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Presidente por 6 anos faz balanço da atuação na entidade que atende 1,2 mil pessoas: “Aprendi muito. E trouxe alegrias para mim também”.
Do voluntariado em uma das barracas na Festa di San Gennaro à presidência da APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Franca, por dois mandatos, Agenor Gado deixa o comando da instituição após seis anos de, como ele próprio diz, muito aprendizado e alegrias. A partir de janeiro, Paulo Henrique Ferreira assume como presidente, mas o atual líder segue na diretoria, como diretor social.
Agenor Gado faz um balanço de sua atuação na presidência da APAE Franca, destaca as mudanças que capitaneou à frente da instituição e revela sua gratidão pelas experiências enriquecedoras que viveu nos últimos anos: “Eu me sinto muito bem aqui”.
Leia a entrevista:
O senhor deixa a presidência da APAE, após dois mandatos, com qual sentimento?
Felizmente, é um sentimento de dever cumprido. A APAE tem me trazido muitas alegrias, muita satisfação. É um lugar em que a gente se sente bem. Os usuários são pessoas carinhosas, a gente sempre vê um sorriso nos meninos, nas meninas, eles nos abraçam… E é um lugar em que são todos muito transparentes, naturais, você não vê segunda intenção. E, com tudo isso, a satisfação cada vez fica maior. Nós temos uma estrutura administrativa muito boa, funcionários capacitados, treinados, que têm um trabalho de excelência. A diretoria também tem participado muito, tem contribuído – o presidente não faz nada sozinho. A sociedade responde bem às nossas necessidades, nossos eventos – o leilão é um evento importante da nossa APAE, a San Gennaro -, as doações das empresas jurídicas, pessoas físicas também… Tudo isso tem contribuído muito. A APAE tem uma necessidade muito grande, nós temos um orçamento que encerra este ano de R$ 13,3 milhões. E 30%, 35%, temos que buscar com eventos. Isso corresponde a mais de R$ 3 milhões e precisamos trabalhar bastante para conseguir arrecadar este valor.
Sua história na APAE, na diretoria pelo menos, vem desde 2005. Primeiro no Conselho Deliberativo, depois Conselho de novo, vice-presidência, presidência, teve a reeleição e agora continuará como diretor social. Serão, no final da próxima gestão, 20 anos desde a primeira vez como conselheiro da APAE. O que move o senhor nesta missão?
Eu entendo que na vida nós temos um ‘timing’, um tempo. Depois de ter construído muitas coisas para a gente, nas nossas empresas, quando você entra numa instituição, às vezes sem querer, mas querendo, você acaba gostando, se sentindo bem. E a gente tem que contribuir, ser voluntário – todos nós temos que ter um espírito de voluntariado, de ajudar as pessoas. Nós temos que ajudar, primeiro, os que estão mais próximos – eu entendo assim. Se você consegue fazer isso, você já ajuda as pessoas que vivem com você. E, depois, se você pode contribuir com uma entidade, por que não? Alguém tem que fazer algo ou todos nós temos que fazer alguma coisa. Então, eu entrando nessa instituição, que é a APAE, eu me senti bem desde o início. E cada vez fomos evoluindo, entendendo mais como ela funciona, do que precisa e, com isso, também trouxemos muita gente para a nossa diretoria, para os nossos eventos. E temos que ter também, humildemente, credibilidade para que as pessoas acreditem que a gente pode contribuir e fazer trabalhos importantes. Porque a gestão tem que ser transparente – nosso balanço aqui é auditado, por exemplo – e tem que ter também um espírito empreendedor. Não adianta você entrar numa instituição e não empreender nada, não fazer algo diferente. E eu acho que nós fizemos isso.
Antes de entrar nessa parte do “empreender”, diga como foi esse “entrar sem querer, mas querendo”.
Na verdade, foi na San Gennaro. Eu comecei antes, inclusive, dessa data que você mencionou. Eu estava participando da barraca do porco no rolete – me chamaram para participar, depois eu assumi a barraca e a participação na APAE foi se intensificando.
O que o senhor destaca do “fazer diferente”? Nesses seis anos como presidente, quais as maiores conquistas?
Quando a gente faz só algo que já existe, que não tem nada de diferente, você continua na mesma, não empreendeu nada e não levou algo a mais para onde você está. Então, o que é empreender? Empreender é fazer algo que inove. Nós trouxemos uma empresa de gestão para cá, que já está há cinco anos, e a gente conseguiu fazer uma administração mais profissional, com os coordenadores participando mensalmente de treinamentos. Então, isso foi algo diferente que empreendemos. Nós temos um leilão que traz recursos para a APAE e, nesse evento, você tem uma maneira de fazer ou várias maneiras. Se você empreende naquele algo diferente, você traz uma empresa para vender um espaço de publicidade, o que nos primeiros leilões não tinha, você está agregando, faturando mais. Se você realiza uma San Gennaro de forma diferente, você está empreendendo. Quando se faz sempre a mesma coisa – “eu recebo um valor, pago essa conta tal do mês”, “não tem dívida, não tem nada” – isso não é empreender.
E qual o resultado desse “empreender”?
Sempre resultados positivos e mais recursos. Por exemplo, eu estava, um tempo atrás, lendo uma revista da Federação das APAEs do Estado São Paulo, da qual eu sou vice-presidente também, e lá eu vi um Jardim Sensorial. Pensei: “Vamos fazer na APAE de Franca”. E aqui o projeto está andando já. Teremos um jardim maravilhoso em uma área aqui ao centro da nossa APAE, no entorno de todos os espaços de saúde, educação e assistência social. Vai ser um local para as crianças desenvolverem todos os seus sentidos: o tato, o olfato, a visão, um jardim com diferentes tipos de plantas, flores com perfume variados, movimento de água, um caminho para as crianças andarem em pisos diferentes – elas vão andar descalças… Isso vai ser algo bacana que nós vamos ter na APAE de Franca. Além de trazer um resultado, digamos assim, de qualidade para os usuários, vai ser um lugar bonito.
E essa é uma das conquistas?
Esse é um dos empreendimentos que eu considero. Não conseguimos terminar dentro da minha gestão, mas vai concluir, a previsão é finalizá-lo em fevereiro.
Como é administrar uma, digamos, empresa do tamanho da APAE que atende 1.200 pessoas, que tem 330 funcionários? O segredo, o que é? É a profissionalização da gestão?
É. Administrar a instituição como uma empresa. Temos que olhar sempre para as despesas, para as receitas, tem que ter um equilíbrio nas contas, buscar faturamento, em outras palavras, temos que conseguir recursos. Além de trazer pessoas que acreditam naquilo que a gente está fazendo, e que elas possam contribuir também. Antes desta pandemia, nós tínhamos um programa para trazer pessoas para conhecerem a instituição, porque poucos conhecem a APAE de Franca – sabem que existe, mas não conhecem. Na época, recebemos, por exemplo, os panificadores. Veio o presidente da Associação dos Panificadores de Franca, demos uma volta na APAE, mostramos toda a estrutura e falamos: “Nós temos uma grande necessidade aqui, nós gastamos R$ 8 mil em pães por mês”. E a gente conseguiu que nos doassem os pães porque eles conheceram, viram a necessidade, se sensibilizaram e estão fazendo essa doação. E outras pessoas também vieram conhecer, mas depois a pandemia dificultou a realização dessas visitas.
O senhor teve que enfrentar, nesses seis anos, esse período de pandemia.
Isso, tivemos esse período, mas eu também tive a felicidade de estar presidente quando a APAE completou 50 anos e agora, em janeiro, completa 53 anos. A pandemia foi um momento de muitas incertezas para todos nós, para todas as pessoas. E dentro daquilo que a gente pôde fazer, fizemos. Não demitimos ninguém. Tivemos atendimento remoto na educação e mantivemos os da saúde e assistência social também. Dentro daquilo que foi permitido, fizemos. E os eventos pararam, o leilão, a San Gennaro. Houve redução de recursos, mas felizmente eu deixo a gestão da presidência com as contas equilibradas, graças a Deus.
E quais os desafios que o senhor vê para a próxima gestão?
Olha, nós temos um grupo que praticamente todos vão continuar. Estão vindo novos membros também para contribuir. Eu não sei exatamente quais as ideais do presidente que assume, mas deve ter uma continuidade. O importante é que o grupo continue unido, apoiando, que tenha credibilidade para que todas as necessidades da instituição sejam supridas.
O futuro presidente Paulo Henrique Ferreira disse que uma das suas principais características é ser agregador. O senhor acredita nisso, que essa é a sua principal característica? E, por conta dela, o seu sucesso na presidência da APAE?
Eu procurei ser um agregador, trazer sempre novas pessoas para o Conselho. Por exemplo, o Conselho de Administração não tem limite de pessoas. Normalmente, era meia dúzia ou um pouco mais. Hoje nós estamos com 30 pessoas neste grupo. São mais pessoas que vão participando, conhecendo, agregando, somando. A APAE é de todos nós. Eu sempre falo que a APAE não é do presidente, da diretoria, dos funcionários… Nós atendemos 11 municípios da região. Quando eu assumi, já tinha a necessidade de que os municípios da região contribuíssem também. Mas somente Rifaina contribuía. Hoje todos os municípios contratam o serviço conosco e pagam pelo atendimento prestado. O promotor de Justiça Fernando Martins ajudou que a gente conseguisse essa, digamos assim, venda de serviços para os municípios. Essa é uma receita que não tínhamos, e hoje podemos contar com ela.
E qual a importância que a APAE tem hoje para esses 11 municípios de São Paulo e de Minas Gerais?
Eles têm a necessidade de prestar o serviço e, se eles não têm no seu município, precisam contratar. E eles têm contratado conosco. A importância que vejo é que fazemos um serviço de qualidade, e, ao contratar da APAE de Franca, não têm a preocupação de gerir isso. Deve ser um custo menor do que se eles implantarem uma pequena APAE. E eles encontram uma instituição aqui com uma estrutura, por exemplo, na Saúde, onde as pessoas são atendidas em toda a sua necessidade. Nós temos dentista, fisiologista, neurologista, psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, assistente social. A pessoa entra aqui e tem atendimento completo. O objetivo aqui é um só: cada vez dar mais qualidade de vida aos atendidos.
E qual a importância da APAE na sua vida?
Eu digo que aprendi muito. E trouxe muitas alegrias para mim também. Nós tivemos um corpo de diretoria que teve maior afinidade, fizemos amizade nessa equipe, com muita harmonia. Trabalhamos sempre todos unidos, produzindo o que cada um tem de expertise. E também eu fico muito feliz pela qualidade dos funcionários que nós temos, dos coordenadores. Eu me sinto muito bem aqui. E, com isso, você consegue produzir mais e melhor. Só tenho a agradecer a todos que, nesse período todo, contribuíram com a nossa APAE, contribuíram comigo e com a nossa diretoria, e tenho certeza de que o próximo presidente vai fazer uma ótima gestão.