profissionais, passar pelo local está inviável, porque a canoa e o remo sempre acabam enroscando nos aguapés.

Especialista explica

Sobre o aumento da quantidade e a mudança de coloração dos aguapés, quem explica é o Antônio Fernando Monteiro Camargo, professor da Unesp e especialista em plantas aquáticas.

“As plantas aquáticas têm um papel muito importante no funcionamento e para a biodiversidade dos ambientes aquáticos”.

“Elas servem de local de abrigo para espécies de peixes jovens, para a deposição de ovos de libélulas, sapos e rãs. No entanto, em alguns casos, como o que está acontecendo em Cássia, elas podem crescer de forma muito exagerada e prejudicar a pesca, o transporte náutico, esse tipo de coisa”, explica.

Segundo o professor, o crescimento das plantas aquáticas pode estar relacionado a alterações do ambiente aquático, normalmente provocadas por atividades humanas.

“É um problema mais local e que talvez esteja relacionado com toda uma questão de atividade agrícola, a falta de uma mata ciliar para proteger o ambiente aquático. Então, é uma coisa mais localizada, não é uma coisa do reservatório como um todo”, explica.

Importantes

O professor também ressalta que as soluções para os aguapés não são a eliminação das plantas, já que elas são importantes para o ambiente aquático.

“Pode ser que esse crescimento esteja relacionado com uma atividade agrícola muito intensa nessa bacia hidrográfica desse braço do reservatório, com aplicação de fertilizantes, talvez alguma entrada de efluentes e de esgotos domésticos, esse tipo de coisa. Então, a solução para as plantas parte de você conservar a água, manter a água mais limpa, tratar efluentes, diminuir a entrada desses adubos que são para vegetação e que acabam indo para a água e acabam fazendo com que as plantas cresçam de forma excessiva”.

Após a chegada do inverno, o professor adianta que o frio talvez elimine os aguapés. No entanto, se a condição da região continuar da mesma forma as plantas aquáticas podem crescer novamente e ocupar o local quando começar a primavera.

O que diz Furnas

Segundo o portal G1 Sul de Minas, a Eletrobras Furnas informou em nota que os aguapés são gerados pela reação dos ambientes aquáticos com o lançamento de efluentes domésticos, ainda que tratados, ou escoamento de fertilizantes das lavouras vizinhas.

“As chuvas que elevam a cota dos reservatórios e aumentam as vazões afluentes favorecem a proliferação das macrófitas, pois um volume maior de matéria orgânica e fertilizantes é carreado para os reservatórios. Cabe aos agentes públicos investigarem possíveis lançamentos de efluentes fora dos padrões aceitáveis”.

Ainda segundo a nota, Furnas monitora a qualidade da água do reservatório de suas usinas e nenhuma de suas atividades lança cargas de nutrientes nas águas que possam gerar a produção de aguapés ou macrófitas aquáticas.


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