Lei Seca completa 12 anos com saldo de pelo menos 41 mil vidas salvas no Brasil

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  • Publicado em 19 de junho de 2020 às 19:50
  • Modificado em 8 de outubro de 2020 às 20:52
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Em 2010, o consumo de álcool representava a segunda causa das mortes no trânsito. Hoje, é a quarta

Alysson Coimbra de Souza Carvalho é coordenador da Mobilização de Médicos e Psicólogos Especialistas em Tráfego do Brasil (Foto: Divulgação)

A
Lei Seca, que
aplicou a tolerância zero para motoristas que dirigem sob efeito do álcool, está completando 12 anos, ostentando
uma redução de pelo menos 14% das mortes no trânsito.

Em 2010, o consumo de
álcool representava a segunda causa das mortes no trânsito. Hoje, é a quarta.

“O caráter punitivo e a tolerância
zero para a alcoolemia foram fundamentais para a mudança deste cenário e a
expectativa é que, cada vez mais, o álcool desapareça deste ranking triste de
acidentes”
, avalia Alysson Coimbra de Souza Carvalho,
coordenador da Mobilização de Médicos e Psicólogos Especialistas em Tráfego do
Brasil.

Apesar
do consumo de álcool estar entre uma das principais causas de acidentes viários
no mundo, poucos países implantaram a tolerância zero para o consumo de bebidas
na direção. 

Alysson Coimbra, que é médico especialista em Medicina do Tráfego,
diz que a lei brasileira é exemplar e que o que falta é ampliar a fiscalização
para atingir metas mais agressivas de segurança viária. 

“Não há o que mexer na lei, ela atende
bem. O que precisamos é ampliar a fiscalização nas vias de todo o Brasil,
ampliar essa ação para além do eixo Rio-São Paulo. O governo precisa investir
na fiscalização seja mais efetiva em todos os estados brasileiros. Este é o
caminho para salvar ainda mais vidas”
, afirma.

O
coordenador ressalta que, além do bafômetro, a lei estabelece outras formas de
comprovar que um motorista consumiu álcool. 

“A lei evoluiu justamente para suprir a dificuldade da
compra de bafômetros, estabelecendo que outros elementos de fiscalização são
aceitáveis: vídeos, exame de sangue e avaliação clínica pela autoridade de
fiscalização. Falta de etilômetro não é desculpa para não fiscalizar”
,
diz o médico.

Histórico

Até 2008, o Brasil
não possuía qualquer legislação que reprimisse o consumo de álcool na direção. 

“O alto número de mortes e acidentes
mobilizou a sociedade civil, representada pela Abramet (Associação Brasileira
de Medicina do Tráfego), que iniciou um trabalho de conscientização junto à
classe política para a redação de um projeto de lei que coibisse a prática”
,
lembra o coordenador da Mobilização. 

O projeto do deputado Hugo Leal (PSC) foi
aprovado e entrou em vigor ainda em 2008. “Uma nova mobilização da sociedade conseguiu que, em
dezembro de 2012, fosse estabelecida a alcoolemia zero, um marco histórico da
Lei Seca. Não existe tolerância com motorista alcoolizado”
,
afirma.

Para
reduzir ainda mais as mortes, em abril de 2018, as imposições da Lei Seca
ficaram ainda mais rigorosas. 

“O
cerco se fechou ainda mais com a mudança no Código de Trânsito Brasileiro
definindo que o motorista que dirigir bêbado e causar acidente com morte será
enquadrado no crime de homicídio culposo (pena de prisão de cinco a oito anos)”
,
avalia Carvalho.

Para
se ter uma ideia do impacto dessa legislação sobre a segurança viária
brasileira, um estudo do Centro de Pesquisa e Economia do Seguro (CPES) revelou
que, entre 2008 e 2016, a Lei Seca teria evitado a morte de quase 41 mil
pessoas.

O especialista em Medicina do
Tráfego destaca, no entanto, que a Lei Seca, sozinha, não vai deixar o trânsito
mais seguro.

“Os
governantes precisam entender que é preciso usá-la como exemplo para a
elaboração de leis efetivas que reduzam significativamente o número de mortes e
acidentes no Brasil, nunca se esquecendo também da importante contribuição de
Médicos e Psicólogos Especialistas em Tráfego na luta pela preservação de vidas
no trânsito do Brasil ”
, conclui o especialista.


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